Rinaldo Azevedo Brandão nasceu em Nova Serrana, no interior de Minas Gerais, onde ainda hoje o vento da tarde carrega o cheiro de couro cru e a poeira levantada pelas crianças nos campinhos de terra batida. Ali, quando menino, corria descalço pelas três únicas ruas do vilarejo, dividindo o tempo entre os chutes a gol, a venda de picolés e o som ritmado das máquinas na tipografia do cunhado.
Naquele lugar, o trabalho precoce era uma regra não escrita; estudar, privilégio de poucos. Aos quinze, Rinaldo trocou os cadernos pela fábrica de calçados e, sem perceber, guardou seus sonhos em uma gaveta que só seria reaberta quase três décadas mais tarde.
À infância seguiu-se a vertigem da vida adulta. O jovem se casou com a namorada, Ivete, e se tornou pai de dois meninos, Vinícius e Eduardo. Entrou no compasso dos turnos longos e das contas a pagar. No curso dos anos, foi gerente de loja à beira da BR-262, dono de um pequeno negócio e representante comercial, sem, porém, tirar da mente o sorriso da mãe, dona Conceição, professora aposentada e guardiã de livros gastos, que vez ou outra cobrava com doçura a dívida dos estudos interrompidos.
Quando ela chegou à casa dos noventa, repetiu o apelo que fazia a cada temporada de matrículas: “Filho, termina pelo menos o ensino médio para eu ver.”
O reencontro com os estudos
Aos 44, movido pelo olhar esperançoso de dona Conceição, pelo apoio incondicional da esposa e pela curiosidade espontânea dos filhos, Rinaldo voltou a sentar-se numa carteira escolar, agora como aluno do sistema EJA (educação de jovens adultos). Os primeiros dias foram duros: letras oxidadas pelo tempo, fórmulas que pareciam escritas em outra língua, sono acumulado após longas viagens de trabalho. Ainda assim, persistiu.
Fez o Enem com o único objetivo de obter a certificação do ensino médio. Saiu com muito mais: uma bolsa integral para o curso de Direito em Pará de Minas. Muitos duvidaram de sua capacidade de manter o ritmo, menos ele. Nos cinco anos seguintes, acostumou-se aos quarenta quilômetros de estrada todas as noites e ao parco descanso. Chegava em casa à meia-noite e acordava às seis para vender matéria-prima de calçado.
Formou-se aos 49, com média 96. Virou prova viva de que disciplina pode, sim, reorganizar qualquer cronograma. E reconstruir qualquer biografia.
O concurso da vida
Mas havia mais pela frente. O desejo de estabilidade e a vontade de servir à sociedade e de mostrar que recomeços não são exclusividade da juventude o lançaram em um novo desafio: o concurso nacional unificado da Justiça Eleitoral.
Presenteou-se com dezoito meses de foco absoluto. Investiu apenas num bom plano de dados e estudou todo o conteúdo do Gran pela tela de um celular. De manhã, lia PDFs enquanto o café esfriava. Na fila dos clientes, resolvia questões. De noite, só se deitava depois de revisar lei seca e assistir às videoaulas. Transformou minutos ociosos em alavancas para o futuro.
O dia da verdade
Chegou a tão esperada prova. Meio milhão de inscritos, e lá vinha ele, aos 52 anos, portando um estojo simples e toda a fé de uma mãe quase centenária. Soube administrar o tempo e lidar com a ansiedade. Redigiu até a última linha permitida na discursiva. Ainda assim, saiu “meio desanimado”.
Quando o resultado foi publicado no site do tribunal, seu nome brilhava no quinto lugar para analista judiciário da área judiciária. A colocação superava qualquer expectativa, escapava dos cálculos das estatísticas e calava as vozes que haviam sussurrado já ser tarde demais. Mas, entre todos os significados daquela conquista, um se impunha com mais força: ali, naquela linha iluminada da lista, cumpria-se enfim a promessa feita à mulher que nunca deixou de acreditar no filho.
A vitória de muitos
A notícia se espalhou depressa. Dona Conceição ergueu os braços em agradecimento; Célia assou um bolo com o número 5; Vinícius e Eduardo entenderam de uma vez por todas que disciplina também é herança. Rinaldo, porém, precisou de algumas horas de silêncio para compreender o vazio que acompanha as grandes vitórias. Sabe como é… todo objetivo cumprido abre espaço para outro nascer.
A lição que permanece
Hoje, enquanto aguarda a posse, ele compartilha sua história com serenidade. Diz que o segredo cabia, literalmente, no bolso: um celular, um curso online de qualidade e a disposição para estudar onde fosse possível. Lembra que pausas fazem parte do processo, mas não podem ser sinônimo de desistência.
E reforça a lição que veio tarde, mas chegou com força: “Nunca é tarde para reiniciar o cronômetro. Quando você decide dar o seu melhor, o tempo se converte em aliado. Faça do estudo um hábito tão natural quanto respirar. Quando perceber, estará vivendo um sonho que parecia impossível.”
O círculo que se fecha
Foi assim que o menino que largara os livros para sustentar a família retornou à sala de aula, ainda que virtual, pela tela do celular. E é assim que, em breve, ele será servidor da Justiça Eleitoral, onde ingressará com a certeza de que nenhuma história precisa terminar pela metade.
Ele é, antes de tudo, a confirmação de que idade é apenas um número. O que determina quem cruza a linha de chegada é a decisão de não parar, de seguir imparável, seja aos cinquenta, aos sessenta ou aos noventa e cinco anos, como dona Conceição, com o coração em festa, bem sabe.
Rinaldo foi aluno do Gran. Sua trajetória mostra que aqui aprovamos pessoas reais, com histórias reais, vindas de todos os cantos. Acredite: o próximo nome na lista pode ser o seu. O edital do CNU 2025 já está na praça, e outros grandes concursos foram autorizados. Então aproveite e estude com quem acredita de verdade no lema: TODO MUNDO PODE.
Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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