“Não procure por felicidades, graças, bem-aventuranças distantes e desconhecidas, mas por aquilo que você gostaria de viver de novo e por toda a eternidade.” Nietzsche
O israelense Tal Ben-Shahar é um dos professores mais requisitados de Harvard. O curioso é que ele não é tão popular assim por lecionar disciplinas como economia, administração, medicina ou direito, mas, sim, por ensinar felicidade. O personagem que inspira o nosso artigo de hoje é especialista em psicologia positiva e ciência da felicidade, e garante que o sentimento pode ser aprendido da mesma forma que se aprende a esquiar e a jogar basquete ou golfe.
Dez anos atrás, quando o professor organizou sua primeira turma, apenas oito alunos se matricularam nela. No entanto, a fama dele foi crescendo dia após dia, até que, no último ano, mais de mil alunos assistiram às suas aulas, a fim de entenderem o que interfere em nossa vida quando se trata de felicidade.
Em entrevista à revista Exame, Ben-Shahar revelou que começou a estudar psicologia positiva e a ciência da felicidade porque se sentia infeliz. Quando estava em seu segundo ano como estudante de ciência da computação em Harvard, ele percebeu que, embora se considerasse bem-sucedido, não estava feliz. As boas notas e a disponibilidade de tempo para atividades que lhe davam prazer, como jogar squash, não lhe pareciam o bastante. “Então, para entender o porquê dessa infelicidade, mudei de área e fui cursar filosofia e psicologia. Meu objetivo era responder a duas perguntas: por que estou triste e como posso ficar feliz? Estudar isso me ajudou, e decidi compartilhar o que aprendi”, relata.
Segundo ele, o que mudou sua vida desde então foi perceber que, de tudo que traz felicidade, o principal é o tempo que passamos com pessoas importantes para nós, como amigos e familiares. Infelizmente, porém, muita gente prioriza o trabalho em detrimento dos relacionamentos e, para piorar, mesmo quando está com seus entes queridos, costuma não estar ali por inteiro. De fato, uma das cenas mais corriqueiras hoje em dia é o celular na mão de pelo menos metade das pessoas em um almoço de família ou em uma mesa de bar.
Como você já deve ter antecipado, caro leitor, em nossa conversa de hoje ofereceremos algumas chaves para a felicidade extraídas dos livros e das experiências do professor Shahar. Mas, antes, tentaremos diferenciar, à luz da filosofia, os conceitos de felicidade e de alegria.
A vida só pode ser considerada boa mesmo quando torcemos para ela não acabar nem passar rápido, quando a nossa vontade é de que os dias, os meses e os anos sejam prolongados. Podemos definir felicidade como o momento que você quer que dure um pouco mais. É claro que cada pessoa sente felicidade a seu próprio modo, mas a verdadeira felicidade é simples, episódica e não perene.
“As chances de alcançar a felicidade vivendo sozinho, isolado, são nulas. Não há precedentes em outro sentido. Para sermos felizes, precisamos nos perceber como úteis e importantes para alguém. Temos de sentir que fazemos falta para outras pessoas.”
Outro dado relevante: não é possível ser feliz quando se vive só. As chances de alcançar a felicidade vivendo sozinho, isolado, são nulas. Não há precedentes em outro sentido. Para sermos felizes, precisamos nos perceber como úteis e importantes para alguém. Temos de sentir que fazemos falta para outras pessoas.
Há certo consenso, entre filósofos, psicólogos, pesquisadores e estudiosos do assunto, de que não existe uma fórmula, uma receita, um roteiro para a conquista de uma vida feliz. A felicidade é simples, e tem de ser simples. Trata-se de aprender a viver não o ideal, não a vida dos outros, não o que esses outros são nem buscando o que eles têm. Trata-se de estar satisfeito com a própria vida, com os próprios atributos, com os próprios bens.
“Felicidade é contentar-se de tal maneira com o momento, que o desejo é vivenciá-lo infinitas vezes.”
Felicidade é contentar-se de tal maneira com o momento, que o desejo é vivenciá-lo infinitas vezes. A vontade é eternizar o instante em que estamos com alguém que amamos ou em que executamos um trabalho que nos traz satisfação. Enfim, ser feliz é não querer deixar para trás um momento tido como especial. É querer estendê-lo, prolongá-lo ao máximo.
Aristóteles dizia que “felicidade é o maior desejo dos seres humanos. É um estilo de vida. É o cultivo das boas virtudes”. Já o filósofo grego Epicuro ensinava que só há um caminho para a felicidade: não nos preocuparmos com coisas que ultrapassam o poder da nossa vontade.
Alegria, por sua vez, é o sentimento que nos deixa energizados, animados, poderosos, autoconfiantes, contentes, com bom astral. Geralmente, o estado de contentamento surge de gestos positivos, como o agradecimento de um aluno que foi aprovado em um disputado concurso público ou um elogio a um trabalho bem-feito. Às vezes, a alegria surge de boas notícias, como a de que foi publicado o edital do concurso para Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) ou a de que saiu a nossa nomeação para um cargo público. Outro dado relevante é que algo que me alegra hoje pode não me alegrar amanhã; aliás, o que me deixa alegre num primeiro momento pode até levar à minha morte, em caso de excesso. É o caso das drogas ou da bebida, por exemplo.
