Porta fechada, portão aberto

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Aos dezesseis anos de idade, Aragonê Fernandes trabalhava numa barraquinha de cachorro-quente em frente a uma escola preparatória para concursos. Dali, observava todos os dias, inclusive fins de semana, o movimento frenético dos alunos que vinham para as aulas. Aquele ir e vir contínuo de gente, que chegava e partia de manhã, de tarde e de noite, sugeria que a causa pela qual lutavam era boa.

Dos cinco irmãos Coragem, digo, irmãos Fernandes, coube à mais velha abrir a porteira – e os horizontes – para que os demais pudessem, cada um no seu tempo, ingressar no serviço público. A mais nova, por exemplo, o fez aos dezesseis anos, beneficiada por uma disposição legal do Distrito Federal que permitia a posse a partir dessa idade. Hoje, pode-se até fazer a inscrição no concurso sem ter atingido a maioridade, mas, para a posse, é preciso ter dezoito anos completos, além de preencher outros requisitos, a depender da carreira pretendida.

Pois então. Da barraquinha de cachorro-quente instalada às portas do cursinho preparatório, um jovem Aragonê, do “alto” dos seus dezesseis anos, observava aquele mundo de gente indo e vindo. Não demorou muito, deduziu que aquela opção devia ser mesmo boa. Ademais, a irmã mais velha já havia mencionado algumas vantagens de ser servidor público, como estabilidade e plano de saúde. Foi assim que nosso protagonista, estimulado pelo exemplo da irmã e pela visão diária dos alunos do cursinho preparatório, decidiu que também ele trilharia o caminho do serviço público.

Determinado e com muita disciplina, o rapaz avançou nos estudos. Algum tempo depois, começou a colher aprovações. No fim, de vendedor de cachorro-quente, nosso protagonista passou a Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Foi, é claro, um enorme salto para o garoto que sempre estudara em escola pública e morava na periferia de Brasília, no Setor P Sul de Ceilândia.

Na prática, nosso imparável, mesmo sem saber, seguiu o conselho do norte-americano Elliott Gould: “Ninguém pode ser escravo de sua identidade: quando surge uma possibilidade de mudança, é preciso mudar.” Atualmente com dez aprovações no currículo, Aragonê relata que colecionou muitas reprovações antes disso. Humilde e focado, não se deixou abalar e investiu pesado nos estudos. Chegou a trabalhar em empresas públicas e a exercer o cargo temporário de Recenseador no IBGE, até que, durante uma visita ao local de trabalho da irmã mais velha, ficou maravilhado com o “palácio” que era o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Aquilo despertou nele a vontade de trabalhar lá um dia.

Eis que o STJ lançou concurso, e o nosso herói viu aí a oportunidade que tanto aguardava. Resolveu intensificar a preparação, confiando que tudo aconteceria no momento certo. E assim foi. Aragonê conquistou uma das vagas de Técnico Judiciário, cargo de nível médio. Na época, aos 20 anos, nem sequer havia começado a faculdade de Direito. Assumiu o cargo e deu início à jornada acadêmica. Graduou-se aos 27 anos. Na colação de grau, brincou: “Agora tenho de pagar pelo meu diploma”. É que, ao ingressar no tribunal, o diploma não era exigido. Na verdade, o novo bacharel entendia que o tribunal lhe financiara o curso superior, então era hora de retribuir esse “investimento” com dedicação, trabalho e talento.

Agora se iniciava a batalha por uma vaga de Analista Judiciário. Como era de esperar, Aragonê enfrentou algumas experiências frustrantes e outras felizes. Certa vez, no concurso para o Tribunal Superior do Trabalho (TST), ocorreu um fato decepcionante, embora curioso. Não, não me refiro a uma simples reprovação, mas a uma eliminação para lá de dolorosa. O candidato havia se preparado por um ano inteiro, mas acabou eliminado por causa de uma chave que trazia no bolso. Mais especificamente, por causa do controle remoto do alarme do carro preso ao objeto. Como se sabe, mesmo numa simples ida ao banheiro durante as provas de um concurso, é preciso passar por um detector de metais. Pois bem, numa dessas visitas ao toalete, quando o fiscal passou o detector de metais em Aragonê, exclamou: “O senhor está eliminado!”. Nosso protagonista, que àquela altura já dava aulas em cursinhos preparatórios, tentou explicar: “Eu não sou ladrão, sou professor para concurso público. Inclusive preparo outros candidatos”. Não adiantou. O fiscal apenas repetiu que ele estava eliminado, pronunciando as palavras como se estivesse programado para repeti-las quantas vezes fossem necessárias.

