A importância do cerimonial para a Diplomacia

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15 de Fevereiro de 2017

O trabalho de cerimonial no Itamaraty – ou em outros órgãos em que essa função também é exercida por diplomatas, como na Presidência da República – assemelha-se ao ofício de árbitro de futebol. Quando o juiz de uma partida exerce bem suas tarefas, sem comprometer o resultado da partida, nenhum torcedor percebe ou se lembra posteriormente de sua atuação. Assim ocorre também com a ingrata, e ao mesmo tempo fascinante, atividade cerimonialista.

Muitos enxergam o cerimonial como um trabalho menor, de pouca exigência intelectual e caracterizado por funções operacionais menores que não deveriam estar a cargo de diplomatas. Quem tem essa visão normalmente conhece pouco essa atividade e vê apenas a superfície. No fundo, entretanto, nos bastidores de cada cerimônia, há muito esforço de planejamento, que exige ampla visão para antecipar possíveis problemas, além de enorme controle emocional para lidar com o estresse e saber improvisar sem perder o controle da situação.

Assim, por exemplo, imaginemos que o Presidente da República esteja em viagem internacional e decida inaugurar com outro Presidente uma ponte que ligue o Brasil a um país vizinho. A cerimônia de inauguração, a ser acompanhada por considerável público, ocorre em um dia de forte chuva, mas os Presidentes decidem realizá-la mesmo assim. As autoridades locais não providenciam policiais em quantidade suficiente para fazer segurança adequada e, minutos antes da inauguração, ninguém sabe onde está a fita a ser cortada.

Esse cenário descrito acima é fictício, mas poderia perfeitamente ocorrer e muitas situações similares surgem com frequência na rotina de um diplomata lotado no Cerimonial. Fácil perceber, portanto, a necessidade de que os profissionais que exercem essa função sejam dotados de extremo controle emocional e capacidade de improvisação. E a ingratidão do trabalho está no fato de que se der tudo certo, ninguém o percebe, mas se algo acontecer fora do previsto, a culpa recai sobre os organizadores.

Dentro da estrutura do Itamaraty¹, o Cerimonial está subordinado diretamente à Secretaria-Geral das Relações Exteriores. O Chefe do Cerimonial é sempre um Embaixador (Ministro de Primeira-Classe) cercado de um número elevado de diplomatas mais modernos (que entraram na carreira depois). Isso se justifica pela necessidade de organizar diversas cerimônias ou eventos concomitantes ou próximos.

Quando o Ministro das Relações Exteriores (Chanceler) viaja ao exterior, o que ocorre com bastante frequência, diplomatas deslocam-se para o destino a ser visitado com antecedência para organizar a logística dos encontros a serem realizados. Normalmente, o Chanceler vai a mais de um país na mesma viagem e, assim, cada grupo de diplomatas do Cerimonial se ocupa de um trecho do percurso. Daí a necessidade de o contingente de profissionais da área ser considerável.

Ao mesmo tempo, o Cerimonial é das lotações que mais proporciona viagens aos diplomatas que lá trabalham, tendo em conta a enorme quantidade de encontros de autoridades brasileiras realizam no exterior. No caso do Cerimonial da Presidência da República, são muito frequentes os deslocamentos de diplomatas também por todo o território brasileiro. Por esse motivo, trata-se de local bastante cobiçado pelos jovens diplomatas ao saírem do Instituto Rio Branco.

[1] Cf. http://blog.vouserdiplomata.com/conheca-estrutura-do-itamaraty/


Prof.Jean Marcel Fernandes – Coordenador Científico

Nomeado Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata, em 14/07/2000. Serviu na Embaixada do Brasil em Paris, entre 2001 e 2002. Concluiu o Curso de Formação do Instituto Rio Branco, em julho de 2002. Lotado no Instituto Rio Branco como Chefe da Secretaria, em julho de 2002. Serviu na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, Setor Político, entre 2004 e 2007.


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15 de Fevereiro de 2017