Erros de medicação e estratégias de prevenção! Por: Fernanda Barboza

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20 de Outubro de 2016

medicação e estratégias de prevençãoOlá, pessoal! Hoje vamos abordar os erros de medicação e as estratégias de prevenção. Esse tema é muito importante na nossa prática clínica e também nos concursos públicos.

Dessa forma, vamos resumir os erros de medicação e as estratégias para evitar intercorrências, usando, como base teórica, a publicação do COREN-SP “Erros de Medicação: Definições e Estratégias de Prevenção”, nosso código de ética e algumas questões comentadas para que você perceba como isso foi cobrado em prova.

Conceito e tipos de erros de medicação

Erro de medicação é definido como um evento evitável, ocorrido em qualquer fase da terapia medicamentosa, que pode ou não causar danos ao paciente.

Vamos entender os tipos de erro de medicação:

  1. Erro de prescrição.
  2. Erro de dispensação.
  3. Erro de omissão.
  4. Erro de horário.
  5. Erro de administração não autorizada de medicamento.
  6. Erro de dose.
  7. Erro de apresentação.
  8. Erro de preparo.
  9. Erro de administração.
  10. Erro com medicamentos deteriorados.
  11. Erro de monitoração.
  12. Erro em razão da não aderência do paciente e família.

Veja como foi cobrado na prova

  1. (FCC/2015) Em uma unidade de internação, durante o horário de administração da medicação das 11 horas, o paciente estava ausente do leito, realizando atividades de fisioterapia. O técnico de enfermagem deixou o medicamento na bandeja e não avisou ao profissional do turno seguinte que a medicação não foi administrada. Trata-se de um erro de medicação, classificado como erro de
  2. a) monitorização.
  3. b) dose.
  4. c) dispensação.
  5. d) administração.
  6. e) omissão.

Gabarito: Letra E.

Comentário: Erro de Omissão – Esse é um erro de omissão que pode ser representado pela não administração de um medicamento prescrito para o paciente ou ausência de registro da execução da medicação.

Para evitar esses erros de omissão, pode-se estabelecer algumas estratégias como implementar a prática de verificação dos certos da terapia medicamentosa:

  1. Medicamento certo (confirmar o medicamento com a prescrição e conferir três vezes o rótulo);
  2. Dose certa (esclarecer dúvidas e confirmar cálculos);
  3. Via certa;
  4. Horário certo;
  5. Paciente certo (utilizar dois identificadores para cada paciente);
  6. Anotação certa.

É importante certificar-se de que as informações estejam documentadas corretamente. Informações incompletas devem ser esclarecidas antes da administração do medicamento.

Em 2013, a ANVISA ampliou a conferência dos certos para 9 itens, confira:

  1. Paciente certo (utilizar dois identificadores para cada paciente);
  2. Medicamento certo (confirmar o medicamento com a prescrição e conferir três vezes o rótulo);
  3. Dose certa;
  4. Via certa;
  5. Hora certa;
  6. Compatibilidade medicamentosa;
  7. Orientação certa ao paciente;
  8. Direito a recusar o medicamento;
  9. Anotação certa.

Veja como foi cobrado na prova

  1. (CESPE 2011) Em relação aos diferentes procedimentos e recomendações de enfermagem, julgue o item:

Para ajudar a reduzir os erros de medicação, é fundamental cumprir o checklist da regra dos certos, que é composta por quatro itens: dose certa, paciente certo, via certa, hora certa.

Gabarito: Errado.

Comentário: Observe que a lista de verificação inclui 9 certos e não 4.

Erros de Prescrição

Neste item podemos citar: a escolha incorreta do medicamento (erro na indicação, contraindicação, alergias conhecidas, dentre outros); prescrição incorreta da dose do medicamento; prescrição incorreta da via de administração do medicamento; prescrição incorreta da velocidade de infusão do medicamento; prescrição ilegível; prescrição incompleta.

