Por: Jean Marcel
Quando alguém diz que está estudando para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), logo imaginamos uma pessoa que estuda muito, está antenada em tudo o que acontece pelo mundo e é capaz de conversar sobre quase qualquer assunto. Esse é mesmo o perfil de um bom candidato para esse exame, mas será o suficiente? Provavelmente, não. Sem conhecer bem como será avaliado, até o bom concorrente terá dificuldade de mostrar seu conteúdo.
Como já disse anteriormente, o CACD é uma maratona, não uma corrida de 100 metros rasos. E o primeiro quilômetro dessa longa competição – que terá 3 fases e 9 provas – é, talvez, o mais cansativo e difícil. Se não pela dificuldade – por se tratar de um exame objetivo – certamente pela variabilidade e grau de exigência, pois é o que mais elimina.
Estamos falando do famoso Teste de Pré-Seleção (TPS), prova da Primeira Fase do CACD, composta de questões do tipo CERTO ou ERRADO de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Política Internacional, História Mundial, História do Brasil, Noções de Direito e Direito Internacional Público, Noções de Economia e Geografia. O TPS tem caráter eliminatório e somente 300 candidatos, dos cerca de 5.000 inscritos (6%), serão habilitados a se submeterem às fases seguintes.
Essas informações não devem servir para assustar, mas para alertar os candidatos a prestarem atenção ao formato dessa prova e sobre como encará-la. Comecemos pelo começo: o peso de cada uma das 8 disciplinas.
O TPS tem 73 questões, sendo 14 de Língua Portuguesa, 13 de Língua Inglesa, 12 de Política Internacional, 11 de História Mundial, 6 de História do Brasil, 6 de Noções de Direito e Direito Internacional Público, 6 de Noções de Economia e 5 de Geografia.
Como cada questão equivale a 1 ponto, Língua Portuguesa vale mais do que Língua Inglesa, que vale mais do que Política Internacional e assim por diante. História Mundial – que não cai na Terceira Fase do CACD – no TPS, entretanto, pesa mais do que o dobro de Geografia, disciplina que tem prova discursiva própria na etapa final do concurso.
Isso quer dizer que é preciso estudar mais História do que Direito? Durante o ano de preparação, certamente, mas a menos de uma semana do TPS, sugiro prestar atenção a outros detalhes.
Antes de mais nada, a ordem de tratamento das questões. Se toda prova deve ser resolvida primeiro pelas questões fáceis para depois encarar as difíceis, em um exame longo e desgastante como o TPS isso é ainda mais importante.
Ao abrirem a prova, na manhã do dia 31/7, os candidatos verão, de cara, as questões de Língua Portuguesa. Pela lógica, sendo a disciplina de maior peso e que representa quase 20% do total, esse deveria ser o primeiro desafio a ser enfrentado, certo? Depende do perfil de cada um; eu não faria isso.
A prova de Língua Portuguesa é composta de extensos e complexos textos que, em geral, são literários. É preciso ler e reler cada palavra com extrema atenção, antes mesmo de se tomar conhecimento do que será demandado sobre essa leitura. Fazer isso de cara – em momento de tensão pelo início do exame – é um belo convite ao desespero.
Necessário, pois, colocar os nervos no lugar. E nada melhor para relaxar do que defrontar-se com as questões de Economia, se você é economista; ou de Direito, se estudou melhor as leis, por exemplo. Você perderá menos tempo e conquistará a tranquilidade ao perceber que começou bem a prova, largou na frente.
Outro tema importante, muito discutido pelos que conhecem bem os exames organizados pelo CESPE (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da UnB), é a dúvida sobre chutar ou não.
Cada questão do TPS será composta de 4 itens para julgar CERTO ou ERRADO. Toda vez que você resolver marcar uma das duas opções, ganhará ou perderá 0,25 ponto, caso sua resposta corresponda ao gabarito oficial ou não. Se deixar em branco, obviamente não perde ou ganha pontuação.
