Por: Helges Bandeira
O nível de inglês cobrado do candidato no Concurso de Admissão à Carreira Diplomática é bastante elevado. A linguagem é a principal ferramenta de trabalho dos diplomatas e, como o inglês é a língua mais falada mundialmente, nada mais lógico do que cobrar o domínio completo dessa língua de um candidato a diplomata. Para alcançar a aprovação mais rápido, porém, é preciso ser prático.
A primeira coisa a fazer é conhecer a si mesmo. Acho que isso é o mais importante na preparação para o concurso em todas as disciplinas. Saiba seus pontos fortes e fracos. Crie uma estratégia baseada nessa avaliação e use-a nos estudos e no dia da prova. Caso seja necessário, faça ajustes na sua estratégia, mantendo o que funciona e descartando o que não funciona para você.
Algumas pessoas precisam de um cronograma mais estruturado de estudos, outras estudam o que vai aparecendo pelo caminho, conforme identificam suas deficiências. Tenho colegas que fizeram de um jeito e outros que fizeram de outro. O que todos eles tinham em comum é que possuíam uma estratégia e sabiam quais eram seus pontos fortes e fracos.
A primeira coisa a fazer, portanto, é refletir sobre o seu nível de Inglês. Se você já morou em um país anglófono por alguns anos ou foi educado em escola americana ou inglesa, você provavelmente vai mandar muito bem na prova. Um candidato com fluência em Língua Inglesa vai precisar apenas lapidar seu conhecimento. Se você sempre se deu bem em inglês na escola e fez cursos particulares ao longo de sua vida, você, provavelmente, deve possuir um bom background, o que facilitará a preparação para o CACD. Mas se inglês sempre foi um estorvo em sua vida e você nunca conseguiu entender essa língua direito, você terá de trabalhar duro para conseguir uma nota que garanta sua aprovação.
O mais importante é não romantizar a prova e não se impor barreiras que não existem. Se você é consciente de que não domina bem o Inglês, por exemplo, isso não quer dizer que você não possa ser diplomata. Isso quer dizer que você terá de se esforçar bastante para evitar que essa matéria tire você da prova, e que vai ter de compensar essa deficiência tirando notas altas em outras matérias. Depois de passar no concurso, você pode continuar a estudar Inglês, para melhorar seu nível e construir uma excelente carreira como diplomata. Outra opção é já pegar um país anglófono logo em sua primeira remoção para o exterior, assim você aprende essa língua que é tão importante para a nossa carreira de uma vez por todas.
Independentemente do seu histórico, é fundamental saber quanto você consegue fazer com o conhecimento que tem. Há pessoas que com pouco conhecimento conseguem produzir muito. São pessoas que são conscientes de suas deficiências e conseguem escondê-las bem. Há outras que precisam de mais tempo de estudo. A melhor maneira de avaliar em que estágio você está é por meio da própria prova. Seus conhecimentos de inglês serão testados em dois momentos diferentes do concurso, na primeira e na terceira fase.
Na primeira fase, você terá de enfrentar as treze questões de certo e errado do CESPE, cada uma com 4 itens. Lembre-se de que para a banca CESPE uma errada anula uma certa, de modo que nem sempre vale a pena chutar. Esse tipo de prova, porém, acaba valorizando quem se arrisca mais. Na minha prova, acabei acertando várias questões em que tinha dúvida e errei algumas que tinha certeza de que acertaria. O chute acabou compensando. Se bem que não foram chutes aleatórios, mas educated guesses.
Se você fez o TPS de 2016 e pontuou mais do que 70% em Língua Inglesa, isso é sinal de que você consegue ter um bom desempenho na prova. Você deve continuar lendo em inglês para manter seu vocabulário afiado, mas também é importante continuar a fazer exercícios de certo e errado, para não perder prática de prova. Recomendo os seguintes sites de algumas publicações com o mesmo nível de inglês que será cobrado em sua prova: the Economist À medida que for encontrando palavras que não conhece, escreva-as em um caderno, com seu respectivo significado e tradução. Isso vai enriquecer muito seu vocabulário, o que aumentará sua nota tanto na primeira quanto na terceira fase.
Se você fez entre 40 e 70% e acha que seu inglês é bom, talvez seja uma questão de falta de prática com questões de certo e errado. Sugiro que você faça as provas dos anos anteriores para praticar no exato formato da prova. Quando já tiver feito todas as provas de anos anteriores até 2004, pelo menos, comece a buscar outras provas do CESPE com questões de inglês. Você notará que as questões do CACD de inglês são muito mais difíceis e sutis do que das outras provas.
