“Não divido o mundo entre os fracos e os fortes, ou entre os sucessos e os fracassos (…). Divido o mundo entre os que aprendem e os que não aprendem.” Benjamin Barber
O homem mais rico e maior filantropo do mundo, Bill Gates, costuma recomendar livros que ele julga capazes de impactar a vida de qualquer pessoa, seja ela empreendedora, estudante, educadora, pai, mãe, funcionária de empresa etc. Eu mesmo sou um contumaz leitor das obras que ele indica. Uma delas, em especial, mexeu muito comigo, pelas ideias inovadoras que contém. Trata-se do livro Mindset – A Nova Psicologia do Sucesso, de autoria de Carol Dweck, psicóloga, PhD e professora da Universidade de Stanford.
Em síntese, o livro fala de como a nossa atitude mental em relação à vida é determinante para o nosso sucesso. Especialmente a maneira como lidamos com nossos fracassos é o que nos leva a ser mais ou menos bem-sucedidos, e quem acredita que as habilidades podem ser desenvolvidas por meio de muito trabalho, do esforço pessoal e da obstinação é mais propenso a realizar todos os seus projetos.
Em nossa conversa de hoje, tentaremos resumir essa e outras verdades que o livro aborda. A missão é quase impossível, já que ele tem mais de 270 páginas de muitos exemplos que explicam e ilustram como a mentalidade das pessoas pode trabalhar a favor delas ou não. Os conceitos, as lições e as dicas contidas na obra são resultado de mais de duas décadas de estudo. A pesquisa da Dra. Carol envolveu milhares de alunos dela, entre adultos, adolescentes e crianças.
Primeiro, eu gostaria de explicar que mindset significa “forma” ou “modo de pensar”. É o que costumamos chamar de “mentalidade”, “modelo mental” de uma pessoa, e, segundo Dweck, ele pode ser de dois tipos: fixo ou de crescimento.
Alguém com mindset do tipo fixo costuma se conformar com o que considera nato em relação à sua inteligência e às suas habilidades. Pessoas assim se sentem obrigadas a demonstrar o tempo todo que são inteligentes e, por receio de fracassar e de não corresponder a essa autoimagem, tendem a evitar desafios, a se manter na defensiva e a desistir facilmente dos projetos. Enxergam o esforço como algo infrutífero e ignoram as críticas positivas que recebem – o tal do feedback de desenvolvimento –, como se elas fossem algo inútil. Para piorar, encaram o sucesso dos outros como ameaça e não como inspiração. O resultado de tudo isso é que elas se acomodam mais cedo e conquistam menos do que o seu potencial permitiria.
Em contraposição, as pessoas com mindset de crescimento entendem que sua inteligência e suas habilidades podem ser desenvolvidas continuamente, se elas praticarem e se esforçarem bastante. A consequência de perseguir a evolução contínua é que elas passam a nutrir verdadeira paixão pelo aprendizado. Quem tem esse tipo de atitude mental tende a abraçar desafios e a persistir mesmo quando enfrenta sérias dificuldades. Vê o esforço como caminho para a excelência, absorve as críticas e aprende com elas, extrai lições dos próprios fracassos e encontra inspiração no sucesso dos outros. São essas pessoas que acabam alcançando as maiores conquistas.
Pessoas de mindset fixo partem do pressuposto de que ou somos inteligentes, ou somos burros. Para elas, não existe meio-termo. Ou você é um Michael Jordan talentoso, ou você não é. Elas ignoram o fato de que Jordan se tornou o melhor jogador de basquete de todos os tempos à base de muito trabalho duro. É tudo uma questão de esforço; a família Polgar que o diga: três das mais bem-sucedidas enxadristas de todos os tempos são irmãs. Quem dá a receita é o pai delas: “Talento nato não é nada. Sucesso é 99% trabalho duro”.
Já quem tem o modelo mental de crescimento, quando recebe uma nota ruim em uma prova, seja da escola, seja da faculdade; ou quando é aprovado fora do número de vagas em um concurso público, por exemplo, pensa assim: “Vou me esforçar mais nesta ou naquela matéria. Vou pedir a ajuda de um professor. E vou fazer isso agora. Não vou adiar mais”. Em outras palavras, quem encara a vida de forma proativa ataca os fracassos diretamente e muda logo o que deve ser mudado para conquistar melhores resultados.
Quem adota a mentalidade do tipo fixo, por outro lado, evita desafios e experiências novas, com medo de parecer menos inteligente. Não ousa, não arrisca, tudo por medo de fracassar. Afinal, ele precisa sustentar a aparência de inteligente, e o fracasso causa desestímulo, desinteresse, derrotismo, humilhação, vergonha. O sentimento típico de um concurseiro com esse tipo de modelo mental é: “Se eu não passar no concurso tal, significa que não sou inteligente. O que as pessoas vão falar de mim?”.
Quem é assim nem sequer acredita no estudo; acredita apenas na inteligência com que nasceu e pensa que já veio ao mundo com todas as cartas para jogar, que tudo é predeterminado. Tende a comparar seus resultados medíocres com outros inferiores, para se sentir melhor. Por isso, costuma se cercar de pessoas que estão em condições piores que as dele. O mais triste é que esse tipo de pessoa costuma projetar sua culpa no outro, perdendo excelentes oportunidades de se desenvolver depois de se submeter a uma dura mas edificante autocrítica.