Daí vem a pergunta: caso não saiba a resposta, deve-se chutar ou não? Sendo duas as alternativas, mesmo que você não tenha a menor ideia da resposta, ainda assim terá 50% de chance de acertar. Parece tentador.
Pensando apenas em probabilidade, é como se imaginar em um cassino, diante de uma roleta, apostando seu suado dinheiro em números pares ou ímpares. Mesmo que acerte de vez em quando, no longo prazo, quem costuma ganhar é a casa e você normalmente sai de bolsos vazios.
Só que não, nem sempre é assim. Fosse eu, não me arriscaria a chutar uma resposta sem qualquer noção de meu palpite, porém se eu tiver alguma informação sobre aquele tema, mesmo em dúvida, aumentarei meu percentual de acerto. É como encontrar um desconhecido todo molhado em um dia de chuva. Se você apostar que ele saiu à rua desprevenido, terá boa chance de acertar.
Por fim, sugiro que visite o site do CESPE e leia as provas anteriores. De preferência, faça ao menos um simulado com uma das últimas 3 edições, nas mesmas condições de aplicação do TPS: tente resolver o exame matutino em 2 horas e 30 minutos, começando às 10 horas da manhã e, às 15 horas do mesmo dia, inicie a segunda etapa, para a qual terá 3 horas e 30 minutos.
No link http://www.cespe.unb.br/concursos/irbr_15_diplomacia/ você encontrará as provas e gabaritos do CACD do ano passado. É só trocar o ano no endereço e você acessará os exames mais antigos.
Boa sorte no domingo!
Jean Marcel
Jean Marcel é Primeiro-Secretário no Ministério das Relações Exteriores. Foi nomeado Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata, em 14 de julho de 2000. Serviu na Embaixada do Brasil em Paris, entre 2001 e 2002. Concluiu o Curso de Formação do Instituto Rio Branco, em julho de 2002. Lotado no Instituto Rio Branco como Chefe da Secretaria, em julho de 2002. Serviu na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, Setor Político, entre 2004 e 2007. Promovido a Segundo Secretário, em dezembro de 2004. Concluiu Mestrado em Diplomacia, Instituto Rio Branco, em julho de 2005. Publicou o livro “A promoção da paz pelo Direito Internacional Humanitário”, Fabris Editor, Porto Alegre, em maio de 2006. Promovido a Primeiro Secretário, em junho de 2006. Concluiu o Curso de Aperfeiçoamento em Diplomacia do Instituto Rio Branco, em março de 2007. Concluiu o Curso de Doutorado em Direito Internacional pela Universidade de Buenos Aires, Argentina, em julho de 2007. Serviu na Embaixada do Brasil em Washington, Setores Econômico e de Promoção Comercial (Chefe), entre 2007 e 2010. Publicou o livro “La Corte Penal Internacional. Soberanía versus justicia universal”, Editoriales Reus/Zavalía/Temis/UBIJUS, Madrid/Buenos Aires/Bogotá/México, D.F., em novembro de 2008. Condecorado com a Ordem do Rio Branco, Grau de Oficial, em abril de 2010. Assessor do Embaixador Antonio Patriota, na Secretaria-Geral das Relações Exteriores, em junho de 2010. Chefe da Divisão de Operações de Promoção Comercial (MRE), desde agosto de 2011. Diretor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo (DFPIT – Ministério do Turismo), 2013-2014. Chefe da Divisão de Operações de Promoção Comercial (MRE), atualmente. A Divisão de Operações de Promoção Comercial do Itamaraty é responsável pela promoção de exportações brasileiras e promoção do turismo estrangeiro no Brasil. Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP).
Detalhes do concurso CACD:
- Concurso: Concurso Diplomata do MRE 2016
- Banca organizadora: Cespe/UnB
- Cargos: Diplomata
- Escolaridade: Nível superior
- Número de vagas: 30
- Remuneração: R$ 15 mil
- Inscrições: de 8 de junho a 20 de junho de 2016
- Taxa de inscrição: R$ 225,00
- Prova objetiva: 31 de julho de 2016
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