História de Superação: Conheça a incrível trajetória de Antonia Faleiros, de cortadora de cana a Juíza Estadual!

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24 de Fevereiro de 2016

Antônia FaleirosA magistrada, Antônia Faleiros, começou sua jornada de trabalho aos 14 anos, em um canavial no interior de Minas Gerais. Aos 17, decidiu que iria mudar o seu destino e começou a procurar empregos na capital do estado,  onde aceitou ser empregada doméstica. Sem ter um local para dormir durante 8 meses, ela passava as noites estudando e lendo, em um ponto de ônibus as apostilas jogadas fora por um curso preparatório.Sua primeira conquista foi ser aprovada no concurso para Oficial de Justiça do Estado de Minas Gerais. Com a diplomação no curso de Direito, Antônia continuou sua caminhada em busca dos seus sonhos e foi aprovada para os cargos de Procuradora do Município de Belo Horizonte, Procuradora do Banco Central e Magistrada Estadual. A sua grande vitória veio com a nomeação para o cargo de Juíza, no estado da Bahia.

Hoje, aos 52 anos, casada, a juíza procura fazer a diferença por onde passa. Ela ajuda projetos sociais com crianças em Lauro de Freitas, Bahia, onde exerce o cargo de juíza da 1ª Vara Criminal da cidade. Drª. Antônia também desenvolveu  um projeto voltado para o resgate da cidadania dos carvoeiros e de seus familiares da cidade de Mucuri, na Bahia, ganhando prêmio no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “A minha história de superação serve para eu ter a certeza de que, com a minha profissão, eu tenho que dar espaço para quem não tem espaço”, pontua. Confira abaixo trechos da entrevista de Antônia ao portal Gazeta Online.

Por que você teve que trabalhar tão cedo?

Bem pequena, como filha mais velha, acabei assumindo a responsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos porque meus pais tinham outras obrigações. Com mais idade, vendo as dificuldades do meu pai de colocar comida em casa, já que ele era um trabalhador braçal e ganhava muito pouco, e da minha mãe, costureira, tomei a consciência do trabalho. Antes desse trabalho mais duro, do canavial, já trabalhava lavando roupas para os outros. Juntava dinheiro para comprar caderno para os irmãos e para mim mesma. Com 12 anos, recebi esse convite para trabalhar no canavial, através de “gatos”, que são recrutadores de mão de obra para fazer esse trabalho na divisa entre Minas e São Paulo.

Desde pequena você já era uma pessoa esforçada, que gostava de estudar?

Sempre gostei de estudar. Fui alfabetizada pela minha mãe com 4, 5 anos e sempre fui adepta da leitura. Devo isso aos meus pais, especialmente minha mãe, que era uma pessoa que não tinha uma formação acadêmica apurada, que estudou até a quarta série primária, mas tinha muita curiosidade e vontade de adquirir conhecimento, além de ler muito. Era uma mãe muito exigente com o desempenho dos filhos. Ela sempre dizia uma frase que eu repito para os meus sobrinhos: quem tem a cama feita pode se contentar com o razoável. Quem não tem a cama feita, deve ser muito bom no que faz.

Aquela menina lá do interior imaginava que um dia poderia ser juíza?

Não tinha nem noção do que era um tribunal e muito menos da função de um oficial. Aos domingos, a gente comprava o jornal para ver os anúncios de emprego e em um deles havia o anúncio do concurso, patrocinado por um curso preparatório, com os cargos e as exigências. O de oficial me atraiu porque as matérias eram apenas três: português, matemática e noções de direito.

Quando começou o interesse pela carreira jurídica?
A convivência com tantas pessoas da área jurídica – juízes, desembargadores, advogados, procuradores -, pessoas com as quais eu comecei a compreender o mundo do direito, acabou me despertando para uma carreira jurídica, que a princípio não era a minha opção de formação universitária. A carreira jurídica acabou surgindo em razão das circunstâncias. A decisão final veio na última hora, no momento da inscrição, quando um amigo desembargador me entusiasmou com argumentos sólidos, mas me lembrou também que a faculdade de direito ficava perto do Tribunal e tinha bandejão. Eu ficava com fome a noite porque não tinha como pagar lanche e o pensionato, onde passei a morar depois que assumi o cargo de oficial, não fornecia comida durante o período. Como aluna do curso, teria um bandejão para me alimentar, inclusive aos finais de semana. Em 1986, passei no vestibular e no ano seguinte comecei a estudar.

E a sua família, como ficou com a notícia?

Tive a oportunidade de ouvir muitas vezes o orgulho dos meu pais de ver a filha formando. Sempre ajudava muito meus pais e irmãos. Meu pai chegou a verbalizar a alegria, principalmente porque havia aquele temor de que a menina fosse para a capital e se envolvesse com coisas erradas, voltando inclusive com um filho sem pai. E minha família era muito tradicional e simples do interior. Meu irmão Edésio, mais velho depois de mim, já falecido em um trágico acidente no Espírito Santo, sempre dizia que a minha história era um marco. Eu fui uma das poucas da minha geração que fez a faculdade naquele tempo. Eu rompi uma barreira.

Como que a juíza define a mulher Antônia?

A mulher Antônia Marina Faleiros é uma mulher abençoada, de uma família abençoada, e que teve sorte de encontrar pessoas de bem pelo caminho. Considerando a história de vida, tudo que eu passei, eu dei um salto que eu gosto de sempre reprisar para firmar que isso é possível: a filha de um trabalhador braçal semianalfabeto e de uma dona de casa simples, que passou por todas essas histórias, que conheceu o creme dental com 11 anos, que teve que trabalhar cedo, pode estudar e chegar aonde quer. Todos nós podemos.

Qual mensagem você gostaria de deixar para todos aqueles que passam por dificuldades parecidas com a que enfrentou?

Conto brevemente a reação da minha mãe quando contei para ela que tinha passado em terceiro lugar no concurso de oficial de justiça. Ela me indagou: ‘a prova estava tão difícil assim?”. Ainda rebati e disse: ‘Mãe, pense bem, quantas pessoas ficaram para trás?’. E ela me disse assim: ‘você já viu corredor olhar para trás? Corredor olha para frente’. Então eu digo sempre isso: temos que olhar para frente e não para as dificuldades que passamos. É pensar no quem tem que ser alcançado, é ter disciplina e meta.

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24 de Fevereiro de 2016