Superando limites

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08 de agosto4 min. de leitura

Três minutos sem oxigênio, três dias sem água, três semanas sem comida, trinta horas sem o sono reparador são alguns limites máximos que o corpo humano suporta antes de sucumbir. Se alguém insistir em ir além, provavelmente terá cometido um erro fatal, a não ser que seja um daqueles raros indivíduos dignos de entrar para o livro dos recordes. É o seu caso? Não é o meu, nem é o da maioria das pessoas.

O interessante é que, da mesma forma que há um grau de tolerância em relação a certas abstenções, também há em relação às ações. Ora, sabe-se que até água em excesso mata, logo não poderia ser diferente em relação ao consumo exagerado de café ou à prática de atividades físicas intensas por alguém sem preparo ou de saúde frágil. O prudente é fazer tudo no tempo e no ritmo certo. Nada de tentar pular etapas. A palavra-chave, aqui, é “respeito”.

Ninguém nega suas limitações físicas e psíquicas. Elas existem e são perfeitamente percebidas por qualquer um de nós, mas não devem ser vistas como barreiras ao desenvolvimento pleno de nosso potencial. Precisam, é claro, ser respeitadas, na medida em que nos alertam para nossa falibilidade, mas também servem para incutir em nós a ânsia por superação. Nada como a adrenalina que experimentamos ao enfrentar um desafio, certo? E nada como superá-lo para ganharmos novo impulso em nossa jornada, não é mesmo?

Um atleta de alto desempenho sabe que precisa de muita disciplina e determinação para ir se superando dia após dia. Ele está atento para os próprios limites, é claro, mas não os teme. Se estiver realmente interessado em passar para o próximo nível em sua escalada, investirá em treinos diários e muito bem planejados, reservando espaço inclusive para o descanso. As dores e a fadiga não servirão de pretexto para ele desistir, mas sinalizarão que é hora de desacelerar um pouco e dar ao corpo e à mente o que eles precisam para se adaptar ao esforço e retomar a marcha: tempo.

É agindo como esse atleta precavido e responsável que tomamos o caminho rumo a novas conquistas. Ouvindo o que diz o corpo e admitindo que tanto ele como a mente se cansam e precisam de boas horas de sono e de nutrição adequada, também nós, reles mortais, nos tornamos ciosos de nós mesmos e do nosso autodesenvolvimento. Após algum tempo, perceberemos, como os mergulhadores profissionais já perceberam, que sempre há uma pequena reserva de oxigênio no corpo para irmos um pouco mais além do que achávamos ser possível.

Em outras palavras, com treino e autocuidado, seguimos dedicando um pouco mais de nós e do nosso esforço a cada novo passo, seja na esfera pessoal, seja na profissional. A aceitação de nossos limites é, por esse ângulo, algo positivo, pois nos capacita a reconhecer quando podemos insistir um pouco mais e quando é hora de realmente parar.

E por que estou falando disso? Porque concurseiros como os que me seguem neste blog são atletas, atletas do estudo. Na condição de profissionais do esporte, precisam conhecer – e respeitar – os próprios limites. Se um esportista incauto insiste em correr uma maratona sem o adequado preparo físico e mental, é muito provável que ganhe apenas novas lesões. Da mesma forma, se um concurseiro novato tenta radicalizar, teimando em estudar 8 horas por dia sem nunca ter feito isso na vida, as chances maiores são de frustração. Talvez ele até consiga cumprir a agenda por alguns dias, mas a probabilidade maior é sofrer de estafa mental e parar por completo os estudos. Logo, o ideal é evoluir aos poucos e ganhar tração à medida que a rotina pesada se torna mais e mais natural. A boa notícia é que com o tempo os limites se expandem, e o que um dia consideramos impossível se torna factível, depois viável e, por fim, real.

Limites, amigo leitor, podem direcionar a um processo de contínuo aperfeiçoamento, desde que devidamente reconhecidos e aceitos. Por outro lado, se negados, fazem é regredir e, na pior das hipóteses, inviabilizam a realização pessoal. Tomo por mim: nas últimas semanas, senti dores no pulso, provável resultado de uma rotina de mais de 12 horas ao computador e 2 treinos diários na academia. Chegou um momento em que tive de descansar dos exercícios por alguns dias, além de aplicar gelo e medicação no local dolorido. Só mais tarde pude retomar as atividades, agora acrescidas de um trabalho de fortalecimento e alongamento específico para a região. Em outras palavras, fui obrigado a respeitar o meu limite, mas ao mesmo tempo estou tentando ampliá-lo a fim de que episódios semelhantes não aconteçam.

É assim nas pequenas coisas da vida, e é assim também nas grandes: se algumas portas se fecham, outras se abrem; se há momentos ou fatos que poderiam representar o fim, há também aqueles que se convertem em impulso para novas iniciativas. Em termos práticos – e agora me dirijo especificamente ao leitor concurseiro –, sucessivas reprovações podem, na verdade, sinalizar que você está mais próximo da posse no cargo dos sonhos. Tudo depende de como a tal da fronteira é percebida e interpretada por você: como uma limitação insuplantável ou como um desafio a ser superado com técnica e método. Talvez seja hora de rever seu planejamento, seu ritmo, suas prioridades?

Seja como for, o fato é que, ao superar o primeiro limite traçado, outro se colocará no caminho. Significa que um competidor nunca estará totalmente pronto, mas será isso ruim? Penso que não. Cientes de que somos mesmo humanamente limitados, resta-nos seguir buscando a superação. É o que nos faz vivos, afinal. Do contrário, a vida seria bem sem graça, concorda?

“Os únicos limites das nossas realizações de amanhã são as nossas dúvidas e hesitações de hoje.” – Franklin Roosevelt (1882-1945), presidente dos EUA por 12 anos.

 

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