Dando sequência a nossa conversa sobre Gerência de Projetos e a forma como essa disciplina é cobrada nos concursos públicos, neste artigo vou apresentar a você o Guia PMBOK, a referência mais cobrada nos editais de concursos, sobre a temática de Gerência de Projetos.
O Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project Management Institute – PMI), que publica o PMBOK, define o Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (PMBOK) como um termo que descreve o conhecimento no âmbito da profissão de gerenciamento de projetos. O conhecimento em gerenciamento de projetos inclui práticas tradicionais comprovadas amplamente aplicadas, bem como práticas inovadoras que estão surgindo na profissão. Complementarmente, o conjunto de conhecimentos (BOK) inclui materiais publicados e inéditos. Este conjunto de conhecimentos está em constante evolução. O Guia PMBOK identifica um subconjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos geralmente reconhecidos como boas práticas.
Neste momento, é importante abrirmos um “parêntese”, para alinhar expectativas acerca do Guia PMBOK. “Identificar o subconjunto do Conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos, que é amplamente reconhecido como boa prática”, na vida real, quer dizer:
- “Identificar” significa fornecer uma visão geral, e não uma descrição completa.
- “Amplamente reconhecido” significa que o conhecimento e as práticas descritas são aplicáveis à maioria dos projetos, na maior parte do tempo, e que existe um consenso em relação ao seu valor e a sua utilidade.
- “Boa prática” significa que existe acordo geral de que a aplicação correta dessas habilidades, ferramentas e técnicas pode aumentar as chances de sucesso em uma ampla série de projetos diferentes.
E atenção! Definições apresentadas nesse “parêntese” já foram cobradas em provas!
Esse parêntese foi importante para desconstruirmos um grande equívoco nesse assunto: o Guia PMBOK NÃO É uma metodologia, pois ele agrupa práticas descritivas (como um guia ou padrão deve fazer) e não prescritivas (como seria uma receita de bolo). Uma metodologia é um sistema de práticas, técnicas, procedimentos e regras. O Guia PMBOK é APENAS uma base sobre a qual as organizações PODEM criar metodologias, políticas, procedimentos, regras, ferramentas e técnicas e fases do ciclo de vida necessários para a prática do gerenciamento de projetos.
O Guia PMBOK (atualmente em sua 6ª edição, lançada em 2017), em sua Parte I, aborda, de fato, o GUIA DO CONHECIMENTO EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS. A Parte II do Guia PMBOK apresenta o PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS. O PMBOK baseia-se no Padrão de Gerenciamento de Projetos. Um Padrão é um documento estabelecido por uma autoridade, costume ou consenso geral como um modelo ou exemplo. Como Padrão do American National Standards Institute (ANSI), o PMBOK foi desenvolvido utilizando um processo baseado nos conceitos de consenso, abertura, devido processo legal e equilíbrio. O que nos é cobrado nos concursos públicos, em geral, está descrito na Parte I.
A Parte I do PMBOK está dividida em 13 capítulos, a saber:
- Capítulo 1: INTRODUÇÃO, com a visão geral do Guia e seus Elementos Fundamentais (aqui são conceituados projetos, programas e portfólios, exposta a importância do gerenciamento de projetos, além de outros conceitos basilares), temas recorrentes nos concursos.
- Capítulo 2: O AMBIENTE EM QUE OS PROJETOS OPERAM, pontuando sobre Fatores Ambientais, Ativos de Processos Organizacionais e os Sistemas Organizacionais (os ambientes nos quais os projetos acontecem, abordando as estruturas organizacionais), estes muito cobrados em provas.
- Capítulo 3: O PAPEL DO GERENTE DE PROJETOS, definindo a atuação do Gerente de Projetos, sua esfera de influência (com os diversos stakeholders ou partes interessadas) e relacionando as competências do gerente de projetos – assunto “novo”, no qual eu aposto bastante para futuros certames, muito em decorrência da centralidade que as “soft skills” (ou competências comportamentais) vêm conquistando.
Esses três capítulos iniciais abordam o que eu conceituei, em meu artigo anterior aqui no Gran Cursos, como Fundamentos do Gerenciamento de Projetos, sendo responsável por quase 80% das questões das bancas na disciplina de Gerência de Projetos. Na sequência, os demais capítulos do Guia PMBOK abordam cada uma das 10 áreas de conhecimento do Guia:
- Capítulo 4: GERENCIAMENTO DA INTEGRAÇÃO DO PROJETO – Inclui os processos e as atividades necessárias para identificar, definir, combinar, unificar e coordenar os vários processos e atividades de gerenciamento de projetos.
