Olá pessoal! Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas e faço parte do time de professores do Gran Concursos.
Neste artigo vou apresentar para vocês os critérios mais atuais para diagnóstico de diabetes mellitus (DM), pois como gosto de brincar, esse é um tema que não cai em prova… DESPENCA! Então vamos ver alguns pontos muito importantes!
Inicialmente quero relembrar para você o que é esta doença: O DM é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de produção de insulina pelo pâncreas e/ou da incapacidade e/ou da insulina de exercer adequadamente seus efeitos. Lembra qual é o principal papel da insulina? Retirar a glicose da corrente sanguínea e fazer com que ela adentre as células para gerar energia. Assim, podemos dizer que a insulina é um hormônio hipoglicemiante e, se no DM ela está em falta ou não exerce adequadamente seus efeitos, o resultado principal será a hiperglicemia permanente.
Assim, as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes são muito específicas em afirmar que o diagnóstico de DM deve ser estabelecido pela identificação de hiperglicemia. Para isto, podem ser usados a glicemia plasmática de jejum, o teste de tolerância oral à glicose (TOTG) e a hemoglobina glicada (A1c).
Vale lembrar que considera-se como jejum para a realização da glicemia de jejum, a cessação de ingestão calórica por ≥ 8 horas. Além disso, no TOTG, após a coleta do sangue em jejum, o paciente recebe uma sobrecarga oral equivalente a 75g de glicose anidra diluída em água para elevar a glicemia e avaliar a capacidade da insulina em retornar este índice a níveis mais baixos dentro das próximas 2 horas.
Em relação à hemoglobina glicada vale destacar que o teste já que é resultado da “glicação” das cadeias de globina (proteínas) da molécula de hemoglobina. A glicação envolve uma ligação não enzimática e irreversível entre proteínas e açúcares redutores como a glicose. Assim, a irreversibilidade desta ligação faz com que em situações de hiperglicemia, a hemoglobina do paciente seja “tatuada” pela glicose e, portanto, a glicemia média de todo o período de vida do glóbulo vermelho, que é de aproximadamente 120 dias, possa ser estimada.
A seguir, temos os critérios laboratoriais apresentados para diagnóstico não apenas de DM, mas também do estado chamado de pré-diabetes, no qual a hiperglicemia ainda não é elevada o suficiente para caracterizar a DM, mas já ocorre uma alteração do metabolismo, que pode evoluir para DM tipo 2.
Não podemos esquecer das limitações metodológicas destes métodos, como por exemplo:
- A glicemia de jejum necessita, obviamente, desta condição de cessação de ingestão calórica por ≥ 8 horas, nem sempre bem aceita e seguida pelos pacientes, além de sofrer interferências decorrentes de condições agudas e possuir menor taxa de reprodutibilidade quando comparadas à HbA1c;
- O TOTG é oneroso, desconfortável e consome mais tempo;
- A HbA1c tem maior custo e não leva em conta a variabilidade individual no fenômeno de glicação proteica (reduzida em casos de hemoglobinopatias, por exemplo), além de ter menor sensibilidade diagnóstica do que os outros métodos.
Por estas razões, e ainda com o intuito de não postergar o início de tratamento em situações agudas, na presença de sintomas inequívocos de hiperglicemia, as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes recomendam que o diagnóstico seja realizado apenas por meio de glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dl.
Em contraste, em algumas situações, como por exemplo no caso de indivíduos com 45 anos ou mais (mesmo sem fatores de risco) ou de indivíduos com sobrepeso/obesidade que tenham pelo menos um fator de risco adicional para DM2, é recomendado realizar o rastreamento, ainda que estes pacientes sejam assintomáticos. Nestes casos, torna-se padronizado que dois dos critérios abaixo estejam alterados para se estabelecer o diagnóstico de DM. Se somente um exame estiver alterado, este deverá ser repetido para confirmação.
- glicemia plasmática de jejum maior ou igual a 126 mg/dL;
- glicemia duas horas após uma sobrecarga de 75 g de glicose igual ou superior a 200 mg/dL;
- HbA1c maior ou igual a 6,5%.
Finalmente, as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes sugerem ainda que a repetição do rastreamento para DM e pré-diabetes seja considerada em intervalos de, no mínimo, três anos. Intervalos mais curtos podem ser adotados quando ocorrer ganho de peso acelerado ou mudança nos fatores de risco. Além disso, em adultos com exames normais, porém mais de um fator de risco para DM2, deve ser considerado repetir o rastreamento laboratorial em intervalo não superior a 12 meses.
Caso você deseje conferir a íntegra do conteúdo, deixo o link para você: https://diretriz.diabetes.org.br/diagnostico-e-rastreamento-do-diabetes-tipo-2/. É um material excelente, vale a pena a leitura, ok?
Com essa valiosa atualização, vou ficando por aqui! Espero que tenha gostado do conteúdo e que continue estudando com o Gran Concursos para conquistar sua vaga dos sonhos! Temos cursos on line voltados exclusivamente para editais das principais residências e concursos, civis e militares, do Brasil. Um forte abraço e bons estudos!
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