Na Ponta da Língua – 8º episódio: Regência Verbal

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tamanho-quadrado (9)Olá, queridos amigos, amantes da língua portuguesa! Na semana passada, uma aluna veio me interrogar acerca de regência verbal. A pergunta dela é corriqueira entre candidatos a concursos e vestibulares: professor, como posso memorizar as regências dos verbos?  E é aí que mora a chave da questão. Esse assunto, inicialmente, não deve ser decorado, mas entendido.

Os verbos da língua portuguesa não nascem transitivos ou intransitivos. Eles SE TORNAM transitivos ou intransitivos. E quem determina essa classificação? A estrutura da oração. Vejamos comigo dois exemplos.

  • O pastor pregou a palavra.
  • O pastor pregou aos fiéis.
  • O Pastor pregou durante o culto.

O verbo é o mesmo; mas a classificação sintática, não. Em (1), temos o ato de pregar e o que foi pregado, tornando o verbo transitivo direto (pois está acompanhado por complemento sem preposição).  Já em (2), temos o ato de pregar e a quem se pregou, o que faz do verbo transitivo indireto (pois está acompanhado por complemento com preposição). Por fim, em (3), só se tem o ato de pregar, que não recai sobre um complemento. O que se tem após a forma verbal neste exemplo é uma expressão que oferece uma informação temporal acerca de quando o ato de pregar foi executado (um adjunto adverbial de tempo). Na última oração, o verbo é intransitivo.

Esta é a base fundamental para se estudar a regência verbal: entender a interação oracional entre o verbo e o complemento.

Temos, todavia, no nosso vernáculo culto, alguns verbos de regência especial, e que merecem a sua atenção, uma vez que são comumente abordados em provas. São casos em que o uso informal se confunde com o uso gramatical. Nesses casos, não há saída! É necessário memorizar!

Por isso, apresento a vocês alguns desses verbos:

  1. Agradar

VTD: no sentido de “fazer carinho” Ex: O esposo agradava a mulher.

VTI: no sentido de “ser agradável” Ex: O assunto não agradou aos convidados.

  1. Ajudar

VTD ou VTI (sem alteração de sentido). Ex: O professor ajudou os (aos) alunos.

  1. Aspirar

VTD: no sentido de sorver (o ar), sugar. Ex: A diarista aspirou o pó da sala.

VTI: no sentido de desejar, almejar, querer. Ex: Ele aspira a um cargo público.

  1. Assistir

VTI: no sentido de ver, presenciar. Ex: Eu assisti ao maravilhoso clássico.

VTD (preferencialmente) ou VTI: no sentido de dar assistência, ajudar. Ex: O médico assiste os (aos) enfermos.

VI: no sentido de morar. Ex: A família Piquet assiste em Brasília.

  1. Atender

VTI ou VTD (sem alteração de sentido). Ex: O juiz atendeu (a) todos os advogados.

  1. Chamar

VTD: no sentido de convocar. Ex: A mãe chamou o filho para almoçar.

VTD ou VTI: no sentido de “dar nome” ou “apelidar” Ex: Eles chamavam a (à) mãe de heroína.

  1. Chegar

VI: mas, quando acompanhado de expressões locativas, deve-se usar a preposição “a”. Ex: Chegaremos cedo à escola.

  1. Implicar

VTD ou VTIno sentido de “acarretar”, causar. Ex: O seu comportamento implica (em) demissão.

  1. Lembrar/lembrar-se (também válido para esquecer/esquecer-se)

VTD: lembrar/esquecer (sem o pronome). Ex: Meu pai lembra o seu nome. Eu esqueci a sua blusa.

VTI: lembrar-se/esquecer-se (com o pronome). Ex: Meu pai se lembra do seu nome. Em esqueci-me da sua blusa.

  1. Obedecer

VTI. Ex: Eles não obedecem ao regulamento.

  1. Proceder

VTI: no sentido “de iniciar”, “executar”. Ex: O ator procedeu à apresentação.

VI: no sentido de “ter procedência”, “ser verdadeiro”. Ex: A fala de empresário não procede.

  1. Visar

VTD: no sentido “de mirar”, “ver”. Ex: O atirador visou o alvo.

VTI: no sentido “almejar”, “desejar”. Ex: Ele visa a um novo emprego.

Todos esses verbos merecem atenção especial, pois são frequentes em provas. E que saber como eles são cobrados? Então, não percam o 8º episódio de Na Ponta da Língua, que vai ao ar nesta sexta-feira (02 de setembro), ao meio-dia, no canal do YouTube do Gran Cursos Online! Vamos juntos!

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Elias Santana é Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por esta razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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