O método canguru! Por: Fernanda Coelho

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canguruHistórico

O Método Canguru surgiu em Bogotá, Colômbia, no ano de 1979, no Instituto Materno Infantil de Bogotá. Esse método visava reduzir os custos da assistência perinatal e promover, por meio do contato pele a pele precoce entre a mãe e o seu bebê, maior vínculo afetivo, maior estabilidade térmica e melhor desenvolvimento.

No Brasil, a prática vem sendo gradativamente adotada e os primeiros relatos são da década de 1990, com o Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP) e o Hospital Guilherme Álvaro em Santos/SP. Em 1999, o IMIP sediou o 1º Encontro Nacional Mãe Canguru.

A legislação acompanhou o estabelecimento do Método Canguru e, em julho do ano 2000, foi publicada a Portaria SAS/MS n. 693, aprovando a Atenção Humanizada ao Recém‑Nascido de Baixo Peso – Método Canguru. Posteriormente, em 12 de julho de 2007, essa portaria foi atualizada com a publicação da Portaria SAS/MS n. 1.683. Em 2013, o Ministério da Saúde (MS) publicou o Manual Técnico de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru.

Vamos resumir as principais informações acerca desse tema, trazendo os pontos principais que te ajudarão no processo de aprovação. Prontos (as)? Então, vamos lá!

Definição

O Método Canguru é um modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado humanizado que reúne estratégias de intervenção biopsicossocial. É desenvolvido em três etapas e tem como ponto fundamental o contato pele a pele, que começa com o toque, evoluindo até a posição canguru. Inicia-se de forma precoce e crescente, por livre escolha da família, pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente. Esse Método permite uma maior participação dos pais e da família nos cuidados neonatais.

Esse método está descrito nas normas gerais da Portaria n. 1.683/2007. A adoção desse método visa a uma mudança na abordagem do recém-nascido de baixo peso, implicando em hospitalização. O Ministério da Saúde esclarece que essa metodologia não é uma forma de economizar recursos humanos ou substituir as unidades de terapia intensiva e reafirma a necessidade de suporte assistencial de uma equipe treinada.

Vantagens:

  • Aumenta o vínculo mãe-filho;
  • Reduz o tempo de separação mãe-filho;
  • Melhora a qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psicoafetivo do recém-nascido de baixo peso.
  • Estimula o aleitamento materno, permitindo maior frequência, precocidade e duração;
  • Permite um controle térmico adequado;
  • Favorece a estimulação sensorial adequada do recém-nascido;
  • Contribui para a redução do risco de infecção hospitalar;
  • Reduz o estresse e a dor dos recém-nascido de baixo peso;
  • Propicia um melhor relacionamento da família com a equipe de saúde;
  • Possibilita maior competência e confiança dos pais no manuseio do seu filho de baixo peso, inclusive após a alta hospitalar;
  • Contribui para a otimização dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva e de Cuidados Intermediários devido à maior rotatividade de leitos.

Atribuições da equipe de saúde:

  • Orientar a mãe e a família em todas as etapas do método;
  • Oferecer suporte emocional e estimular os pais em todos os momentos;
  • Encorajar o aleitamento materno;
  • Desenvolver ações educativas abordando conceitos de higiene, controle de saúde e nutrição;
  • Desenvolver atividades recreativas para as mães durante o período de permanência hospitalar;
  • Participar de treinamento em serviço como condição básica para garantir a qualidade da atenção;
  • Orientar a família na hora da alta hospitalar, criando condições de comunicação com a equipe, e garantir todas as possibilidades já enumeradas de atendimento continuado.

População a ser atendida:

  • Gestantes de risco para o nascimento de crianças de baixo peso;
  • Recém-nascidos de baixo peso;
  • Mãe, pai e família do recém-nascido de baixo peso.

As Etapas de Aplicação do Método

Primeira etapa:

Inicia-se antes do nascimento do bebê pré-termo ou de baixo peso. Nessa fase, é necessário identificar as gestantes que apresentam risco desse acontecimento. A futura mãe deve, então, receber orientações e cuidados específicos, sendo encaminhada para os cuidados de referência. Compreende o pré-natal da gestação de alto risco, seguido da internação do recém-nascido na Unidade Neonatal.  