Já indivíduos com mentalidade de crescimento acreditam muito no treino, no esforço pessoal, no progresso. Cultivam crenças e qualidades e procuram se cercar de quem sabe mais, de quem pode ajudá-los a crescer em vez de mantê-los na zona de conforto. Têm convicção de que são as derrotas, as reprovações, os fracassos, os insucessos, as falhas e os erros que promovem o crescimento individual. “Errar faz parte do processo”, pensam. Sabem que nasceram com algumas cartas para o jogo, mas precisarão conquistar outras com muito esforço e empenho, e que o sucesso vai para aqueles que fazem o melhor possível para se aperfeiçoarem. Transformam tudo em novos desafios, em degraus de uma escada que conduz ao sucesso.
Para esse tipo de gente, derrotas motivam a procura por mais conhecimento técnico, por novos métodos e por boas práticas. São justamente os tropeços que estimulam essas pessoas a trabalhar arduamente em busca de melhores processos, que as levem ao sucesso, ao topo da carreira, às boas notas, à aprovação em concurso. Para elas, a responsabilidade pelo sucesso ou pelo insucesso é sempre pessoal.
A pesquisa da Dra. Carol demonstrou que a inteligência não é predeterminada; muito menos imutável. Ao contrário: pode perfeitamente ser desenvolvida, desde que a pessoa adote a atitude mental correta, dedicando-se ao seu objetivo e mantendo o foco nele. Habilidades intelectuais podem, sim, ser cultivadas, ainda que seja necessário se esforçar para isso. O caminho passa pela instrução e pela prática. O treinamento com método é capaz de aperfeiçoar a atenção, a memória e a capacidade de julgamento, o que acaba por se traduzir em aumento da inteligência propriamente dita.
A pesquisadora também percebeu, em suas observações, que a opinião que as pessoas têm a respeito de si mesmas afeta profundamente a maneira como elas conduzem a vida. Ao acompanhar as implicações disso no longo prazo, ela concluiu que crenças poderosas, como a de que somos mais ou menos inteligentes, pode transformar, mesmo, a nossa vida, de modo que é impossível prever o que somos capazes de realizar depois de anos de paixão, esforço e treinamento.
Há inúmeros exemplos disso na história. Darwin e Tolstói chegaram a ser considerados alunos medianos; Ben Hogan, um dos maiores jogadores de golfe de todos os tempos, era completamente descoordenado e desajeitado quando criança; Geraldine Page, uma das maiores atrizes que já pisou nossos palcos, foi aconselhada a abandonar a profissão por falta de talento. As primeiras pinturas de Paul Cézanne foram avaliadas como medíocres, e ele levou muito tempo para se tornar “O Cézanne”, tal como o conhecemos hoje. Muitas outras personalidades passaram pela frustração de serem consideradas sem talento ou sem futuro antes de mostrarem ao mundo do que eram capazes. O que elas pareciam ter em comum era uma atitude mental que as fazia acreditar no próprio desenvolvimento
É, pois, perfeitamente possível cultivar qualidades e competências. Para que isso ocorra, precisamos nos aproximar de pessoas que nos estimulem a crescer e a vencer nossas deficiências. Mas o primeiro passo é mesmo desenvolver um modelo mental que nos leve a desejar aprender sempre mais, a assumir riscos e a enfrentar desafios. Isso é crucial para o sucesso. Adotar uma atitude mental proativa pode ser decisivo para que todo o nosso potencial seja bem explorado.
Assimile isso, concurseiro. E, quando surgirem pelo seu caminho as temidas reprovações, repita para si mesmo: “Vou recomeçar com mais empenho”, “Devo me dedicar mais às aulas”, “Vou praticar mais”, “Vou alterar o meu método de estudo”, “Estou chegando lá”, “Ainda não estava pronto para conquistar a vaga, mas estou no páreo”, “Vamos que vamos!”. Verbalizar ou simplesmente mentalizar frases como essas o ajudará a desenvolver o mindset de crescimento sobre o qual conversamos.
Por fim, mais um dado da pesquisa da Dra. Carol digno de nota: no modelo mental de crescimento, nem sempre é necessário ter autoconfiança. Mesmo quando você não acredita ser capaz de fazer bem algo, é possível mergulhar de cabeça na tarefa e perseverar. O essencial é crer na possibilidade de mudar e de melhorar sempre. E saiba que, ainda que hoje o seu modelo mental seja do tipo fixo, você pode alterá-lo para o de crescimento. Nossa atitude mental não é algo permanente, e o livro de Dweck é repleto de exemplos que demonstram isso. Você não deve se conformar com o que tem. Vá à luta e mude!
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“Errei mais de 9 mil arremessos na carreira. Perdi quase 300 jogos. Vinte e seis vezes fui escolhido para fazer o arremesso final e falhei. Falhei vezes e vezes na minha carreira. E foi por causa disso que me tornei um vencedor.” Michael Jordan
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há quase 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
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