Para evitar esse tipo de erro, o COREN-SP sugere algumas estratégias, dentre elas:

  1. Padronizar as prescrições de medicamentos;
  2. Destacar as alergias conhecidas, colocando a informação na capa do prontuário, na prescrição do dia e na pulseira do paciente;
  3. Incluir informações sobre peso do paciente;
  4. Implantar sistema eletrônico de prescrição de medicamentos com recursos de apoio à decisão clínica;
  5. Disponibilizar local adequado para a prescrição de medicamentos, sem fontes de distração, e que proporcione poucas interrupções;
  6. Documentar o cálculo das doses de medicamentos de alto risco no prontuário do paciente;
  7. Implantar dupla checagem do cálculo de medicamentos, por dois profissionais, sempre que possível;
  8. Incluir um farmacêutico clínico na equipe multidisciplinar que verifique a adequação da prescrição e a dose do medicamento e que esteja disponível para esclarecimento de dúvidas nas outras etapas do sistema de medicação;
  9. Não interpretar letras incompreensíveis; esclarecer com quem prescreveu;
  10. Não executar prescrições rasuradas. Peça para que sejam refeitas com clareza;
  11. Nunca realizar prescrição quando tiver dúvida, procure esclarecer com o médico, enfermeiro e/ou farmacêutico.
  12. Disponibilizar acesso fácil a informações científicas atualizadas e relevantes sobre terapia medicamentosa a todos os profissionais da equipe.

Erro de dispensação

Erro de dispensação é a distribuição incorreta do medicamento prescrito ao paciente.

Para esse tipo de erro, sugere-se como estratégias:

  1. Adotar sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária;
  2. Disponibilizar local adequado para dispensação de medicamentos, sem fontes de distração, e que proporcione poucas interrupções;
  3. Padronizar armazenamento adequado, estruturado e identificação completa e clara de todos os medicamentos utilizados na instituição;
  4. Identificar e destacar a concentração de um mesmo medicamento de diferentes fabricantes;
  5. Incluir um farmacêutico clínico na equipe multidisciplinar que verifique a adequação da prescrição e a dose do medicamento, e que esteja disponível para esclarecimento de dúvidas nas outras etapas do processo de medicação;
  6. Disponibilizar acesso a informações científicas atualizadas e relevantes a todos os profissionais da equipe;
  7. Desenvolver e implementar programas de educação centrados nos princípios gerais da segurança do paciente que incluam informações sobre uso de novos medicamentos e treinamento da equipe multiprofissional nas diferentes etapas do sistema de medicação;
  8. Conhecer os rótulos dos medicamentos e verificá-los com a prescrição. Nunca administrar medicamentos por parecerem iguais;
  9. Efetuar a identificação dos medicamentos nos carros de emergência com o nome genérico e conferir frequentemente.

Erro de horário

Considera-se erro de horário a administração do medicamento fora do intervalo de tempo estabelecido pela instituição, conforme o aprazamento da prescrição (geralmente se considera hora certa se o atraso não ultrapassa meia hora, para mais ou para menos).

Erro de administração não autorizada de medicamento

Nesse tópico temos como exemplo: administração de medicamento não prescrito; administração de medicamento ao paciente errado (troca de paciente); administração de medicamento errado; administração de medicamento não autorizado pelo médico; utilização de prescrição desatualizada.

Para não cometer esses erros, as estratégias adotadas são:

  1. Padronizar o armazenamento adequado e a identificação completa e clara de todos os medicamentos utilizados na instituição;
  2. Identificar e destacar a concentração de um mesmo medicamento de diferentes fabricantes;
  3. Estruturar o fluxo do sistema de medicação da unidade de maneira a assegurar a não administração de medicamentos suspensos pelo médico;
  4. Utilizar sistemas de identificação do paciente e do leito;
  5. A equipe deve conhecer as funções de todos os profissionais dentro do sistema de medicação;
  6. Administrar medicamentos nas quais se encontra a ordem a critério médico após a avaliação presencial de um profissional médico. Medicamentos prescritos “se necessário” podem ser administrados após a avaliação da necessidade pelo enfermeiro;
  7. Medicamentos prescritos “se necessário” devem ter clara sua indicação, por exemplo: se dor; se febre; se hiperglicemia; entre outros;
  8. Prever a supervisão de técnicos e auxiliares de enfermagem por enfermeiro, no preparo e administração de medicamentos.

