“Nós nos sentimos imensamente livres quando aprendemos que podemos eliminar o que não é essencial, que não somos mais controlados pelos interesses dos outros e temos como escolher.” – Greg Mckeown, escritor e palestrante inglês
Três semanas atrás, nossa conversa foi sobre como quase tudo é desimportante. Na última segunda-feira, alertei para algo óbvio: nosso tempo na Terra é finito e devemos usá-lo da melhor forma. Hoje, quero dar sequência a essa narrativa, discorrendo sobre como você pode se limitar ao essencial, eliminando tudo que for dispensável.
Agir com desprendimento talvez seja a coisa mais importante a ser feita por alguém que esteja batalhando por uma vaga no serviço público. Aliás, pautar-se pelo desapego na tomada de decisões é crucial na condução de qualquer grande projeto, pessoal ou profissional. Ser seletivo – por vezes parecendo um tanto individualista – dá vazão a nossa liberdade criativa e abre a porta para um caminho no qual daremos apenas os passos mais certeiros. Dispensar tudo que é inútil nos ajuda a recuperar a qualidade de nosso trabalho e, em última análise, de nossa vida.
“Essencialista” – termo cunhado pelo escritor Greg McKeown para definir quem faz o essencial – é a pessoa que busca de forma incansável o menos, porém melhor. É quem investe nas atividades certas, concentrando os esforços num projeto de cada vez. É só quando nos permitimos parar de tentar fazer tudo e deixamos de dizer “sim” o tempo todo que conseguimos oferecer nossa contribuição ao que realmente importa. O essencialista não trata de fazer mais; trata de fazer as coisas certas. Em termos técnicos, o essencialismo é uma abordagem disciplinada e sistemática voltada a determinar onde está o ponto máximo de contribuição de modo a tornar a execução algo que demande pouco ou nenhum esforço.
Você acha que está sobrecarregado? Já se sentiu com excesso de trabalho e ao mesmo tempo subaproveitado? Costuma se ver iniciando mil e uma tarefas sem concluir nenhuma delas? Notou que só se dedica a atividades pouco importantes? Considera-se ocupado, mas não produtivo, como se estivesse sempre em movimento sem chegar a lugar algum? Se você respondeu afirmativamente a qualquer uma dessas perguntas, precisa se reinventar com urgência. Mas como?
Antes de revelar os passos para se tornar um essencialista, devo esclarecer que a lógica dessa filosofia não é fazer mais uma coisa. Trata-se, sim, de um modo diferente de fazer tudo. É uma maneira de pensar na qual substituímos falsos pressupostos – “Tenho de fazer”, “É importantíssimo” e “Consigo fazer os dois” – por três premissas básicas: “Escolho fazer”, “Só poucas coisas realmente importam” e “Posso fazer de tudo, mas não tudo”. Essas verdades são libertadoras, livrando-nos de amarras mentais e permitindo-nos buscar o que realmente faz sentido. Ajudam a viver em nosso máximo nível de contribuição.
Agora, sim, vamos ao que interessa. Eis o que você deve fazer para seguir o pensamento essencialista:
1º) Adote o poder invencível de escolher ter escolha (livre-arbítrio). Quando entendi que escolher não é uma coisa, mas uma ação, compreendi que, embora não tenha controle sobre as opções, tenho sobre minha escolha dentre as opções. Foi libertador perceber que meu poder não está no direito de escolher ou não, mas no de fazer a escolha perfeita para mim. Celebre o poder da escolha. Ele é incrível!
2º) Não fique “em cima do muro”. Ouse dizer “não”, sempre com delicadeza mas também firmeza. Aceite o fato de que, para ganhar, é preciso perder. Optar por ser protagonista de sua história só é sustentável se você renunciar ao conforto que é ter outros para decidirem por você. Examine cada oportunidade e saiba dizer com convicção: “Não vou fazer mil coisas diferentes que não contribuirão para o resultado que quero. Sinto muito”. A realidade é que, por definição, assentir uma vez cria oportunidade para negar em várias outras. Se não for um “sim” óbvio, então é um “não”. Certa vez, eu conversava com meu amigo Fernando Mesquita, diretor de mentoria e coaching aqui, no Gran, sobre a necessidade de recusarmos, sobretudo nas redes sociais, incontáveis convites que, se aceitos, talvez impossibilitassem até o convívio com nossas famílias. Ele, então, objetivo que é, disse apenas: “Se alguém for ficar chateado, prefiro que não seja eu”. É bem por aí, concorda?
3º) Abandone o fenômeno psicológico conhecido como “influência dos custos perdidos”. Trata-se da tendência de continuarmos gastando tempo, dinheiro e energia numa proposta que sabemos ser malsucedida pelo simples fato de o retorno potencial já ser evidentemente inferior a tudo que foi investido. O essencialista tem a coragem e a confiança necessárias para admitir seus erros e voltar atrás em qualquer compromisso firmado, sejam quais forem os custos envolvidos. Fique satisfeito em reduzir perdas. Pule fora imediatamente se perceber que seu investimento, empreendimento ou relacionamento afunda a despeito dos esforços por você empreendidos. Desapegue. Descomprometa-se.
4º) Pratique a preparação abrangente, criando margens de segurança para acontecimentos inesperados, evitando a “falácia do planejamento”. Um modo de se proteger de atrasos, estresse e imprevistos é adicionar 50% ao tempo estimado para concluir uma tarefa ou um projeto. Saiba aproveitar os períodos de bonança para se preparar contra as tempestades. O essencialista prevê, planeja, prepara-se para várias contingências. Espera o inesperado, cria uma margem de segurança para lidar com imprevistos e tem espaço para manobra quando eles – inevitavelmente – acontecem.
5º) Mantenha o foco no presente. Sintonize no que é importante agora mesmo. Desfrute cada instante. É desconcertante pensar que só temos o momento atual, mas essa é a pura verdade. Até podemos aprender com o passado e imaginar o futuro, mas só podemos controlar o presente. Concentre-se no que realmente interessa, deixando de consumir suas energias com o que já passou ou com o que ainda virá. Descubra o que é mais importante já. Vale para o trabalho, para os estudos, para a família. Assim dizia o monge budista Thich Nhat Hanh: “A vida só está disponível no momento presente. Quem abandona o presente não pode viver profundamente os momentos da vida cotidiana”.
Vamos, disciplinados, na busca pelo essencial.
Renove seu compromisso consigo mesmo, comentando abaixo: “Vou encontrar o essencial!”
“Viver como essencialista nesta sociedade de excessos é um ato de revolução silenciosa.” – Greg McKeown, autor do best-seller “Essencialismo – a disciplinada busca por menos”.
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância