Segundo o Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa (VOLP), existe o verbo empossar e o substantivo empossamento; existe o verbo enriquecer e o substantivo enriquecimento. Todavia, substantivo empoderamento não existe – apesar de haver o registro do verbo empoderar.
Assim, é possível inferir que empoderamento é fruto de um neologismo – processo por meio do qual, a partir de uma lógica linguística, se cria um vocábulo. Isso comum em qualquer língua. Empoderamento é um substantivo formado por derivação, com o prefixo -em (que significa mudança de estado ou movimento para dentro), o radical poder e o sufixo -mento (responsável por transformar o verbo em substantivo). Significa, conforme dicionários virtuais, a ação de conceder poder a si próprio ou a outrem. Empoderamento já está na fala do brasileiro; falta apenas integrar essa palavra formalmente[1] à nossa língua (ou seja, um mero trâmite burocrático para colocar o verbete no VOLP).
Só que podemos ir além. Como a vida nos ensina, ações envolvem quem as pratica e quem se beneficia delas. Isso é facilmente percebido nas seguintes construções:
- O presidente empossou o novo ministro. (O empossamento do ministro)
- O funcionário enriqueceu o patrão. (O enriquecimento do patrão)
- A sociedade empoderou a mulher. (O empoderamento da mulher)
Sintaticamente, todos os termos sublinhados funcionam como complemento nominal, devido às suas características linguísticas (refere-se a substantivo abstrato; é preposicionado; é paciente em relação ao substantivo).
Só que consigo perceber algo muito maior – e mais poético – em “o empoderamento da mulher”. Algo mais drummondiano. Esse poeta, ao escrever Sentimento do Mundo – para retratar a guerra –, quis ser ambíguo: é o próprio mundo que sente (o mundo sofre) ou o mundo é sentido (pelos que se encontram nele)? Ou ambos? Dessa forma, pergunto: “o empoderamento da mulher” significa que a mulher se empodera ou é empoderada?
Toda essa ambiguidade é desfeita com o empoderamento feminino. Como sintaticamente o termo sublinhado é um adjunto adnominal, não há mais dúvidas: a mulher se empodera (e esse “se” é reflexivo)! Dentro de toda mulher, há um poder incrível, e ela mesma deve encontrá-lo e emaná-lo! Ela não depende de ninguém para ser poderosa e, por isso, pode ser o que quiser! Destarte, é absurdo que sejam toleráveis quaisquer abusos ou arbitrariedades contra a mulher!
Só a mulher carrega em si a inteligência, a garra, a sensibilidade e a maturidade que nenhum homem é capaz de ter! E, ao se empoderar, ela cria e transforma o mundo! Honestamente, a construção 3 não descreve o que vivemos. Na verdade, é a mulher que empodera a sociedade. A nós, homens, cabe a missão de reconhecer esse poderio – e, acima de tudo, respeitar a mulher!
Sim, o empoderamento feminino existe! Gramaticalmente abstrato, mas socialmente concreto! O mundo é melhor assim! Parabéns a todas as mulheres!
“Que nada nos defina.
Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja a nossa própria substância.”
Simone de Beauvoir
P.S.: texto dedicado a todas as mulheres; mas, em especial: Geralda do Rosário (minha mãe), Regiane Gomes (minha irmã), Larissa Benvindo (minha comadre), vó Cota e vó Maximiliana.
[1] Apesar de não estar no VOLP, tanto empoderamento quanto empoderar estão registrados no Aurélio. A obra inclusive faz remissão aos termos estrangeiros – empowerment e (to) empower – e ao uso, por Paulo Freire, do substantivo.
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Adoreiiiii!
Lindo!!!
Lindo!Em todos os sentidos.
Grata, Professor Elias!