Você tem algum parente no Itamaraty

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20 de setembro3 min. de leitura

Quem acompanha nossos artigos já terá lido em algum momento que tomei muito cedo a decisão de ingressar na carreira diplomática. Logo que comecei a falar do assunto, ainda na adolescência, ouvia com frequência a pergunta: “você tem algum parente no Itamaraty?”. Esse questionamento talvez seja menos frequente hoje do que em minha época, quando aqueles que não conheciam bem o trabalho de um diplomata achavam que se tratava quase de uma monarquia. Outros chegavam ao absurdo de supor que quem não conhecesse ninguém no Ministério das Relações Exteriores (MRE) nem teria chance de entrar.

Passado algum tempo, o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) ampliou-se (mais candidatos concorrendo) e tornou-se mais democrático, pois o acesso a informações para a preparação ficou mais barata e acessível, especialmente por conta da internet, em que se oferecem cursos com excelente custo-benefício, com destaque para os do Gran Cursos Online.

Mas, se a dúvida não é mais conhecer algum diplomata para se saber como fazer para ingressar na carreira, permanece outra questão relacionada: que perfil deverá ter o(a) candidato(a) aprovado(a) para tornar-se um(a) profissional bem qualificado(a)?

Esse é outro mito que precisa ser desfeito. Canso de ouvir que os diplomatas devem escrever e falar bem, ter facilidade para línguas, gostar de viajar, ter espírito aventureiro, vir da área de humanas etc. Quem acredita nisso – e não são poucos, mesmo dentro do Itamaraty – acha que a diversidade não é bem-vinda na Casa (jargão utilizado internamente para se referir ao MRE). De acordo com esse entendimento, quem não segue a cartilha do diplomata-padrão estará trilhando o caminho do fracasso e da frustração.

Errado! Há espaço para todos os perfis no Itamaraty. Pessoas com visões e comportamentos distintos dos que tem a maioria são bem-vindas e necessárias. Assim, se você não é advogado ou economista, mas um físico ou músico, seu modo de pensar e sua experiência contribuirão muito para nossa política externa. O mesmo se pode dizer sobre qualquer trajetória prévia no setor privado. Alguns serviços exteriores, como o norte-americano, por exemplo, até estimulam esse vai e vem entre os setores. Isso certamente oxigena as ideias e contribui para o desenvolvimento de novas visões.

E mesmo se você não curte tanto experiências exóticas ou não nasceu para negociar ou falar em público, com certeza haverá atividades na carreira diplomática nas quais seus talentos serão bem aproveitados. E talvez aquilo que você mesmo considere uma deficiência para trazer ao serviço exterior brasileiro possa ser um diferencial que te ajude a encontrar sucesso. Por exemplo: se você é do tipo mais introspectivo e gosta de realizar trabalhos mais previsíveis e burocráticos, a área administrativa do Ministério em Brasília ou de um Posto no exterior terá carência desse tipo de profissional, e poucos querem assumir essas tarefas. É como aquele garoto que, nas peladas de rua, gosta de jogar no gol. Como poucos querem isso, há sempre lugar no time para ele, que muitas vezes é até disputado.

Mas e se você não gostar de viajar? Não seria esse um obstáculo intransponível para o sucesso na carreira diplomática? Pois nem isso é verdade. Conheço diplomatas muito bem-sucedidos que têm exatamente esse perfil. Claro que se você não suportar a ideia de viver no exterior, o melhor será buscar outra profissão, porém muitos não gostam de se deslocar com frequência, mas curtem a ideia de viver um período em determinados países. E existem mesmo alguns poucos que nunca saíram do Brasil e se acomodaram com a perspectiva de não galgar todos os degraus da carreira, pois precisariam de tempo de serviço no exterior para essa promoção. Não há opções proibidas, nem obrigatórias.

Em minha turma do Instituto Rio Branco, éramos 25 novos diplomatas sem que nenhum de nós tivesse parentesco na carreira. E a grande maioria de nós, senão todos, vai muito bem, obrigado. E você? Não tem parente no Itamaraty? Ótimo, seja muito bem-vinda(o)!

Prof.Jean Marcel Fernandes – Coordenador Científico

Nomeado Terceiro-Secretário na Carreira de Diplomata em 14/06/2000. Serviu na Embaixada do Brasil em Paris, entre 2001 e 2002. Concluiu o Curso de Formação do Instituto Rio Branco em julho de 2002. Lotado no Instituto Rio Branco, como Chefe da Secretaria, em julho de 2002. Serviu na Embaixada do Brasil em Buenos Aires – Setor Político, entre 2004 e 2007. Promovido a Segundo-Secretário em dezembro de 2004. Concluiu Mestrado em Diplomacia, pelo Instituto Rio Branco, em julho de 2005. Publicou o livro “A promoção da paz pelo Direito Internacional Humanitário”, Fabris Editor, Porto Alegre, em maio de 2006.


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