Se você pontuou menos do que 40% ou acha que tem problemas estruturais em inglês, o melhor seria não só fazer exercícios com provas anteriores e leituras em inglês, mas também acompanhar seus estudos com alguns exercícios gramaticais. Nesse sentido, recomendo o English Grammar in Use, do Raymond Murphy, para os que estão mais inseguros, e o Advanced Grammar in Use, do Martin Hewings, para os que já dominam o nível intermediário e desejam praticar no nível da prova.
O foco das questões de inglês, da primeira fase, é compreensão de texto e vocabulário, de modo que não é essencial dominar pontos muito específicos da gramática inglesa. O importante é que você consiga ler e compreender as sutilezas de um texto. As questões mais difíceis são as de vocabulário, pois não deixam muita margem de manobra aos candidatos: ou você sabe ou você não sabe a palavra. Às vezes, é possível fazer um desses educated guesses, com base na etimologia da palavra, mas não é garantido. As questões gramaticais não são o foco da prova, mas é claro que, se você não domina bem a língua, será muito difícil compreender os textos na primeira fase e escrever textos em inglês na terceira.
Se você não fez a primeira fase de 2016, baixe a prova no site do CESPE (http://www.cespe.unb.br/concursos/IRBR_16_DIPLOMACIA/), depois verifique qual seria sua pontuação e veja se você passaria ou não para a segunda fase. A nota de corte em 2016 foi 45 pontos. Lembre-se de que cada item correto vale +0,25, cada item errado -0,25 e cada item em branco, é claro, não vale nada.
Na terceira fase, você terá de traduzir um pequeno texto do inglês para o português (valendo 20 pontos) e outro do português para o inglês (valendo 15 pontos). Para quem domina bem a língua, esses são exercícios fáceis; para quem não domina, a tradução (ou versão, para usar o termo mais técnico) do português para o inglês pode ser um verdadeiro pesadelo. Há candidatos que decidem não gastar muito tempo com esse exercício, pois sabem que vão zerá-lo. Preferem, portanto, otimizar seu tempo, dedicando-se mais à tradução para o português (que, como vimos, vale mais), ao resumo (que vale 15 pontos) e à redação (que vale 50 pontos). Não há problema nenhum em zerar um exercício e, na época de vacas gordas e muitas vagas no concurso, já houve candidatos que, inclusive, zeraram a redação, que vale metade da prova, e mesmo assim foram aprovados. O que você não pode fazer é deixar nenhum exercício da terceira fase em branco, pois isso implica eliminação do concurso.
A redação e o resumo são exercícios difíceis mesmo para quem domina bem a língua. É necessário praticar muito para obter boa pontuação neles. A banca de inglês costumava dar notas muito baixas, mas, como no concurso de 2016 houve uma mudança dos membros da banca, talvez eles não sejam tão criteriosos quanto os anteriores. Isso não significa dizer que não precisará trabalhar duro. Portanto, uma boa forma de se preparar é através de cursos. Não necessariamente cursos presenciais, mas hoje existe a opção de um bom curso de ingles online. Ajudando assim, quem perde muito tempo em trânsito, por exemplo.
Também para a terceira fase vale a mesma dica de preparação para a primeira: a melhor maneira de praticar é por meio das provas de anos anteriores. Primeiro tente fazê-las, depois consulte as melhores e as piores respostas nos guias elaborados pelos alunos do Instituto Rio Branco: Guia do Filhote de Gnu, Guia do Calango Lumbrera, Guia do Orlando Lagartixa.
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CHEERS!
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Prof. Helges Bandeira – Inglês
Diplomata desde 2014, Helges Samuel Bandeira atuava como empresário, professor, advogado e consultor jurídico em Santa Catarina. Atualmente, trabalha na Divisão da África I, no Palácio Itamaraty, e leciona Inglês e Geografia, em cursos preparatórios para a Concurso de Admissão à Carreira Diplomática. Graduado em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí, com passagem pela Université de Nantes, onde aprofundou seus conhecimentos sobre Direito Marítimo e Direito Internacional, sempre teve interesses multidisciplinares. Além de sua formação jurídica, tem ampla experiência nas áreas de ensino e de administração de empresas.
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Muito bom
oi, gostaria de saber se o CADC cobra o inglês americano ou britânico.