“O homem, para ser completo, tem de estudar, trabalhar e lutar.” Sócrates
Como prometemos em nosso último artigo, hoje tentaremos responder esta outra dúvida, também muito comum entre os concurseiros: “É possível ser aprovado em concurso mesmo que o candidato não possa se dedicar exclusivamente aos estudos e precise trabalhar?” Na semana passada, vimos que a conciliação entre estudo e trabalho foi, de longe, a maior dificuldade relatada pelos alunos quando indaguei sobre o tema em minhas redes sociais.
Aqui, no Gran Cursos Online, já tínhamos feito uma investigação sobre isso, por meio de uma entrevista e de um questionário que aplicamos entre nossos alunos que alcançaram as primeiras posições entre os aprovados em alguns dos principais concursos públicos de todo o Brasil. Na época, constatamos que mais de 60% desses candidatos trabalhavam, faziam faculdade ou cursos de pós-graduação e estudavam para concursos públicos, tudo ao mesmo tempo.
Obviamente, há que ter muita força de vontade, organização e planejamento para conciliar tudo isso e, no fim, obter êxito. Em geral, uma necessidade premente de melhorar de vida é o que motiva esses concurseiros a perseverar e, por mérito próprio, seguir firme até serem bem-sucedidos. Cai, assim, o mito de que só passa em concurso quem se dedica exclusivamente aos estudos. Essa é mais uma mentira que se conta para desestimular potenciais concorrentes. Trata-se, aliás, de um mito muito comum, como já relatamos em outro artigo. Confira AQUI.
Embora já dispuséssemos dos dados dessa pesquisa anterior, decidimos perguntar a alguns dos nossos mestres que também são servidores públicos qual foi a receita que eles seguiram para estudar para concurso, tendo de usar grande parte do tempo para garantir o pão de cada dia. Afinal, poucos podem contar com outra pessoa para bancar seus estudos e suas despesas mensais, sobretudo quando se trata de um projeto de médio ou de longo prazo, como é o de passar em concurso.
Nosso professor de Direito Civil para as carreiras jurídicas, Carlos Elias, foi aprovado em primeiro lugar para o cargo de Consultor do Senado – área de Direito Civil – no concurso de 2012. Nessa época, exercia o cargo de Advogado da União e trabalhava no mínimo 40 horas por semana em um cargo de muita responsabilidade e pressão diária. Ele também foi o primeiro a nos responder que “dedicava todos os momentos livres para o estudo”. Nem o horário de almoço escapava: enquanto fazia as refeições, o então concurseiro tinha uma apostila de exercícios como companhia. A cada garfada, lia uma questão e, enquanto mastigava a comida, usava o cérebro para decifrar os enigmas das bancas. E não parava por aí: mesmo quando tinha de viajar, levava na bagagem o caderno de exercícios com questões de provas anteriores.
Carlos conta que também fazia das questões de concurso uma espécie de “jogo” com o qual ao mesmo tempo se divertia, fixava o conteúdo e aprendia. A técnica “contribuía para que a tarefa não ficasse estressante”, relata. Eis aí uma grande verdade: uma das formas de estudar para concurso, sobretudo se você já tem uma boa bagagem, é começar pela resolução de questões e, só depois, recorrer à lei e à doutrina em busca de solução para as charadas. Essa dinâmica torna o estudante mais atento. Fica a dica!
Outro que respondeu prontamente a nossa consulta foi o professor de Direito Constitucional Wellington Antunes. Servidor do MPU, Wellington foi aprovado em diversos concursos, entre os quais o dificílimo certame para Consultor da Câmara dos Deputados, em 2014. Atualmente, seu nome é o segundo na lista de futuros nomeados para o cargo. Ele nos conta que, quando começou a estudar para concursos públicos, teve de se organizar – e muito – para ser capaz de conciliar os estudos com o trabalho. Na época, ele trabalhava em uma loja de shopping e cumpria expediente de aproximadamente 10 horas por dia, às vezes até mais do que isso.
“Eu tinha um foco bem-definido e, em virtude dele, organizei um cronograma de estudo por meio do qual eu sabia exatamente que matéria eu deveria estudar por dia e em que horário ocorreria o estudo. Normalmente, eu estudava pela manhã, das 8h às 12h; e à noite, da 0h às 2h ou 3h. Nos domingos em que eu não estava trabalhando – apenas dois por mês –, estudava 10 horas por dia”, detalha. Durante o expediente, enquanto aguardava o cliente seguinte, lia – em pé mesmo – pequenos resumos, com perguntas e respostas, para absorver melhor o conteúdo. Em síntese, todo segundo disponível era válido para o estudo.
O Doutor Gervásio Meireles, nosso mestre de Direito e Processo do Trabalho e hoje Juiz do Trabalho, também aprovado em diversos concursos de alto nível da área jurídica, foi outro que não deixou de trabalhar para estudar. Ele faz um alerta ao concurseiro: “Conscientize-se de que você nunca terá o tempo de que gostaria. Diante dessa premissa, crie tempo. Coloque no papel todas as atividades e destaque aquelas que serão impossíveis de eliminar. Marque aquelas que poderiam ser reduzidas. Estabeleça prioridades. Desenvolva uma grade horária de maneira a concentrar tarefas e a evitar perda de tempo. E, acima de tudo, tenha um plano B no caso de aparecer um tempo extra para estudar algo. Carregue consigo um livro pequeno ou mesmo um código ou a Constituição Federal para ficar lendo na sala de espera do médico, na fila do banco etc.”