Nessa etapa, os procedimentos deverão seguir os seguintes cuidados especiais:

  • Acolher os pais e a família na Unidade Neonatal;
  • Esclarecer sobre as condições de saúde do recém-nascido e sobre os cuidados dispensados, sobre a equipe, as rotinas e o funcionamento da Unidade Neonatal;
  • Estimular o livre e precoce acesso dos pais à Unidade Neonatal, sem restrições de horário;
  • Propiciar, sempre que possível, o contato com o bebê;
  • Garantir que a primeira visita dos pais seja acompanhada pela equipe de profissionais;
  • Oferecer suporte para a amamentação;
  • Estimular a participação do pai em todas as atividades desenvolvidas na Unidade;
  • Assegurar a atuação dos pais e da família como importantes moduladores para o bem-estar do bebê;
  • Comunicar aos pais as peculiaridades do seu bebê e demonstrar continuamente as suas competências;
  • Garantir à puérpera a permanência na unidade hospitalar pelo menos nos primeiros cinco dias, oferecendo o suporte assistencial necessário;
  • Diminuir os níveis de estímulos ambientais adversos da unidade neonatal, tais como odores, luzes e ruídos;
  • Adequar o cuidar de acordo com as necessidades individuais comunicadas pelo bebê;
  • Garantir ao bebê medidas de proteção do estresse e da dor;
  • Utilizar o posicionamento adequado do bebê, propiciando maior conforto, organização e melhor padrão de sono, favorecendo assim o desenvolvimento;
  • Assegurar a permanência da puérpera, durante a primeira etapa;
  • Auxílio transporte, para a vinda diária à unidade pelos Estados e/ou Municípios;
  • Refeições durante a permanência na unidade pelos Estados e/ou Municípios;
  • Assento (Cadeira) adequado para a permanência ao lado de seu bebê e espaço que permita o seu descanso;
  • Atividades complementares que contribuam para melhor ambientação, desenvolvidas pela equipe e voluntários.

Segunda Etapa

Na segunda etapa, o bebê permanece de maneira contínua com sua mãe, e a posição canguru será realizada pelo maior tempo possível. Esse período funcionará como um “estágio” pré-alta hospitalar.

São critérios de elegibilidade para a permanência nessa etapa:

Do bebê

  • Estabilidade clínica;
  • Nutrição enteral plena (peito, sonda gástrica ou copo);
  • Peso mínimo de 1.250g.

Da mãe

  • Desejo de participar, disponibilidade de tempo e de rede social de apoio;
  • Consenso entre mãe, familiares e profissionais da saúde;
  • Capacidade de reconhecer os sinais de estresse e as situações de risco do recém-nascido;
  • Conhecimento e habilidade para manejar o bebê em posição canguru.

Nesta etapa, deve ser permitido o afastamento temporário da mãe de acordo com suas necessidades. A evolução clínica e o ganho de peso devem ser acompanhados diariamente, sendo que cada serviço deve utilizar rotinas nutricionais de acordo com as evidências científicas atuais. O texto ressalta, ainda, que o uso de medicações orais, intramusculares ou endovenosas intermitentes não contraindicam a permanência nessa etapa.

Terceira etapa

Se inicia com a alta hospitalar, e exige acompanhamento ambulatorial criterioso do bebê e de sua família até que o bebê atinja o peso de 2.500g.

São critérios para a alta hospitalar com transferência para a 3ª etapa:

  • Mãe segura, psicologicamente motivada, bem orientada e familiares conscientes quanto ao cuidado domiciliar do bebê;
  • Compromisso materno e familiar para a realização da posição pelo maior tempo possível;
  • Peso mínimo de 1.600g;
  • Ganho de peso adequado nos três dias que antecederem a alta;
  • Sucção exclusiva ao peito ou, em situações especiais, mãe e família habilitados a realizar a complementação;
  • Assegurar acompanhamento ambulatorial até o peso de 2500g;
  • A primeira consulta deverá ser realizada até 48 horas da alta e as demais no mínimo uma vez por semana;
  • Garantir atendimento na unidade hospitalar de origem, a qualquer momento, até a alta da terceira etapa.