Perceba, então, que uma pessoa pode estar alegre e ao mesmo tempo infeliz. Ela pode se sentir energizada, mas não estar plenamente feliz, simplesmente porque é incapaz de sentir vontade de que aquele instante se eternize. Pelo contrário, ela pode até mesmo torcer para que os minutos passem logo. O professor Ben-Shahar atesta que nem mesmo o sucesso absoluto traz felicidade. Em suas palavras, “ter dinheiro ou ser famoso só nos faz ter faíscas de alegria”.
“Pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o amanhã sem medo.”
Pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o amanhã sem medo. Elas têm consciência de que o mundo as afeta e o testam a todo instante e sabem que é necessário aprender a viver sempre, todos os dias, com equilíbrio e temperança.
Quem é feliz entende, por exemplo, que não deve trabalhar apenas para adquirir bens materiais, mas, sim, por amor, por vocação e pela utilidade do seu trabalho. A felicidade faz que o indivíduo fique em paz com o fato de que não é possível ter controle sobre tudo que acontece. Uma pessoa assim tem plena consciência de que seus atos e suas escolhas trazem consequências. E o mais importante: sabe lidar com elas.
O poeta, historiador e músico Nicolau Maquiavel dizia que as pessoas bem-sucedidas “são aquelas que sabem lidar com os acasos da vida, combinando afetos com o pensamento racional, visando obter o melhor resultado possível dos desafios”. Enfim, saber como agir – e reagir – em uma dada situação e não se perder remoendo o que não deu certo é o que nos ensina o mestre Maquiavel.
Desnecessário dizer que o ideal é estarmos alegres e felizes ao mesmo tempo, não é mesmo? Então, vamos às imperdíveis chaves para a felicidade ensinadas pelo doutor Tal Ben-Shahar:
- Não pense que as coisas boas são permanentes. Elas não estão garantidas, então seja grato por elas, não importa a dimensão que têm. “Essa mania que temos de achar que as coisas são garantidas e sempre estarão aqui tem pouco de realista”, adverte o professor.
Tão importante como dar o devido valor às coisas boas é parar de enxergar só o que vai mal. Sem deixar de ser realista e de levar em conta os seus pontos fracos, trate de notar o que está dando certo. Isso vale especialmente para o concurseiro, que costuma focar tanto nas reprovações e nas dificuldades, que tende a desmerecer todo o seu crescimento ao longo da jornada. A propósito, leia aqui o nosso artigo sobre a arte da gratidão.
- Pratique atividades físicas. Basta se dedicar a um exercício suave, como caminhar em passo rápido por 30 minutos diários, para que o cérebro secrete substâncias que nos fazem sentir inundados de felicidade. Na realidade, essas substâncias são opiáceos naturais produzidos por nosso próprio cérebro. Como qualquer droga, elas mitigam a dor e geram prazer. Veja aqui nosso artigo sobre a importância da prática de atividade física.
- Simplifique as coisas, seja no trabalho, seja nas horas de lazer. “Precisamos identificar o que é verdadeiramente importante e nos concentrar nisso”, propõe Tal Ben-Shahar. Já se sabe que quem tenta fazer demais acaba conseguindo realizar pouco, por isso o melhor é se concentrar em algo e não tentar fazer tudo ao mesmo tempo. Veja aqui nosso artigo sobre a Matriz de Eisenhower e a priorização de tarefas.
- Respeite a sua natureza humana. Todos nós eventualmente sentimos emoções dolorosas, como tristeza e raiva. Isso é natural. Como bem lembrado pelo doutor Ben-Shahar, apenas os psicopatas e os mortos não experimentam emoções como essas. Deixar de admitir nossa humanidade leva à frustração e à infelicidade. “Aceitando as emoções negativas, nos abrimos para desfrutar a positividade e a alegria”, diz o especialista. Confira aqui nosso artigo sobre como as decepções fazem parte da caminhada.
- Seja resiliente: cultive a percepção do fracasso como oportunidade. O conceito de resiliência foi emprestado da física e da engenharia e descreve a capacidade que os materiais têm de recuperar a forma original depois de submetidos a pressão deformadora. Nas pessoas, a resiliência expressa a capacidade de enfrentar circunstâncias adversas, condições de vida difíceis e situações potencialmente traumáticas e recuperar-se, saindo delas fortalecidas e com mais recursos. Também já escrevemos sobre o tema. Leia aqui.
Então é isso, leitor amigo. Saiba o que quer, procure ser útil, acredite em suas convicções… e seja feliz! Lembre-se deste artigo durante a sua caminhada rumo à aprovação em concurso e saiba desfrutar da oportunidade de estudar para mudar de vida. Mais tarde, quando você já tiver sido aprovado e nomeado, dedique-se a ser um servidor do público, tratando o próximo e o cidadão-cliente com felicidade, alegria e eficiência.
Sigamos juntos, nós daqui e você daí, com espírito de luta, contra todos os obstáculos, superando dificuldades e criando formas diferentes de viver e ser feliz.
“Pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a certeza de vir a ser recompensado.” José Ortega y Gasset
Gabriel Granjeiro
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Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há quase 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
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