Encarei o monstro: passei no CACD e tornei-me objeto de meu próprio estudo!

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6 de Dezembro de 2016

Guilherme-Ferreira-SorgineGuilherme Ferreira Sorgine, nosso Professor de Política Internacional do Curso de Preparação para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata – CACD do Gran Cursos Online, trilhou trajetória pouco convencional rumo ao Itamaraty. Largou o jornalismo, carreira em que era feliz e bem sucedido, e tornou-se diplomata quase que por acaso, a partir de uma paixão que surgiu aos poucos e tardiamente. Hoje, é um exemplo de sucesso para os candidatos do Concurso.

De modo distinto ao que ocorre com muitos aspirantes à carreira diplomática, como foi comigo[1], o Professor Sorgine não considerava a hipótese de ingressar no Ministério das Relações Exteriores (MRE) até os 25 anos de idade. Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sua área de interesse não passava pela política internacional. Quando ainda era estudante em umas das mais conceituadas instituições de comunicação no Rio, gostava de temas culturais, literatura, música e cinema.

Depois da faculdade, foi efetivado na agência de notícias espanhola EFE, onde era estágio[2]. Lá foi editor de política internacional por mais de 3 anos e aí nasceu seu interesse pelas relações internacionais. Pela necessidade de se aprofundar nos temas com os quais estava trabalhando, buscou especialização Lato Senso em Relações Internacionais na PUC/RIO, muito tradicional na área. Daí tomou gosto pela coisa. Tinha 23 anos e o contato com estudiosos e especialistas em REL e o fez ouvir muito sobre o CACD. Claro que ele sabia da existência do Concurso, mas nunca havia pensado em se apresentar como candidato. Passou, então, a ler sobre a carreira e sobre os temas tratados pelo MRE.

Decidido prestar o CACD, começou a se preparar com os cursos disponíveis no RJ. Estamos no anos de 2009 para 2010. Concomitantemente, iniciou Mestrado em Relações Internacionais (REL) pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Abandonado o jornalismo, decidiu que seu caminho seria mesmo o Itamaraty. Largou o emprego como editor da EFE e passou a se dedicar à preparação ao CACD.

No Exame de 2010, chegou à Terceira Fase, mas foi reprovado. Acha que o que mais o atrapalhou foi a pressão da concorrência, não a falta de estudos. Isso, aliás, é opinião frequente entre candidatos bem preparados. A partir daí, viveu um processo de amadurecimento intelectual e de autocontrole. Não estava ainda preparado pessoal e emocionalmente para o processo de provas sucessivas da Terceira Fase. Nem esperava, diga-se de passagem, chegar a essa etapa do Concurso.

Em 2011, Sorgine foi aprovado, mas ficou fora das vagas, que caíram de 110 em 2010 para apenas 30 vagas no ano seguinte, e ele ficou entre os 40. Somente em 2012, em sua terceira tentativa, quando já havia concluído o mestrado e estava mais tranquilo e preparado psicologicamente, nosso professor conseguiu finalmente ser aprovado entre os 15 primeiros colocados.

Guilherme Sorgine credita sua aprovação a um processo de muita seriedade no trato da substância das matérias estudadas. Teve de lidar com um mundo de temas que algumas pessoas demoram uma década para absorver e ele fez isso em apenas 3 anos. O perfil dos candidatos aprovados no CACD, nesse quesito, é muito parecido com o seu. Em geral, os aprovados não passam na primeira tentativa, pois o tempo necessário de uma preparação adequada costuma ultrapassar um ano.

O ingresso de Sorgine no Instituto Rio Branco (IRBr), em 2012, coincidiu com a de seu Mestrado em Integração Sul-Americana (atualmente ele é doutorando em REL na Universidade de Brasília – UnB). No segundo ano de seu Curso de Formação do IRBr[3], estagiou no Departamento de Promoção Comercial – DPR[4], na Divisão de Investimentos – DINV.