Também não posso deixar de mencionar a história do meu pai, mais um exemplo bastante próximo de alguém que foi à luta em busca da única oportunidade que teve, custasse o que custasse. Trabalhando 8 horas por dia e cursando faculdade à noite, ele desenvolveu sozinho um método de estudo que lhe garantiu a aprovação em 8 concursos públicos, incluindo um primeiro lugar. O método resumia-se ao hábito de estudar diariamente uma hora no almoço e da 0h às 3h da manhã. O diferencial é que meu pai teve uma grande sacada: para não adormecer nas madrugadas de estudo, ele mantinha os pés mergulhados em uma bacia com água gelada.
Para ele, a necessidade de melhorar de vida era muito maior do que a dor de dormir pouco e de trabalhar e estudar tanto. Meu pai vinha de uma família extremamente humilde e morava em um trailer cedido pelo GDF. Os estudos eram o único meio que ele tinha para alcançar uma vida digna. Não havia outra opção a não ser estudar muito e em qualquer horário disponível, ainda que à custa de um esforço sobre-humano em algumas situações. É por causa de histórias como a dele que não me canso de repetir que a qualidade das horas de estudo é muito mais importante do que a quantidade de horas reservadas para vencer os conteúdos do edital.
Com um exemplo como esse na família, eu mesmo não podia ficar atrás, de modo que também tenho a minha própria história de estudo e trabalho. Como já divulgamos neste espaço, comecei minha atividade empresarial muito novo, antes mesmo de concluir a faculdade. Nos últimos dois semestres da graduação, tive de conciliar as atividades no Gran Cursos Online, ainda incipientes, com os estudos acadêmicos. Se estes já exigiam muito de mim, agora a situação se agravara, pois eu precisava dividir meu tempo entre as matérias da faculdade e o início da vida de empreendedor.
Enquanto a maioria dos meus colegas cursava 5 ou 6 disciplinas por semestre, eu cursava 11. Minha intenção era me formar o mais cedo possível – objetivo que, tenho orgulho de poder dizer, consegui alcançar –, para me dedicar integralmente ao Gran Cursos Online e à GG Educacional. Um detalhe: na universidade onde estudei, que reunia alunos do mundo inteiro, as notas não eram baseadas exclusivamente no resultado individual do aluno. O desempenho de cada estudante era medido de forma comparativa: o seu frente ao dos demais colegas. Em outras palavras, cada prova funcionava como um concurso, e não bastava ir bem nela; era necessário ir melhor do que os colegas, todos altamente competitivos, esforçados e inteligentes.
No fim, acabei me formando com honors, entre os melhores da turma. Mas não me iludo. Sei que só obtive sucesso nessa empreitada porque adotei método parecido com o descrito pelos nossos mestres do Gran Cursos Online. Aproveitei todo minuto que me sobrava para estudar: no táxi, no metrô, no banheiro, no lanche, no almoço, no jantar. Eu também organizava muito bem o meu tempo: parte dele, eu separava para resolver todas as questões da empresa e, em seguida, destinava outra parte para dar cabo das matérias que tinha de estudar na faculdade.
Mesmo assim, nem sempre era suficiente. Precisei ir além, particularmente nos fins de semana. Perdi as contas de quantos convites recusei e de quantas vezes reduzi as horas de sono para apenas 3 ou 4, a fim de cumprir tudo o que estava previsto em meu cronograma. Passei inúmeras noites de sexta-feira e de sábado – sem contar os incontáveis feriados – na biblioteca para compensar uma ou outra semana muito corrida. Esse, aliás, é um hábito que muitos concurseiros que trabalham e estudam precisam adotar. Tirar o atraso nos fins de semana acaba se tornando necessário quando não se dispõe de muito tempo nos dias úteis. Resistir a tentações, como as que descrevemos neste artigo (link), é ainda mais importante para quem precisa conciliar muitas atividades, como emprego e estudo.
Note, amigo concurseiro, que tudo é uma questão de rotina, de hábito, de emprego das técnicas mais eficientes, de aplicação adequada da tecnologia, de otimização do tempo, de sacríficos temporários e de um desejo muito grande de mudar de vida. Há alguns métodos que funcionam bem para quem dispõe de pouco tempo para os estudos porque não pode deixar de trabalhar para sobreviver. Quem está nessa situação precisa fazer as escolhas certas e contar com a ajuda de pessoas experientes em preparação para concurso. Deve elaborar planilhas e mais planilhas de planejamento, revezar o estudo das disciplinas, focar nos assuntos mais cobrados pela banca e priorizar os tópicos mais relevantes. Também deve se organizar muito bem para, por exemplo, economizar tempo nos deslocamentos e estar sempre de posse de material de estudo em qualquer momento e em qualquer lugar.
O fato é que todos podem passar em concurso público, disponham de mais ou de menos tempo; tenham ou não um emprego. Só não podem desistir! E é por isso que nós, seus amigos do Gran Cursos Online, estamos todos aqui, ao alcance de um clique seu.
Vamos juntos até a posse!
Bons estudos e GRAN sucesso,
PS: Siga-me (moderadamente, é claro) em minha recém-lançada página do Facebook e em meu perfil do Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.
Veja abaixo, mais artigos para ajudar em sua preparação:
O papel da atividade física na preparação para concurso
A ansiedade é sua inimiga. Aprenda a driblá-la.
Deseje, mentalize, receba!
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há quase 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
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