“Você não tem nada para fazer, não existe nada ao seu alcance para mudar o mundo quanto às tragédias que acontecem. Você precisa estudar. Você sabe disso. Então, sente e estude.”
Há algumas semanas, depois de ter contado aqui a incrível história de Daniel Santos, que antes tirava o sustento da venda de garrafinhas d’água no semáforo e hoje é policial militar, recebi centenas de comentários a respeito de como o exemplo dele foi inspirador. Então permita-me compartilhar com você outra história, desta vez de alguém tido como uma lenda no universo dos concursos. O momento me parece ainda mais oportuno porque o certame da Receita Federal é iminente, com edital que pode ser publicado a qualquer momento.
O protagonista da vez foi quem inventou ou difundiu termos como “ciclo de estudos”, “horas líquidas de estudo” e “horas-bunda-cadeira”. Adotando na prática os conceitos por trás dessas expressões, ele conseguiu passar dentro das vagas em vários concursos de ponta, como o de Auditor Fiscal da Receita Federal e o de Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo. Acabou escolhendo a carreira estadual, na qual pretende permanecer até a aposentadoria.
Pois então, existe aquela pessoa que não conhece nada sobre si mesma e não tem controle algum sobre as próprias emoções – sejam elas positivas ou negativas –, e existe o Alexandre, que, na jornada rumo ao serviço público, abriu a mente para descobrir os pontos fortes e os pontos fracos que, juntos, formavam a sua personalidade, e, assim, encontrar a estrada que efetivamente o conduziria até as realizações com as quais sempre sonhara. Quando a pessoa se conhece bem o bastante para saber aonde quer chegar e o que precisa fazer para superar suas limitações, as chances de êxito são significativamente maiores.
É disso que falaremos.
Alexandre Meirelles nasceu no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Incapaz de relatar muita coisa do período em que morou numa casa com outras duas famílias além da dele, consegue dizer apenas que a vida no morro era “braba”. Saiu de lá ainda criança, aos quatro anos de idade, para morar na casa onde a mãe vive até hoje, sozinha, já que o marido faleceu há alguns anos.
Assim como o saudoso Carlos Mendonça, o primeiro concurso que nosso homenageado de hoje prestou foi para admissão numa escola militar. Reprovado por conta de uma questão da prova de Física e Química no Colégio Naval, logo em seguida passou para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), que é da Aeronáutica, e para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPECEx). Optou por essa última. Mas o ingresso definitivo no mundo dos concursos públicos deveu-se ao conselho que recebeu do pai de um amigo: “Faz concurso. É muito melhor, e você terá um emprego para a vida toda”. Alexandre precisou de pouca reflexão para decidir: “Pô, vou estudar para esse troço aí”.
Deu certo, apesar da enorme dificuldade que era encontrar material numa época ainda sem internet, conseguiu passar para Auditor Fiscal da Prefeitura de BH e para Auditor Fiscal de MG, mas ficou no Auditor Fiscal da Receita Federal por um ponto, seu grande sonho. Se achar livros e apostilas sobre as disciplinas mais corriqueiras já envolvia um trabalho hercúleo, as da área fiscal, então… Nessa volta ao passado que Alexandre precisou fazer para nos dar seu testemunho, ele se lembrou, em particular, da novela que era fazer a mera inscrição nos certames. Coisa de louco: era preciso pedir que algum amigo, colega, conhecido, “amigo do papagaio de um parente” fizesse a inscrição. O edital vinha acompanhado de um livrinho que continha a legislação tributária crua, seca, e esse era praticamente o único material disponível para os candidatos estudarem. Brincadeira para os fortes, ou melhor, para os imparáveis, concorda??
Graduado em Informática, licenciado em Matemática, com especialização em Matemática e Estatística e mestrado em Estatística, nosso amigo de vez em quando se pegava tentando enganar a si mesmo com desculpas para não estudar mais para concurso. Eram aquelas velhas e manjadas escusas dos procrastinadores: “Hoje em dia concurso é muito difícil. Eu não vou passar. Só passa quem não trabalha, e eu trabalho…” Tudo balela. Foi então que o pai de Alexandre resolveu entrar em cena para impulsionar o filho a dar uma guinada na vida.
Seu pai fez uma cirurgia do coração às pressas, quase faleceu e, meio grogue dos remédios no hospital, disse ao filho que gostaria de vê-lo em um cargo que pagasse mais à época, como Auditor Fiscal da Receita Federal ou Auditor Fiscal do Estado de SP. Elogiou sua inteligência e disse ter a certeza da sua capacidade de passar em qualquer concurso. Enfim, o jovem ouviu que o pai não entendia como ele, Alexandre, se mantinha estagnado na carreira havia tantos anos. A provocação à base de elogios funcionou como “um gás”, descreve o hoje servidor público, que estudou firme, seguindo o programa que criara e suportando à custa de fortes analgésicos dores terríveis na coluna, sempre com as palavras do pai vivas na mente. Submeteu-se às provas e, quando viu o resultado, a primeira reação foi ligar para a sua maior fonte de motivação. O recém-aprovado levou o pai às lágrimas ao confessar: “Olha, eu fiz por você!”