Concluído o Curso de Formação, em 2014, foi lotado na área política[5], por escolha, na então chamada Divisão da África II (DAF-II)[6], responsável pelas  relações do Brasil com países lusófonos e da África Austral. Entre duas atribuições, acompanha as complexidades inerentes às complexas e densas relações do Brasil com países como Moçambique, Angola e África do Sul. Havendo escolhido como tema de estudo em seu Mestrado na UERJ as relações entre países em desenvolvimento, decidiu manter em sua atividade profissional essa mesma linha, daí a escolha pela área político-geográfica africana. Na PUC/RIO, sua dissertação foi sobre as relações Brasil-África durante o Governo Geisel.

Em seu trabalho atual, Sorgine teve a oportunidade de lidar in loco com muitos dos temas sobre os quais escrevia como jornalista e que analisou como acadêmico. Foi indicado como observador eleitoral do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) nas eleições de Guiné-Bissau no começo de 2014 e posteriormente em Moçambique, as quais foram “experiências extremamente marcantes e interessantes dos pontos de vista pessoal e profissional”, conta ele.

No caso da Guiné-Bissau, por exemplo, tratava-se de um país que estava experimentando processo de redemocratização pós-golpe de Estado. Em Moçambique, passou-se algo parecido. O Professor pôde estar no terreno com personalidades como José Ramos-Horta (ex-Presidente do Timor Leste e Prêmio Nobel da Paz); Joaquim Chissano (Presidente de Moçambique entre 1986 e 2005 e figura histórica na libertação africana); Pedro Verona Pires (ex-Presidente de Cabo Verde e um dos heróis na luta anticolonial africana); e Leonardo Simão (ex-Chanceler de Moçambique e também combatente da libertação).

Sorgine acredita que, do ponto de vista pessoal, poder representar o Brasil em eventos como os supracitados é oportunidade ímpar e, no seu caso, justificou o esforço que fez pela aprovação no CACD. Mesmo ainda sendo recém-ingressado na carreira diplomática (Terceiro Secretário[7]) e sem experiência de missão permanente no exterior[8], conta que lida diariamente, muitas vezes em alto nível, com temas muito relevantes para nosso país. “É muito gratificante viver profissionalmente experiências que se estuda para o Concurso. Você passa a fazer parte de seu próprio objeto de estudo”.

Mas para viver essa experiência que tanto valoriza hoje, o Professor Sorgine precisou esforçar-se muito pela aprovação no CACD. Vejamos o que ele considera fundamental para que outros candidatos atinjam o mesmo resultado exitoso.

Nosso professor do Gran Cursos Online observa que, ao encararmos um desafio desses, nosso impulso é estudar o máximo que conseguirmos, “cair para cima dos livros”, estudar a maior quantidade de assuntos que pudermos, tendo em conta o conteúdo que se precisa absorver num curto espaço de tempo.

Para além disso, no entanto, há uma parte de preparação psicológica que é fundamental e costuma ser negligenciada por muitos. “O candidato precisa chegar à prova com pleno controle de suas emoções, especialmente no TPS”, lembra ele. “Essa é uma prova de leitura, mais do que a de redação ou as da Terceira Fase”. Deixar passar um termo, uma palavra que pode mudar o sentido da questão inteira pode ser fatal. Em poucos detalhes, bons candidatos acabam caindo. Sorgine conta que conhece vários candidatos que estudaram mais do que ele e não conseguiram ainda passar nem no Teste de Pré-Seleção (TPS). Ele credito isso a um zelo excessivo à parte substantiva, em detrimento da preparação psicológica.

Isso não quer dizer, é claro, que se deve parar de estudar, mas é preciso haver um amadurecimento interno, pois a concorrência é tão qualificada, que qualquer questão em branco, qualquer pegadinha, qualquer vírgula que não percebeu pode significar a eliminação de um bom candidato do concurso. “Pequenos erros podem ser fatais”, observa ele.

Outra dica que o Professor Sorgine considera importante é estudar não apenas o conteúdo das matérias, mas a própria prova e seu formato. A maneira como o CESPE costuma apresentar seus enunciados e o modo como às vezes tenta “enganar” com pequenas armadilhas costumam se repetir. É fundamental, assim, ler as provas anteriores.

