Medidas gerais para atendimento ao paciente com intoxicação. Por: Fernanda Barboza

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14 de Janeiro de 2019

Olá amigos, concurseiros, segue mais um artigo sobre urgência e emergência em pacientes com intoxicação. Aproveitem!

Vamos detalhar alguns aspectos referentes às medidas gerais, como o vômito, a lavagem gástrica, o uso do carvão ativado e laxantes.

Vômitos (êmese)

A indução do vômito era realizada com administração do xarope de ipeca, mas é muito perigoso pois pode induzir a broncoaspiração. Quando necessário, para remover a substância tóxica do estômago, é feita a passagem da sonda nasogástrica e procede-se com a lavagem gástrica.

Segundo Oliveira e Menezes (2003), o vômito tem potencial risco de dano aos tecidos, quando expostos à substância tóxica mais de uma vez, bem como pelo risco de broncoaspiração, principalmente em casos de vias aéreas desprotegidas (coma ou convulsões).

Lavagem gástrica

A maioria das intoxicações devem ser submetidas à sondagem nasogástrica e lavagem do conteúdo gástrico. O controle das convulsões e a proteção das vias aéreas, nos pacientes comatosos, são as precauções necessárias antes de se proceder à lavagem do conteúdo gástrico. As contraindicações são os casos de ingestão de corrosivos (pela possibilidade de haver perfuração esofagogástrica) ou de compostos hidrocarbonetos (pela possibilidade de pneumonite, se houver aspiração). Em adultos, a lavagem deve ser realizada com 150 ml a 200 ml de solução salina, aquecidos a 38ºC. As lavagens devem ser repetidas até que se obtenha líquido claro.

Um aspecto muito importante diante do quadro de intoxicação exógena é que o tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível, de preferência no local que ocorreu a intoxicação.

  1. (IDECAN/Prefeitura de Duque de Caxias-RJ/2014) A lavagem gástrica é um procedimento terapêutico, ao longo do qual se introduz uma sonda no interior do estômago, para irrigar e aspirar o seu conteúdo. Está indicada nos seguintes casos, EXCETO:
  2. a) Perioperatório.
  3. b) Hemorragia gástrica.
  4. c) Intoxicação exógena.
  5. d) Algumas afecções gástricas.
  6. e) Após a ingestão de substâncias corrosivas.

Resposta: Letra E.

Vamos entender quais são as contraindicações para a lavagem gástrica:

  • Pacientes com Glasgow ≤ 8, exceto se forem intubados;
  • Ingestão de cáusticos ou corrosivos, com exceção do Paraquate, que, por ter efeito sistêmico muito importante, mesmo sendo cáustico, a lavagem gástrica é indicada;
  • Ingestão de hidrocarbonetos com alta volatilidade (solventes em geral);
  • Varizes de esôfago de grosso calibre;
  • Hematêmese volumosa; cirurgia recente do trato gastrintestinal (ex.: gastroplastia);
  • Ingestão de pacotes contendo drogas.

Descontaminação dérmica

Se o contato do agente tóxico estiver na roupa ou na pele, deve-se trocar a roupa e lavar as áreas acometidas. Lembre-se da prevenção de contato por parte dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento ao paciente, pois algumas vezes o tóxico pode contaminá-los.

Carvão ativado

Pode ser utilizado pela via oral quando o paciente estiver consciente ou pela sonda nasogástrica em muitas situações de intoxicação.

É uma substância adsorvente que se liga à maioria dos agentes tóxicos, formando um composto estável que não é absorvido pelo trato intestinal, sendo eliminado pelas fezes. Está indicado no auxílio da descontaminação gastrintestinal.

Características: pó muito fino, obtido a partir do carvão vegetal submetido a processos especiais de ativação, de coloração preta, inodoro, sem sabor, insolúvel e de fabricação manipulada.

Mecanismo de ação: adsorção da maioria das substâncias.

Restrições: não são adsorvidos – ácidos, álcalis, álcoois, metais, derivados de petróleo, sulfato ferroso, ácido bórico, lítio e cianeto.

Efeitos adversos e complicações: vômitos, aspiração, constipação, abrasão ocular, obstrução intestinal e infecção respiratória.