Um detalhe de toda a maratona enfrentada por Alexandre não pode passar despercebido: os prazos entre a publicação de um edital e a realização das provas eram sempre muito exíguos: às vezes, de apenas 45 dias; outras, de 60 dias ou um pouco mais que isso. Imagine a correria que era para vencer todo o conteúdo programático… Pois então. Sabe o que Alexandre fez a respeito? Desenvolveu seu próprio plano de estudos, em substituição aos tradicionais calendário e planilhas, e batizou a criação como “ciclo de estudos”, que é, mais precisamente, um estudo das disciplinas em ciclos. A técnica é hoje adotada por inúmeros coaches a fim de potencializar o tempo e a aprendizagem dos coachees. Não é à toa que o provérbio diz: “Conhecimento sem sabedoria é como água na areia”…
Imagino que você esteja curioso para entender como o método funciona. Basicamente, o candidato, estudante ou universitário estabelece uma ordem entre as disciplinas a serem estudadas e o tempo dedicado a cada uma por ciclo. Distribui, por exemplo, 1 hora para Língua Portuguesa, 2 horas para Direito Constitucional, 3 horas para Raciocínio Lógico e assim sucessivamente.
Iniciado o ciclo, o estudo avança, disciplina a disciplina, na ordem em que foram organizadas e pelo tempo que lhes foi destinado, independentemente do dia e da hora em que se esteja estudando. O cansaço bateu? Vá dormir, ciente de que amanhã o trabalho é retomado de onde foi interrompido. Não importa quantas horas você estuda por dia; o que importa é continuar de onde parou. Assim, nenhuma disciplina é prejudicada ou beneficiada por conta de imprevistos ou emergências. O conceito é excelente na medida em que força a não deixar nada para trás: o estudante sempre estudará todas as matérias todas as semanas, sem desculpas.
Em resumo, quais são as vantagens dessa técnica? Uma delas é fazer com que o estudante veja várias disciplinas por dia, de duas a oito. Outra é reduzir bastante os índices de esquecimento. Uma terceira é obrigar a estudar tanto as disciplinas com que se tem mais facilidade como aquelas de que não se gosta. Mas a principal, mesmo, é a rotina de estudos se adaptar à do estudante, e não o contrário.
E quantas horas são necessárias para rodar um ciclo de estudos? Dez, 12, 15, 20, tudo depende da disponibilidade de quem se propõe a encarar a nova rotina, mas é importante observar os limites de a duração do ciclo ser menor ou igual ao número de horas estudadas por semana e 2,5 horas por dia por matéria. Também é bom ter em mente, ao calcular o tempo dedicado a cada disciplina, o peso dela na prova, a quantidade de conteúdo cobrado e a complexidade do assunto, lembrando-se sempre de que o ciclo de estudos não deve funcionar como uma camisa de força, e sim como uma bússola. Outra dica válida: não programe um ciclo específico para as leituras e resumos e outro para a resolução de questões. O ciclo determina a matéria a ser estudada naquele tempo, cabendo ao estudante decidir se estudará a teoria ou fará exercícios. Tudo depende da disposição do momento. Simples assim.
Em tempo, não sei se você está a par, mas a nossa ferramenta Gerenciador de Estudos foi inspirada nessa metodologia criada pelo professor Alexandre. Nós apenas a aprimoramos com o auxílio de toda a tecnologia que você só encontra aqui, no Gran.
Ah, mais uma observação: o cérebro é dividido em dois hemisférios, e, grosso modo, o esquerdo é ligado às ciências exatas e o direito às ciências humanas. Logo, uma grande sacada é intercalar o uso dos dois lados, de modo que um deles esteja mais “descansado” ao ser novamente acionado. Essa dica não se aplica a quem vai prestar concursos por exemplo, da área jurídica, que costumam cobrar apenas matérias de humanas. Se é o seu caso, saiba que o seu rendimento será bem menor se você insistir em estudar mais de 2,5 horas diárias por disciplina, ainda que intervaladas.
Como já mencionei, Alexandre difundiu também o conceito de horas líquidas de estudo. Não tem mistério: é apenas estudar com um cronômetro à frente e pausá-lo a cada interrupção. Você tem de ir ao banheiro ou quer dar uma espiada no WhatsApp ou em outra rede social? Então pause o cronômetro e o dispare novamente apenas quando houver retornado ao seu posto. Em resumo, o que interessa é o tempo líquido de dedicação ao estudo. Como explica Alexandre, importam as “horas-bunda-cadeira (HBC)”, ou seja, o tempo em que realmente se está estudando de forma ativa e produtiva.
Como se vê, a conversa que tivemos com Alexandre Meirelles nos rendeu, além de uma incrível história de vida, dicas preciosas que tentei resumir aqui. Mas há algo mais que merece registro à parte. Trata-se de uma confissão feita pelo professor ao relatar a pergunta que sempre recebe em seus canais sociais, palestras e até aulas: “Você rezava antes de fazer as provas?” Em resposta, ele diz que em suas orações costumava fazer apenas dois pedidos: que chegasse com saúde à semana da prova e que, se fosse reprovado, a reprovação não se devesse a uma questão só. Sua aflição tinha uma razão de ser: Alexandre vinha de um histórico de insucessos devidos a uma única questão, então o trauma era grande. De qualquer forma, ao contrário do que se poderia esperar, ele nunca rezou pedindo para passar, porque, em suas palavras, “Deus, para quem acredita – não interessa a religião –, é igual para todos”.
Sábio esse nosso imparável, não é mesmo? Então fiquemos por aqui. Peço apenas que você reflita sobre as valorosas lições que ele gentilmente partilhou conosco. Sigamos incansáveis no processo de autoconhecimento, que é a chave para gerenciarmos melhor todos os aspectos da nossa vida, inclusive os estudos.
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