- Capítulo 5: GERENCIAMENTO DO ESCOPO DO PROJETO – Inclui os processos necessários para assegurar que o projeto contemple todo o trabalho necessário, e apenas o necessário, para que o mesmo termine com sucesso.
- Capítulo 6: GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA DO PROJETO – Inclui os processos necessários para gerenciar o término pontual do projeto.
- Capítulo 7: GERENCIAMENTO DOS CUSTOS DO PROJETO – Inclui os processos envolvidos em planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento aprovado.
- Capítulo 8: GERENCIAMENTO DA QUALIDADE DO PROJETO – Inclui os processos para incorporação da política de qualidade da organização com relação ao planejamento, ao gerenciamento e ao controle dos requisitos de qualidade do projeto e do produto para atender as expectativas das partes interessadas.
- Capítulo 9: GERENCIAMENTO DOS RECURSOS DO PROJETO – Inclui os processos para identificar, adquirir e gerenciar os recursos necessários para a conclusão bem-sucedida do projeto.
- Capítulo 10: GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DO PROJETO – Inclui os processos necessários para assegurar que as informações do projeto sejam planejadas, coletadas, criadas, distribuídas, armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas e finalmente organizadas de maneira oportuna e apropriada.
- Capítulo 11: GERENCIAMENTO DOS RISCOS DO PROJETO – Inclui os processos de condução de planejamento, identificação e análise do gerenciamento de risco, planejamento de resposta, implementação de resposta e monitoramento de risco em um projeto.
- Capítulo 12: GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES DO PROJETO – Inclui os processos necessários para comprar ao adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do projeto.
- Capítulo 13: GERENCIAMENTO DAS PARTES INTERESSADAS DO PROJETO – Inclui os processos exigidos para identificar as pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou serem impactados pelo projeto, analisar as expectativas das partes interessadas e seu impacto no projeto, e desenvolver estratégias de gerenciamento apropriadas para o seu engajamento eficaz nas decisões e execução do projeto.
Outra organização possível para o Guia PMBOK é uma divisão lógica de seus processos, conforme ilustrado na figura a seguir, que pode ser classificada de acordo com os 5 grupos de processos (iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento) e as suas 10 áreas de conhecimento (integração, escopo, cronograma, custos, qualidade, recursos, comunicações, riscos, aquisições e partes interessadas).
Nossas aulas aqui no Gran Cursos são fundamentadas no PMBOK, abordando TODOS os 13 capítulos, TODOS os 5 grupos de processos, TODAS as 10 áreas de conhecimento, com TODOS os seus 49 processos (é bacana conhecer esses números, pois as bancas, quando não sabem o que perguntar, cobram algumas quantidades), conhecendo suas entradas, ferramentas, técnicas e saídas. Complementarmente, temos nossos simulados, nossos artigos aqui, além dos intensivos e das entradas ao vivo no YouTube. Todo um arcabouço para que você se prepare adequadamente para as provas.
Bons estudos!
Fernando Escobar – Mestre em Computação Aplicada, na área de pesquisa de Gestão de Riscos, pela Universidade de Brasília (UNB). Especialista em Gestão Pública pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Possui MBA em Planejamento de Serviços de Governo Eletrônico (e-Gov) pela UNA-MG e formação de Tecnólogo em Processamento de Dados pela FATEC/UNESP-SP. Foi servidor público federal do cargo de Analista em Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, entre 2010 e 2016. Exerceu as funções de Coordenador (2013) e Coordenador-Geral de TI da ENAP entre 2014 e 2015; e de Assessor de Governança (2015) e Diretor de TI (2016) no Ministério do Desenvolvimento Social. Desde Agosto/2016 é Analista Judiciário – Especialidade Informática no TRF 1ª Região, lotado inicialmente no Núcleo de Governança de TI – NUGTI, responsável pelo gerenciamento de projetos estratégicos de TI, consolidação e acompanhamento do Plano Diretor de TI, além da proposição de políticas e normativos. Desde Maio/2018 é Supervisor da Seção de Gestão de Sistemas de Informação – SEGSI.
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