Doses:

– Crianças: 1g/Kg/dose.

– Adulto: 30g/dose.

– Diluição: Adultos

– SF a 0,9% ou água

– 250 ml e crianças: SF a 0,9% – 5 a 8 ml/Kg.

Número de doses: única (maioria dos agentes) ou múltipla (12h, 24h, 72h). A 1ª dose logo após a lavagem gástrica.

Algumas substâncias em que está indicado o uso de carvão em doses múltiplas: Carbamatos-Chumbinho (12h) e benzodiazepínicos (24h). Outros podem usar até 72h: ácido valproico, amiodarona, amitriptilina, carbamazepina, ciclosporina, cloroquina, clorpromazina, dapsona, digitálicos, diltiazen, etanol, fenilbutazona, fenitoína, fenobarbital, gentamicina, imipramina, meprobamato, metotrexate, nadolol, nortriptilina, organofosforados, piroxican, plantas contendo glicosídeos cardiotóxicos, porfirinas, propoxifeno, salicilatos, teofilina e vancomicina, dentre outros.

  1. (FCC/TRT 3ª região/2015) O uso de carvão ativado é recomendado nas intoxicações por
  2. a) Carbamatos e potássio.
  3. b) Litium e antidepressivos tricíclicos.
  4. c) Álcalis corrosivos e metanol.
  5. d) Etanol e opioides.
  6. e) Salicilatos e teofilina.

Resposta: Letra e.

Não são adsorvidos pelo carvão – ácidos, álcalis, álcoois, metais, derivados de petróleo, sulfato ferroso, ácido bórico, lítio e cianeto.

Laxativos – O objetivo é acelerar o trânsito gastrointestinal e reduzir a absorção do tóxico. O principal laxante utilizado é o manitol de 8 em 8h, nas primeiras 24h.

Vamos praticar?

  1. (AOCP/EBSERH HE-UFPel/2015) As intoxicações exógenas podem ser provocadas por ingestão ou inalação de substâncias prejudiciais ao organismo. Sobre o atendimento às intoxicações exógenas, é correto afirmar que:
  2. a) A primeira conduta visa impedir ou diminuir a absorção do agente tóxico.
  3. b) Deve-se sempre induzir o vômito no caso de ingesta de soda cáustica.
  4. c) A lavagem gástrica é sempre indicada em caso de ingesta de éter.
  5. d) Nos casos de envenenamento, a única medida indicada é a utilização de leite como antídoto.

Resposta: Letra A.

A redução da absorção é a conduta inicial para qualquer atendimento de intoxicação, pois reduzirá os efeitos.

Letra B. Na intoxicação por soda cáustica, é contraindicado induzir o vômito por ser uma substância cáustica.

Letra C. Nas intoxicações por ingestão de éter, a descontaminação gastrintestinal deve ser praticada sem indução de vômitos, devido ao risco de depressão súbita e broncoaspiração. A lavagem gástrica será recomendada unicamente quando houver ingestão de grandes quantidades ou associação com outros produtos sobre os quais ela é eficaz.

Letra D. Errada, o leite tem indicações precisas como na intoxicação por algumas plantas.

Espero que gostem de mais um artigo. Estudem muito para a prova, mantendo sempre o foco! Junto somos imparáveis! Não esqueçam de checar nossos cursos no Gran Cursos Online.


Fernanda Barboza é graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia e Pós-Graduada em Saúde Pública e Vigilância Sanitária. Atualmente, servidora do Tribunal Superior do Trabalho, cargo: Analista Judiciário- especialidade Enfermagem, Professora e Coach em concursos. Trabalhou 8 anos como enfermeira do Hospital Sarah. Nomeada nos seguintes concursos: 1º lugar para o Ministério da Justiça, 2º lugar no Hemocentro – DF, 1º lugar para fiscal sanitário da prefeitura de Salvador, 2º lugar no Superior Tribunal Militar (nomeada pelo TST). Além desses, foi nomeada duas vezes como enfermeira do Estado da Bahia e na SES-DF. Na área administrativa foi nomeada no CNJ, MPU, TRF 1ª região e INSS (2º lugar), dentre outras aprovações.


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