As atribuições do ambulatório de acompanhamento compreendem:

  • Realizar exame físico completo da criança tomando como referências básicas o grau de desenvolvimento, o ganho de peso, o comprimento e o perímetro cefálico, levando-se em conta a idade gestacional corrigida;
  • Avaliar o equilíbrio psicoafetivo entre a criança e a família e oferecer o devido suporte;
  • Apoiar a manutenção de rede social de apoio;
  • Corrigir as situações de risco, como ganho inadequado de peso, sinais de refluxo, infecção e apneias;
  • Orientar e acompanhar tratamentos especializados;
  • Orientar esquema adequado de imunizações.

O seguimento ambulatorial deve apresentar as seguintes características:

  • Ser realizado por médico e/ou enfermeiro, que, de preferência, tenha acompanhado o bebê e a família nas etapas anteriores;
  • O atendimento, quando necessário deverá envolver outros membros da equipe interdisciplinar;
  • Ter agenda aberta, permitindo retorno não agendado, caso o bebê necessite;
  • O tempo de permanência em posição canguru será determinado individualmente por cada díade;
  • Após o peso de 2.500g, o seguimento ambulatorial deverá seguir as normas de crescimento e desenvolvimento do Ministério da Saúde.

Agora que você já conhece os pontos principais a respeito das três fases do Método Canguru, vejamos como isso pode ser cobrado em prova. Preparado (a)?

DIRETO DO CONCURSO

(AOCP/EBSERH/2015) São critérios para a indicação do método canguru para o recém-nascido de baixo peso:

a) Estabilidade clínica do recém-nascido, nutrição enteral plena e peso mínimo de 2 kg.

b) A mãe ter desejo em participar, receber apoio da rede social e familiar, além de ter a capacidade de reconhecer os sinais de estresse e as situações de risco do recém-nascido; peso do recém-nascido estar entre 1.100g e 2.150g.

c) Estabilidade clínica do recém-nascido, nutrição enteral plena, peso mínimo de 1.250 g; a mãe ter desejo em participar, receber apoio da rede social e familiar, além de ter a capacidade de reconhecer os sinais de estresse e as situações de risco do recém-nascido.

d) Ser empregado em instituições públicas, por receber um maior número de recém-nascidos de baixo peso.

e) A mãe ter depressão pós-parto, desejo em participar, receber apoio da rede social e familiar, além de ter a capacidade de reconhecer os sinais de estresse e as situações de risco do recém-nascido.

COMENTÁRIO

Essa questão traz os critérios de elegibilidade para a segunda fase do Método Canguru, que estão no corpo do artigo.

Gabarito: c.

(IBFC/Prefeitura de São Paulo/2016) O Método Canguru foi idealizado em 1978 na Colômbia e trazido para o Brasil em 1991, sendo que no ano de 2000, o Ministério da Saúde, normatizou este método como assistência humanizada ao recém-nascido de baixo peso. Considerando o Método Canguru, leia as frases abaixo e a seguir assinale a alternativa correta.

I.Consiste em manter o recém-nascido levemente vestido em decúbito prono, na posição vertical e contra o peito de um adulto.

II. Este método tem a vantagem de criar e fortalecer o vínculo afetivo.

III. Este método não permite o aleitamento materno.

IV. Este método contribui para a redução da morbidade do recém-nascido.

A) As frases I, II, III e IV estão corretas.

B) As frases I,II e IV estão corretas

C) Apenas a frase II está correta.

D) Apenas a frase IV está correta.

E) As frases I, III e IV estão corretas.

COMENTÁRIO

Segundo o manual do MS, de 2013, o vestuário da criança deve ser “apenas fralda, toucas, luvas e meias. Uma camiseta poderá ser utilizada se a mãe desejar, porém a abertura deverá ser colocada na frente, permitindo o contato pele a pele.” Além disso, o método permite o fortalecimento do vínculo afetivo, reduz a morbidade e contribui para o aleitamento materno.

Gabarito b.

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Um abraço e até a próxima.

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Fernanda Coelho
Graduada e licenciada pela Universidade Federal de Goiás em Enfermagem. Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho. Atuou por oito anos no programa de ortopedia e reabilitação infantil do no Hospital Sarah. Nomeada duas vezes na SES-DF, onde hoje atua como coordenadora da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal. Autora do livro “A Encantadora de Palavras”, pela editora Literata e do blog de mesmo nome.

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