Território de caça

Hoje, proponho uma reflexão diferente: vamos desviar o olhar dos PDFs e mergulhar na sabedoria da natureza, especialmente no fascinante mundo dos lobos. Essas criaturas, muito além de predadores eficientes, são mestres em disciplina, método e resiliência – virtudes essenciais para você que escolheu a desafiadora trilha dos concursos públicos.

A primeira e mais vital lição vem da organização em alcateia. Os lobos caçam em grupo não por limitação individual, mas por compreenderem o poder da união. Da mesma forma, a sua preparação rumo ao serviço público, embora essencialmente solitária, pode fortalecer-se com uma rede de apoio bem estruturada. Professores, familiares, amigos e colegas de estudo formam sua alcateia particular. Cada integrante oferece a sua inestimável contribuição: mentores dividem conhecimento, família e amigos proporcionam estabilidade emocional, colegas de estudo trazem motivação mútua. Não se intimide em aproveitar o melhor dessa sinergia.

Interessante notar como a força dessa rede se constrói através da comunicação. Até na natureza dita “selvagem” é assim. Os lobos, por exemplo, desenvolveram um elaborado sistema de sinais – uivos, gestos e comportamentos – que mantém a coesão do grupo. Para você, isso significa descobrir como expressar necessidades, compartilhar dificuldades e absorver experiências. Significa, enfim, aprender a se comunicar com a sua própria matilha.

Na alcateia, cada animal preserva suas características particulares – seu uivo distintivo, suas aspirações, sua individualidade – sem perder de vista o dever de se integrar à coletividade e de dar sua parcela de contribuição. Essa dualidade está presente na vida do concurseiro, que exige esse mesmo equilíbrio delicado. Também ele precisa alternar, sempre com bom senso, momentos de concentração profunda e de (re)conexões significativas.

Afinal, um lobo que se distancia demais do grupo se torna vulnerável. Analogamente, o concurseiro que rompe laços sociais perde importantes fontes de força e equilíbrio. A arte está em dosar: saber recusar compromissos sociais quando necessário, mas também reconhecer quando, por exemplo, alguns minutos de distração com os filhos podem renovar as energias. Haverá dias que pedirão mais reclusão; outros, mais interação. A chave está na flexibilidade e na atenção aos sinais do corpo e da mente.

Outro dado interessante que notamos nas alcateias diz respeito à liderança. O lobo alfa não costuma ser o mais agressivo do grupo, e sim aquele que melhor guia e protege. Lembre-se disso ao decidir como conduzir a sua preparação. De preferência, estabeleça um ritmo sustentável e guie-se com disciplina constante. Ah, e monte um planejamento realista. Em vez de trabalhar todo o conteúdo de uma vez, identifique o que é essencial e o que é complementar. Só então elabore o seu cronograma, com base nessa hierarquia de matérias. Acredite, uma organização assim será a diferença entre uma preparação bem-sucedida e uma infrutífera.

Naturalmente, assim como os lobos enfrentam invernos desafiadores, você atravessará períodos de cansaço e ansiedade. Nesses momentos, evite decisões precipitadas. A adaptabilidade dos lobos tem algo a ensinar sobre isso: a gestão inteligente de recursos. Em fases de escassez, eles economizam energia e aguardam o momento propício para agir. O dinheiro, o tempo, a motivação estão no fim? A solução não é intensificar o ritmo, mas otimizar o que você tem. Confie no plano que montou e mantenha o foco. Sua persistência, aliada à capacidade de adaptação, será fundamental para superar os altos e baixos do percurso.

Como sabemos, lobos são capazes de perseguir uma presa por quilômetros. A sua “presa”, amigo leitor, é a aprovação. Mantenha-se em seu encalço com persistência. Às vezes, a corrida parecerá interminável e particularmente desgastante entre curvas e retas, declives e aclives. Eventualmente, a presa parecerá ter até escapado (ah, as quase inevitáveis reprovações que antecedem a felicidade de ver o nome na lista de classificados…).

O segredo está na resiliência lupina, naquela capacidade de adaptação que permite ao lobo sobreviver à fome invernal, naquela paciência de líder que aguarda o momento certo, naquela sabedoria de manter-se junto à alcateia mesmo nas horas mais desafiadoras. Siga avançando, mesmo que o progresso seja imperceptível à primeira vista.

Como o lobo que não desiste da caçada, persista. Acredite: lá na frente, olhando para trás, você ficará satisfeito ao se dar conta de como aquela presa que parecia tão distante sempre esteve ao seu alcance. Era só questão de tempo, disciplina e perseverança. Como na natureza, o lobo que persiste inevitavelmente alcança.

Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.

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