A grama do vizinho parece estar sempre mais verde que a sua? A julgar pelo Instagram dos amigos, a vida de todo mundo é perfeita, menos a sua? Você se acha um fracasso quando lembra que muita gente com metade da sua idade ganha três vezes mais que você? Enfim, os outros estão muitíssimo bem em praticamente todas as esferas da vida, enquanto você segue tentando, e tentando, e tentando?
Ora, isso não poderia estar mais distante da verdade, amigo leitor. Comparações em geral são uma armadilha. É que as pessoas cuidam melhor da parte do terreno que é vista da rua, assim como filtram muito bem o que publicarão nas redes sociais e escolhem qual faceta da vida deixarão os outros ver – geralmente optam pela que tem o verniz do sucesso, é claro. Do lado de cá, com base na realidade parcial e artificialmente colorida que conseguimos enxergar, imaginamos todo o resto como se carregasse as mesmas tintas da perfeição. Deixamos, assim, de focar o que é de fato importante: a construção da nossa biografia.
Já alertava o ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt: “A comparação é a ladra da alegria”. O custo de se medir pela régua alheia é alto e potencialmente irreversível. Quando vivemos sob a óptica do outro, nossas lentes ficam sujas, desfocadas, condicionadas a enxergar meias verdades. Tomamos conhecimento só das alegrias, jamais das lutas, e nem sequer imaginamos o que ficou para trás, os nãos que foram ouvidos… Ou seja, embora nossa visão alcance uma pequena parcela da vida da pessoa, somos levados a acreditar que o todo é igual àquela diminuta parte.
Quem, ao observar as fotos do fim de semana relaxante de um influencer digital, não compara com o seu, que não passou de uma correria entre tarefas domésticas acumuladas ao longo da semana? É impossível não se sentir frustrado e até com um pouquinho de inveja, concorda? Mas você sabia que há influencers na internet com milhões de seguidores e nenhum contato com a família ou os amigos? Muitos não falam com os pais há meses, e outros tantos não vivem em comunhão real com o parceiro ao lado de quem sempre estão nas fotos postadas. Então qual é o significado de todas as lindas imagens ao pôr do sol ou com close nas mãos dadas, se tudo não passa de realidade forjada? É o paradoxo de quem é muito conhecido por estranhos e pouco por quem deveria ser próximo.
Se a mera comparação com gente assim, feliz só nas aparências, pode ser bem nociva, a inspiração nos modelos certos, por outro lado, é salutar. A influência de pessoas que de fato são bem-sucedidas e aliam integridade e resiliência revigora e estimula a seguir em frente mesmo quando os desafios são grandes. Mas veja bem: trata-se de inspiração, não de comparação inútil.
“Qual é a diferença?”, você deve estar se perguntando. É fácil perceber. Na comparação frívola, não se encara o suposto modelo como algo a ser perseguido, mas como prova da nossa incapacidade. Olhamos e pensamos: “Nossa, como sou incompetente”. Nutrimos nossa síndrome do impostor e concluímos que não somos bons como os outros pensam – ou como esperam de nós.
A pressão social para que sejamos únicos potencializa esse pensamento tóxico. Embora todos sejamos insubstituíveis – afinal, só existe um de nós –, é da nossa cultura a cobrança para deixarmos nossa marca no mundo. Não à toa, temos números recordes de depressão e ansiedade, mesmo com a maior indústria do entretenimento que o mundo já viu. A comparação nos leva para baixo como se fôssemos indignos, diferentemente da inspiração, que nos ergue ao reacender a chama da possibilidade, do talvez, por meio de exemplos reais. É pensar que o fato de alguém ter mais do que você não lhe é prejudicial em absolutamente nada. Em vez disso, só mostra que, com coragem, força e determinação, você também pode chegar lá.
Dou tanto valor a esse tipo de inspiração, que criei, no YouTube, o canal Imparável, cujo propósito é basicamente… inspirar. Lá, somam-se mais de 130 histórias protagonizadas por gente que, antes de alcançar o sucesso, teve de encarar muita frustração. Essas pessoas, todas de carne e osso, tomaram decisões equivocadas, erraram, falharam, se viram obrigadas a retroceder alguns metros na caminhada a fim de pegar outro caminho… Enfim, tentaram, tentaram e tentaram mais um pouco, até que as portas finalmente se abriram para elas.
Tudo bem que todos temos só uma chance na Terra, mas nem por isso estamos presos à vida que construímos até agora. Precisamos nos reinventar, aprender com os outros, inspirados neles, mas não nos comparando com eles. Digo por mim: já me reinventei inúmeras vezes. Recentemente, me reinventei no novo papel de esposo. Na empresa, venho me reinventando sempre, a cada nova fase dela. E reinvento-me semanalmente para escrever artigos como este.
O que estou dizendo, concurseiro, é que cabe a você iniciar a mudança, sendo você mesmo um dia depois do outro. Se não sabe por onde começar, busque boas fontes de inspiração. Só não queira, por favor, ser a pessoa que o inspira. Trate de ser original até nos erros cometidos, definindo você mesmo sua trajetória.
Parece óbvio, mas compreender o que você quer, aquilo que realmente quer, é o primeiro passo a ser dado. Certifique-se, pois, quando estiver conversando consigo próprio, se cada um dos seus desejos, metas e objetivos se alinha com quem você é de fato, em vez de com seu ego contaminado por comparações inúteis. O ego, meu caro, é seu inimigo. A motivação para avançar deve refletir seu desejo sincero de melhorar de vida. Nessa busca, é importante ter certeza de que seus desejos são seus mesmo, e não de algum conhecido ou pautados no que a sociedade tenta impor. A meta tem de ser verdadeira, genuína.
Portanto, muito cuidado ao escolher seus modelos. E saiba que sempre, por mais que sua fonte de inspiração tenha boas intenções, você estará vendo só um corte da vida dela. Um único frame, selecionado de um único momento. Se nem mesmo uma câmera filmando as 24 horas do dia de alguém conseguiria capturar a complexidade do ser humano, o que dizer de um único instante divulgado na internet?
Enfrente a vida, a dor, os medos, os traumas, sem deixar nenhum caminho por trilhar. Os momentos mais memoráveis costumam ser os difíceis, não os fáceis. Vale a pena, no fim, ter superado o desafio, assim como valeu, no início, buscar o desafio em si. Portanto, seja a pessoa que você quer ser e se orgulhe disso. Aja um dia depois do outro inspirado no modelo de pessoa que você admira. Vista as roupas do seu futuro. Quando você conhecer quem você estava sendo preparado para ser, certamente não vai querer ser ninguém mais.
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