Feliz de quem cria expectativas. Alimentar pequenas ou grandes esperas dá senso de propósito. As pequenas garantem alguma tranquilidade, fruto da previsibilidade inerente às esperas mais simples. As grandes, por sua vez, são motores que nos fazem sair da inércia. Metas, objetivos, sonhos e ideais, ao lado de pequenas expectativas concretizadas, dão sentido à vida. Para quem não tem nada disso, resta apenas esperar a morte chegar.
Uma expectativa, não custa lembrar, é uma espera baseada na probabilidade, no potencial concreto de algo ocorrer. Está, portanto, ancorada na realidade objetiva. Se, por exemplo, alguém estuda há meses para um concurso específico, é legítimo esperar um bom desempenho nas provas. Tolice seria não ler nem uma linha sequer do conteúdo e achar que o impossível está logo ali na esquina e que “só depende de nós”. Expectativas precisam ser críveis, para que nossa esperança baste para sustentá-las, e nada – nada! – nos impeça de lutar por elas. Sabendo, como todos sabemos, que nenhuma estrada é livre de obstáculos, fica um pouco mais fácil ver sentido em se empenhar diariamente por algo que não venha se revelar impossível.
Quem é cristão como eu sabe que o Criador nutre sobre nós expectativas, em regra, bem maiores que as nossas. Ele nos presenteou com talentos na esperança de que os multipliquemos, usando-os da melhor maneira que estiver ao nosso alcance. Mas veja bem: a pretensão dEle é que façamos o que conseguirmos, não o que estiver além de nossa capacidade humana. Em outras palavras, precisamos considerar as nossas particularidades e limitações individuais ao desenhar expectativas, a fim de que estas não trabalhem contra nós, mas a nosso favor. Temos de manter os pés no chão ao imaginar novos projetos, sob pena de descambar para a ilusão e abrir campo para a frustração, a amargura, a revolta, a insegurança, todos venenos do destino.
Se criar expectativas muito fora da curva é ruim, também não é nada bom mantê-las excessivamente baixas. Timidez, nesse campo, não traz nada de bom; só marasmo. Quem duvida de si mesmo termina não investindo o suficiente em nenhum projeto que lhe poderia render bons frutos. Pior ainda: não aprende, tampouco ensina. É o tal do “nem nem nem”, a pessoa que nem investe em si própria, nem aprende, nem ensina. A ausência absoluta de ambição a condena a uma vida de apatia e estagnação.
O ideal é encontrar equilíbrio no gerenciamento das expectativas; trabalhar, ao mesmo tempo, com anseios mais modestos e grandes projetos. Para dizer o mínimo, quem consegue transitar bem entre os dois extremos costuma enfrentar melhor as inevitáveis adversidades. Ora, se uma expectativa não se concretizou, sem problema, pois há outras tantas no mesmo lugar de onde ela surgiu… Essas pessoas amam tanto o destino que traçaram para si que permanecem dedicadas de corpo e alma por todo o caminho. Parecem se guiar pelo mantra: “É difícil, mas vamos tentar”. Protegem o seu interior, buscando refúgio – quando as coisas fogem do planejado – dentro de si mesmas. Não vacilam; ao contrário, seguem à risca o que está em Provérbios 24:10: “Se vacila no dia da dificuldade, como será limitada a sua força!”.
Pois bem. Para muita gente, pode ser difícil encontrar caminhos rumo a essa atitude mais moderada. Tenho algumas sugestões a respeito, que gostaria de compartilhar com você:
Primeiro, envolva-se em uma causa de cada vez.
Segundo, não espere as oportunidades surgirem. Sitie o acaso, conquiste-o e faça dele o seu servo.
Tente fazer o bem, o certo, e esteja pronto para quaisquer que sejam as consequências dos seus atos.
Nada de desgosto, tampouco de desânimo. Fracassou? Então recomece.
Jamais deposite expectativas exageradas em coisas ou pessoas. É mais prudente confiar nos talentos que você recebeu.
Não se contente com pouco. Entenda que a regra de ouro é: “você pode ter tudo, desde que esteja disposto a dar mais do que receberá.”
Aprenda a lidar com a frustração. Ao descobrir como se reerguer depois de uma queda, você despertará em si resiliência, força e proatividade. Essas são ferramentas da maior utilidade.
Aprimore sua comunicação, desenvolvendo formas mais eficientes de pedir algo, de expressar suas expectativas e de agradecer. Explore melhor também a sua rede de relacionamentos.
Seja mais realista sem, porém, perder o otimismo, a fé e a esperança. No fim, as coisas sempre se ajustam.
Mantenha o foco no presente. Quem dedica tempo demais pensando no passado ou projetando o futuro perde janelas de oportunidade inestimáveis.
Esforce-se, esforce-se… e
Lembre-se da sua própria finitude.
Que nossos sonhos sejam grandes, porém sonhados com “os pés no chão”. Sigamos fazendo o nosso melhor, o que, por si só, já é uma grande conquista, fonte de enorme satisfação. Nada há de nos impedir de tentar. NADA.
“Se você está sofrendo por coisas externas, não são elas que o estão perturbando, mas o seu próprio julgamento sobre elas. Está em seu poder anular esse julgamento, agora.” – Marco Aurélio, filósofo e imperador romano
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Excelente artigo, Gabriel! Me identifiquei muito com ele; fez eu ter outra percepção do momento que estou passando nessa caminhada dos concursos. Nós é que devemos ter o controle sobre nossa mente e não o contrário.
Fiquei muito satisfeita com esta leitura era exatamente o que eu precisava pensar,me emocionei, venho de encontro com o momento que estou vivendo.
🙏💙
Impressionante como me ajuda esses artigos !
Obrigada 😊
❤️💙