Erro de dose

Erro de dose pode ser representado como: Administração de uma dose maior ou menor que a prescrita, Administração de uma dose extra do medicamento, Administração de dose duplicada do medicamento.

Algumas estratégias para evitar esse erro:

  • Instituir a prática de dupla checagem, por dois profissionais, dos cálculos de diluição e administração de medicamentos de alto risco;
  • Disponibilizar local adequado para o preparo de medicamentos, sem fontes de distração, e que proporcione poucas interrupções;
  • Ter habilidade na realização de cálculos e medir doses com exatidão;
  • Utilizar instrumentos de medida padrão no preparo de medicamentos (copos graduados, seringas milimetradas) para medir doses com exatidão;
  • Estabelecer meios eficazes de comunicação entre a equipe multiprofissional e entre os componentes da equipe e o paciente e família;
  • Prever a supervisão de técnicos e auxiliares de enfermagem, por enfermeiro, no preparo e administração de medicamentos.

Erro de apresentação

Considera-se erro de apresentação a administração de um medicamento em apresentação diferente da prescrita.

Estratégias:

  1. Buscar orientação com outros profissionais (enfermeiros, médicos, farmacêuticos) e consultar guias, bulas de medicamentos e protocolos institucionais, em caso de dúvidas, acerca do nome do medicamento, posologia, indicações, contraindicações, precauções de uso, preparo e administração;
  2. Utilizar preparações de medicamentos específicas para a via de administração prescrita.

Erro de preparo

Neste tópico podemos citar: medicamento incorretamente formulado ou manipulado antes da administração (reconstituição ou diluição incorreta, associação de medicamentos física ou quimicamente incompatíveis); armazenamento inadequado do medicamento; falha na técnica de assepsia; identificação incorreta do fármaco; escolha inapropriada dos acessórios de infusão.

Estratégias de prevenção:

  • Disponibilizar local adequado para preparo de medicamentos, sem fontes de distração, e que proporcione poucas interrupções.
  • Disponibilizar acesso a informações científicas atualizadas e relevantes a todos os profissionais da equipe, incluindo guias de prevenção de incompatibilidades entre fármacos e soluções e de diluição de medicamentos.
  • Padronizar o armazenamento adequado e identificação completa e clara de todos os medicamentos utilizados na instituição.
  • Identificar corretamente os medicamentos preparados (com nome do paciente, número do leito e enfermaria, nome do medicamento, horário e via de administração, velocidade de infusão, iniciais do responsável pelo preparo), e os frascos de medicamentos que serão armazenados (com data e horário da manipulação, concentração do medicamento, iniciais do responsável pelo preparo).
  • Realizar o preparo do medicamento imediatamente antes da administração, a não ser que haja recomendação diferente por parte do fabricante.
  • Desenvolver e implementar programas de educação centrados nos princípios gerais da segurança do paciente que inclua informações sobre uso de novos medicamentos e treinamento da equipe multiprofissional nas diferentes etapas do sistema de medicação.
  • Adquirir conhecimentos fundamentais sobre farmacologia (indicações, contraindicações, efeitos terapêuticos e colaterais, cuidados específicos sobre administração e monitoração de medicamentos).
  • Ter habilidade na realização de cálculos e medir doses com exatidão.
  • Utilizar instrumentos de medida padrão no preparo de medicamentos (copos graduados, seringas milimetradas) para medir as doses com exatidão.
  • Prever a supervisão de técnicos e auxiliares de enfermagem, por enfermeiro, no preparo e administração de medicamentos.

Erro de administração

Neste aspecto podemos exemplificar: falha na técnica de assepsia; falha na técnica de administração do medicamento; administração do medicamento por via diferente da prescrita; administração do medicamento em local errado; administração do medicamento em velocidade de infusão incorreta. Podemos acrescentar ainda: associação de medicamentos física ou quimicamente incompatíveis; falha nos equipamentos ou problemas com acessórios da terapia de infusão; administração de medicamento prescrito incorretamente.

