“A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de genialidade.” – Sun Tzu
Estamos diante do maior concurso público da história do nosso país: são 1.645.975 inscritos para a seleção do Banco do Brasil, disputando 4.480 vagas. Antes desse, apenas três certames – da CAIXA, do INSS e dos Correios – haviam ultrapassado a marca de um 1 milhão de candidatos. Muita gente fica assustada com tais números, mas sabe o que eles significam para um concurseiro sério? NADA. Primeiro, porque ele só precisa de UMA vaga para mudar de vida. Segundo, porque as abstenções em seleções desse porte, com taxa de inscrição de R$ 35,00, costumam ser altíssimas, podendo chegar a 40%. Terceiro, porque não mais que 5% a 10% dos que se inscreveram estão mesmo preparados para a disputa. Ou seja, o gigante é bem menor do que parece, e você, eu, nós temos todas as condições para vencê-lo, desde que conheçamos bem o terreno onde será nossa batalha e saibamos usar as armas de que dispomos.
Para início de conversa, vale lembrar que os bons competidores não são, necessariamente, os mais fortes, e sim os que são honestos quanto às próprias fraquezas e diligentes em se fortalecer nas áreas certas. Nem sempre os concorrentes mais inteligentes têm chance maior de sucesso. Pela minha experiência no ramo, importa mais ter humildade para admitir que não sabe tudo e coragem para ir em busca de formas de preencher as lacunas de conhecimento. Os exímios guerreiros reconhecem que são incapazes de fazer tudo, então aceitam – e até procuram – ajuda. Grandes competidores não se veem como grandes; se veem como pessoas vulneráveis, mas, antes de tudo, imparáveis na pretensão de alcançar seus objetivos. São como descreve Sêneca: “O mais poderoso – o mais forte, o mais inteligente, o mais exímio – é aquele que tem poder sobre si mesmo”.
A Bíblia também nos ensina muito por meio de suas histórias. A narrativa sobre Davi e Golias, por exemplo, contida no livro 1 de Samuel 17, ilustra como todos temos a nos assombrar inimigos que parecem impossíveis de vencer. São as contas que não podemos pagar; são as pessoas que fazem questão de nos pôr pra baixo, relembrando o tempo todo nossos erros, fracassos e derrotas; é o medo que insiste em bater à porta; é a gente má, pessimista e difícil de agradar que nos atazana sempre que pode; é aquele colega ingrato que cria armadilhas para nos prejudicar; é o pessoal que passa o tempo inventando mentiras de toda ordem e difundindo crenças derrotistas… Felizmente, porém, temos em nós o espírito de Davi a nos inspirar; somos guerreiros hábeis em lutar para nos defender, em agir de pronto para aguentar a pressão, com resiliência, e avançar.
No caso específico dos concurseiros, os inimigos que impõem medo são, em regra, os recordes de concorrência nos certames e a quantidade quase sobre-humana de conteúdo para estudar em pouquíssimo tempo. Esses são os principais “gigantes” a serem vencidos por quem decidiu mudar de vida ingressando no serviço público. Mas veja bem: se Davi, o pequeno jovem hebreu, sem espada nem lança, sem escudo nem armadura, foi capaz de matar Golias atirando-lhe uma pedra com a funda, qualquer um de nós – amparado em fé crescente – está igualmente apto a, com coragem, fogo no coração e manejando bem os riscos, enfrentar com sucesso tudo e todos que lhe atravessarem o caminho. Até porque, no bornal, sobram pedras para serem arremessadas.
Gosto muito da passagem bíblica sobre o embate entre Davi e Golias. Ela é tão rica, que, a cada leitura, extraímos novas interpretações. Dia desses, numa dessas minhas revisitas, notei algo que não havia percebido antes: não foram só o ímpeto, a coragem e a fé que deram a vitória ao jovem pastor. Embora essas virtudes tenham sido decisivas, houve outra ainda mais relevante: a sabedoria em fazer escolhas. Davi foi ao encontro de Golias com as vestes que usava no pastoreio, munido de um cajado, uma funda e o bornal cheio de pedras. Eram armas simples, mas que ele manipulava com destreza em seu ofício de proteger o rebanho contra predadores como leões e ursos. O jovem abdicou de armas e armaduras tradicionais de guerra. Não quis disputar força com o inimigo num contexto tradicional de luta, no qual a derrota seria certa. Não se vence um inimigo como Golias apenas com a força bruta e os maiores e mais caros instrumentos. Davi sabia disso.
Assim, o jovem concluiu que sua única chance de vitória dependia de três pilares: impedir a aproximação do inimigo – a fim de evitar o combate corpo a corpo, em que a desvantagem seria evidente –, recusar armas tradicionais e, no lugar delas, usar a funda, que Davi conhecia e manipulava como poucos. E foi assim, com sagacidade e mantendo distância segura do inimigo, que o mais fraco derrotou o mais forte.
A lição que fica, caro leitor e querida leitora, é simples: nas batalhas da vida, enfrentaremos muitos gigantes, mas o tamanho deles não deve nos assustar. É preciso manter a objetividade e analisar bem nossas armas e o terreno que pisamos. Temos de explorar nossas qualidades e encontrar meios de fazer o melhor uso delas, não importa a situação. É assim que ajustamos o contexto, numa primeira impressão hostil, revertendo-o a nosso favor.
No mundo dos concursos, isso envolve perspicácia, é claro, mas não só. Exige também humildade do concurseiro para aceitar orientação de quem tem vivência na área, como professores e especialistas. Sendo bem pragmático, são eles que sabem o que tem maior probabilidade de cair nas provas. São eles, ainda, que reúnem condições de oferecer uma preparação adequada, sistematizada e no tempo certo. É na experiência deles que o candidato deve buscar a melhor tática para, no dia D, fazer o maior número de pontos possível, conforme as regras do edital. É entender e jogar o jogo. Não à toa, Sun Tzu instruiu em seu notório “A Arte da Guerra”: “Conheces teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso. Se ignoras teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas. Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas.”
Nunca subestime o gigante que estiver a sua frente, mas tampouco o tema a ponto de ficar sem reação. Conheça a si mesmo e analise bem a situação, até compreender o desafio posto. Então, estude suas armas e as utilize com sabedoria. O imaginário popular traduz em metáforas o que a história da humanidade ensina: numa batalha, nem sempre o maior vence, mas o menor não tem nenhuma chance enquanto não acreditar que é possível. O primeiro gigante a ser vencido é, portanto, o que paralisa a mente.
Vamos começar a semana derrotando-o?
“Ser sábio é melhor do que ser forte; o conhecimento é mais importante do que a força.” Provérbios 24:5
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