Você sabia que o medo de perder é muito mais forte em nós do que a satisfação de ganhar? Esse fenômeno é chamado de “aversão à perda”. Somos programados biologicamente para evitar a dor, a falha e o desconforto, ainda que à custa de crescimento pessoal e realização . Mas e se eu te dissesse que podemos usar essa aversão não como um obstáculo, mas como um motor?
Pois é exatamente isto que proponho: transformar esse instinto de proteção em uma força propulsora. O estímulo do negativo, ou seja, daquilo que não queremos mais tolerar, pode ser um ponto de virada decisivo na nossa história. Como assim? Bem, quando chegamos ao nosso limite, quando a insatisfação atinge um ponto crítico, algo mágico acontece: reconhecemos que há uma linha clara entre o que podemos aceitar e o que é simplesmente inaceitável. É nesse momento de clareza que nasce a coragem de dizer “chega!”.
E o que significa fazer isso? É como desenhar uma linha imaginária no chão, demarcando um ponto a partir do qual não estamos mais dispostos a retroceder. É nesse instante que as engrenagens da mudança começam a girar. Esse grito silencioso, que talvez ninguém mais ouça além de nós mesmos, é o catalisador que põe em movimento uma profunda transformação interior.
Essa transformação, curiosamente, nem sempre nasce da aspiração de ser mais. Às vezes, ela surge do desejo sincero e obstinado de não ser menos – de se recusar, com todas as forças, a aceitar menos do que se merece. É nesse contexto que a palavra “chega”, pronunciada com convicção e altivez, ganha um poder quase mágico. Muito mais que uma mera expressão de revolta ou desespero, torna-se a manifestação de um compromisso solene consigo mesmo, um pacto de honra com o seu eu mais autêntico e valioso.
Agora que entendemos o poder transformador de dizer “chega”, você pode estar se perguntando: como isso se aplica na prática? Como transformar esse conceito em ação concreta?
Bem, comecemos com uma reflexão honesta: quantas vezes você já decidiu que algo tinha de mudar, mas, no fundo, não estava comprometido o suficiente? Veja, não basta declarar que quer uma vida melhor; é preciso efetivamente romper com hábitos e padrões que têm mantido você estagnado. A aversão à perda, que mencionamos no início, torna-se, nesse contexto, uma ferramenta poderosa, porque nos obriga a encarar a realidade crua: enquanto não dissermos “chega” com firmeza e convicção, permaneceremos presos nos mesmos ciclos frustrantes.
Para entender melhor como esse processo de mudança funciona na prática, imagine sua vida como um campo vasto e fértil, porém infestado por ervas daninhas que você nunca se dedica a arrancar. As ervas daninhas são esses padrões, essas pequenas concessões que você faz todos os dias e que, somadas, impedem uma boa colheita. Dizer “chega” é pegar a enxada e começar a cavar fundo, arrancando cada raiz que prende você à mediocridade. Não é fácil, dói, cansa. Mas o que é mais doloroso: continuar vendo seu potencial sufocado ou suar para libertá-lo?
Nesse processo de arrancar as ervas daninhas da sua vida, você pode se deparar com um pensamento comum: “Mas não devemos nos aceitar como somos?” Sim, em parte isso é verdade. A questão crucial, no entanto, é: aceitar o quê e em que medida? Aceitar ficarmos sempre aquém do nosso potencial? Seguir fazendo concessões que agradam apenas aos outros? Nada disso! Nossa revolução pessoal começa quando percebemos que não devemos satisfação a ninguém além de nós mesmos; quando decidimos que não vamos mais tolerar aquilo que nos faz mal. Chega!
Essa decisão pode parecer radical à primeira vista. Mas veja por este ângulo: em vez de se motivar pela mera e infrutífera esperança de algo melhor, tente se motivar pela indignação com o que não funciona. Olhe para a sua vida e, em vez de fingir que está tudo bem, use o desconforto a seu favor. Nós, seres humanos, somos movidos pela dor de maneira tão intensa quanto pela esperança. Então deixe a inconformidade levá-lo além.
E lembre-se: esse processo de dizer “chega” não é sobre desvalorizar o que você já conquistou. Ao contrário, é sobre reconhecer os pequenos sacrifícios que você fez e entender por que até agora eles não renderam todos os frutos esperados. Talvez você descubra que o sacrifício ainda não foi completo, que faltou consistência ou que você estava direcionando seus esforços para os lugares errados, tal qual um atleta de alto desempenho que não vê os resultados desejados e, ao analisar sua rotina, percebe que não tem seguido uma boa dieta ou que vem negligenciando o descanso adequado. O “chega”, nesse caso, não significa abandonar o treino, mas dizer “não” às práticas que estão sabotando o progresso.
Reitero: você deve ser grato pelo que já tem, como eu disse neste artigo, mas jamais deve permitir que essa gratidão se torne justificativa para a inércia. Quando foi a última vez que você ficou verdadeiramente indignado com a sua situação? Refiro-me a uma indignação que faz o estômago revirar e o coração se encher de vontade de mudar. Pois então, essa é a faísca que muitas vezes falta. O “chega” deve ser dito com esse tipo de peso e verdade, a ponto de reverberar em cada parte do seu corpo, derrubando desculpas, afastando a procrastinação e apaziguando medos. O “chega” que transforma é aquele que, uma vez proferido, não dá espaço para voltar atrás.
Então, pergunto: você já disse “chega!”? Se sim, disse com toda a sua verdade? Porque, quando o “chega” vem do fundo da alma, ele é a declaração de que você está pronto para o desconforto da mudança, para a troca do “quase” pelo “fui até o fim”.
Um dia, não muito distante, você se verá olhando para trás e recordando o momento decisivo em que resolveu mudar tudo. Vislumbrará em terceira pessoa aquele instante em que a insatisfação finalmente venceu a acomodação; em que sua gratidão foi usada como trampolim, não mais como âncora. Então, você se sentirá grato mais uma vez, porém não apenas pelo que conquistou mas também pelo ato de coragem de não aceitar menos. Este será o maior presente que você terá dado a si mesmo: uma vida que honra o seu valor e reflete a sua coragem.
Jamais ignore que você tem todo o potencial para alcançar seus objetivos. Diga “chega” para tudo que o impede de crescer e comece hoje mesmo a construir a vida que você merece. Estamos juntos nessa jornada!
Gabriel Granjeiro
CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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