Neste quesito, as estratégias são:

  1. Adquirir conhecimentos fundamentais sobre farmacologia (indicações, contraindicações, efeitos terapêuticos e colaterais, cuidados específicos sobre administração e monitoração de medicamentos);
  2. Implementar a prática de verificação dos certos da terapia medicamentosa;
  3. Desenvolver e implementar programas de educação centrados nos princípios gerais da segurança do paciente, que inclua informações sobre uso de novos medicamentos e treinamento da equipe multiprofissional nas diferentes etapas do sistema de medicação;
  4. Buscar orientação com outros profissionais (enfermeiros, médicos, farmacêuticos);
  5. Padronizar equipamentos tecnológicos (como bombas de infusão) na unidade, limitando a variedade de opções;
  6. Realizar prescrição de enfermagem, para o uso de bombas de infusão, na administração segura de fármacos.

Erro de medicação e o Código de Ética de Enfermagem

Vale ressaltar que erro de medicação é um tema que está descrito no nosso código de ética – Resolução COFEN 311/2007. Observe os artigos, do nosso código, que tratam desse assunto:

Dentre as proibições:

Art. 30 – Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade de riscos.

Porém, para assegurar a nossa autonomia e independência profissional, temos como direito:

Art. 37 – Recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica, na qual não conste a assinatura e o número de registro do profissional, exceto em situações de urgência e emergência.

Parágrafo único – O profissional de enfermagem poderá recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica em caso de identificação de erro ou ilegibilidade.

Veja como foi cobrado:

  1. (CESPE/2013) Julgue o item a seguir com base no Código de Ética dos profissionais de enfermagem.

Mesmo sem conhecimento do mecanismo de ação da medicação, o profissional de enfermagem não pode se negar a administrar nenhum medicamento.

Gabarito: Errado.

Comentário: Ao profissional de enfermagem é proibido administrar medicamento sem conhecer a ação da droga e as possibilidades de risco.

Vamos abordar outras questões sobre essa temática.

  1. (CESPE/2010) Considerando o papel do técnico de enfermagem na administração de medicamentos, julgue o item a seguir.

Deve-se registrar a medicação a ser administrada tão logo ocorra sua preparação.

Gabarito: Errado.

Comentário: A checagem da medicação deve ser realizada após a administração da medicação.

  1. (CESPE/2010) Considerando o papel do técnico de enfermagem na administração de medicamentos, julgue o item a seguir.

Admite-se administrar medicação preparada por outro técnico de enfermagem, desde que devidamente rotulada e identificada.

Gabarito: Errado.

Comentário: O profissional que preparou a medicação e a identificou deverá ser o mesmo que irá administrar a medicação.

Terminamos aqui nosso artigo sobre erros de medicação e estratégias de como evitá-los. Esperamos você nos cursos de enfermagem do Gra Cursos Online e no fórum de dúvidas, pois queremos caminhar ao seu lado até a sua APROVAÇÃO!!

Terminamos por aqui, porém esperamos por você nos nossos cursos e fórum de dúvidas para contribuir ainda mais com a sua aprovação!
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Fernanda Barboza – Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia e Pós-Graduada em Saúde Pública e Vigilância Sanitária. Atualmente, servidora do Tribunal Superior do Trabalho, cargo: Analista Judiciário- especialidade Enfermagem, Professora e Coach em concursos. Trabalhou 8 anos como enfermeira do Hospital Sarah. Nomeada nos seguintes concursos: 1º lugar para o Ministério da Justiça, 2º lugar no Hemocentro – DF, 1º lugar para fiscal sanitário da prefeitura de Salvador, 2º lugar no Superior Tribunal Militar (nomeada pelo TST). Além desses, foi nomeada duas vezes como enfermeira do Estado da Bahia e na SES-DF. Na área administrativa foi nomeada no CNJ, MPU, TRF 1ª região e INSS (2º lugar), dentre outras aprovações.
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20 de Outubro de 2016