Eu sei que o título do artigo desta semana é polêmico; no entanto, se você chegou até aqui, ele cumpriu a sua missão! Obviamente, não tenho a pretensão de questionar o que a sábia natureza faz todos os dias, mas espero esclarecer alguns questionamentos relacionados a este verbo.
Do ponto de vista linguístico, a resposta à minha pergunta é depende. Vamos entender por quê.
Em uma construção como “chove bastante em Brasília nesta semana”, temos – além de uma verdade – o verbo “chover” em seu sentido denotativo, ou seja, “cair água em gotas da atmosfera”, conforme registra o renomado dicionário Aurélio. No caso apresentado, esse verbo é classificado pela gramática como impessoal, que é o mesmo que não admitir sujeito (a famosa oração sem sujeito); portanto, “chover”, nessa oração, só pode ficar no singular.
Já em orações como “chovem reclamações aos políticos”, “choveu bala durante o confronto” ou “choverão pétalas após a homenagem”, o emprego figurado do verbo (com o sentido de cair ou sobrevir em abundância) faz com que a análise seja diferente: “chover”, nessas ocorrências, passa a ser verbo pessoal, que significa admitir sujeito e, por isso, estabelecerá concordância. Nos três exemplos, os núcleos dos sujeitos são, respectivamente, “reclamações”, “bala” e “pétalas”.
Agora, faço uma pergunta: na construção “choveu granizo em Brasília”, o verbo é impessoal ou pessoal?
Pela lógica da vida, é fácil entender última ocorrência do verbo “chover” como impessoal, uma vez que é patente a percepção de um fenômeno natural; todavia, do ponto de vista linguístico, a situação não é essa. Entende-se que esse emprego também é figurado, com o sentido de “’cair da atmosfera”! Assim, o verbo “choveu” é pessoal! Agora, você deve estar com uma dúvida na sua cabeça: e quem é o sujeito, Elias? “Granizo”, eu te respondo!
Em síntese, qualquer verbo que indique um fenômeno da natureza só é tido como impessoal quando ele, sozinho, descreve todo o evento. No último exemplo apresentado, o que acontece é diferente, uma vez que “granizo” contribui com o sentido do verbo.
Viu como é simples? É como eu sempre digo: o português é lógico; o resultado é que não é exato!
Elias Santana
Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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Só se classifica um verbo que indica fenômeno meteorológico como impessoal em sentido literal. Quando usado em sentido metafórico, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Um concurseiro inexperiente lê uma frase como ‘choveram reclamações durante a reunião’, entende chover como fenômeno da natureza e já classifica o verbo como impessoal e entende o sujeito como São Pedro