A experiência foi tão traumática que Aragonê parou de dar aulas. Ele questionava: “Se eu não consigo nem tirar a chave do carro do bolso, como posso ensinar outros a passar em concursos públicos?” Encarou um período, digamos, sabático, até que, meses mais tarde, saiu o edital do concurso para o Supremo Tribunal Federal (STF). Inscrito, o jovem bacharel foi fazer as provas. De repente, baixou a cabeça e começou a chorar. Tinha certeza de que seria aprovado entre os primeiros colocados. E, de fato, isso aconteceu. Ele estava muito bem-preparado e merecia aquela vaga. Era o fruto de um trabalho bem-feito.

Essa aprovação deu origem a outra história curiosa da saga do mestre. Na época, ele era Assessor de Ministro do STJ, cargo em comissão com gratificação considerável, que rendia um aumento salarial significativo para o então Técnico Judiciário. Classificado entre as vagas para o STF, ele precisava informar ao Ministro, seu chefe imediato, que seria chamado para o cargo de Analista no outro tribunal. Ao comunicar sua conquista, o Ministro respondeu: “Não tem problema, Aragonê, eu te requisito”. Assim, o agora Analista permaneceu no posto de Assessor por quatro anos, até avançar para outros cargos, como o de Defensor Público, para o qual chegou a ser chamado, mas teve de declinar, pois exigia que ele deixasse Brasília; de Promotor de Justiça, ocupado por curto período; e, finalmente, Juiz de Direito, que exerce até hoje.

Esses detalhes da trajetória de Aragonê Fernandes ilustram a máxima segundo a qual, quando Deus fecha uma porta, abre uma janela (ou até mesmo um portão) em patamar muito mais alto. De fato, Ele pode dar acesso a salas com tesouros inimagináveis ou até derrubar paredes, se necessário, em reconhecimento ao esforço dos seus filhos. Pensando assim, certamente o caminho trilhado por Aragonê foi fundamental para muni-lo do conhecimento e experiência necessários para vencer as batalhas pelos cargos que viria a pleitear. Ora, atuando como Assessor de Ministro, ele precisava pesquisar e estudar muito. Além disso, assistia à formação da jurisprudência em tempo real – e até contribuía para ela –, o que, por óbvio, facilitou bastante suas futuras empreitadas.

Ao se tornar Juiz do TJDFT, Aragonê pendurou as chuteiras de concurseiro e mergulhou de cabeça no projeto de ajudar outras pessoas a conquistar seus objetivos, partilhando com elas toda a sua experiência. A possibilidade de fornecer as mesmas ferramentas para candidatos em qualquer cidade do país o levou a se tornar professor no Gran. Segundo ele, essa flexibilidade é determinante para concretizar a frase “que vença o melhor”. A disponibilidade de cursos online é fundamental sobretudo porque, não raro, os estudantes só dispõem, por exemplo, das madrugadas para se preparar. Ao terem acesso a professores extraordinários e materiais de qualidade como os que oferecemos aqui, no Gran, em pouco tempo todos eles podem alcançar um grau de preparação compatível com sucessivas aprovações, exatamente como foi com o professor de Direito Constitucional.

O testemunho de Aragonê termina com uma lição para quem pretende se tornar um imparável: “De coração, eu não me arrependo de nada da minha trajetória. Viveria tudo de novo, inclusive as reprovações, porque elas moldam nosso caráter. Sei que é difícil e que as notas de corte estão altas nos dias de hoje, mas sempre digo que é possível passar. Costumo repetir que estudar para concursos e ser aprovado é menos difícil do que dizem. Eu era um aluno mediano, mas me dedicava mais do que os outros, e é por isso que passei. Se você que está lendo isso agora for mediano, porém dedicado, venha conosco. O caminho é aqui, e nós o guiaremos até o pódio.”

Acredite nas palavras do professor Aragonê, amigo leitor. Nunca é tarde demais para começar um projeto como o de passar em concurso público. Apesar das frustrações que muito provavelmente marcarão as fases iniciais, não desista. E jamais perca uma oportunidade. Ela pode ser o portão aberto ao lado de uma porta fechada.

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