Também é muito importante, segundo sua opinião, fazer ponderação entre as capacidades do candidato e as demandas da prova. Isso fundamental na hora de estudar. Exemplo: Sorgine é jornalista e, por conta de sua experiência profissional na imprensa, tem facilidade com leituras e redação, o que lhe dava segurança para interpretar textos. Economia, entretanto, nunca havia estudado. Assim, decidiu dedicar mais tempo de estudo a essa disciplina que conhecia menos. “O tempo de estudo é escasso, nosso inimigo. Logo, é preciso fazer escolhas, opções sobre o que estudar”.

O Professor recorda, ainda, que o TPS contém disciplinas com mais questões[9], que são, portanto, decisivas. Se o candidato vai mal em inglês, por exemplo, dificilmente será aprovado. Essa prova faz parte de um núcleo duro muito significativo.

As dicas do Professor Guilherme Sorgine ajudam candidato a se sentirem mais seguros e confiantes, o que costuma ser o grande diferencial entre bons candidatos aprovados e reprovados no CACD. Sabe aquela criança que tem medo do monstro dentro do armário em seu quarto e corre para se proteger na cama dos pais? Pois é, o dia em que essa criança resolve abrir a porta do armário e descobre que não há monstro lá dentro, amadurece e perde o medo do desconhecido.

Daí nos afirma Sorgine que “é preciso conhecer o monstro que você vai enfrentar. Isso vai te dar cabeça fria para fazer seu planejamento de estudo”. Quando prestou o Concurso pela primeira vez, em 2010, ele não conhecia o CACD, o que mais se cobrava, as provas anteriores etc. Isso o deixou nervoso, com medo do desconhecido. Dois anos depois, conseguiu abrir o armário e enfrentar o monstro, que deixou de assustá-lo. Hoje, pode contar, com satisfação, que deixou de ver as notícias internacionais na imprensa ou na sala de aula para vê-las ao vivo e tornar-se objeto do que ele mesmo estudava.

[1] Conheça um pouco de minha trajetória profissional em http://blog.vouserdiplomata.com/voce-ja-pensou-em-ser-diplomata-conheca-detalhes-sobre-carreira-no-itamaraty/

[2] A EFE é a quarta maior agência de notícias do mundo.

[3] Conheça o Curso de Formação do IRBr em http://blog.vouserdiplomata.com/o-instituto-rio-branco-e-formacao-continuada-dos-diplomatas/

[4] Sobre a área de promoção comercial do Itamaraty: http://blog.vouserdiplomata.com/a-diplomacia-e-a-promocao-comercial/

[5] Veja como é o acompanhamento dos temas politicos no MRE em http://blog.vouserdiplomata.com/o-acompanhamento-de-temas-politicos-na-diplomacia/

[6] Em reforma recentemente realizada na estrutura do Ministério das Relações Exteriores, a DAF-II passou a chamar-se DIAAL – Divisão da África Austral e Lusófona.

[7] Conheça os níveis da carreira diplomática em http://blog.vouserdiplomata.com/como-um-diplomata-vai-de-terceiro-secretario-embaixador/

[8] Sorgine chegou a ser Encarregado de Negócios do Brasil em Botsuana por 2 meses em 2015, mas em missão transitória. A missão permanente ocorre quando um diplomata é removido para uma Embaixada, Consulado ou Missão junto a organismo internacional. Saiba mais em http://blog.vouserdiplomata.com/como-se-define-o-destino-de-um-diplomata-no-exterior/

[9] Conheça melhor o formato do TPS em  http://blog.vouserdiplomata.com/como-foi-o-tps/


Prof.Jean Marcel Fernandes – Coordenador Científico

Jean MarcelNomeado Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata, em 14/07/2000. Serviu na Embaixada do Brasil em Paris, entre 2001 e 2002. Concluiu o Curso de Formação do Instituto Rio Branco, em julho de 2002. Lotado no Instituto Rio Branco como Chefe da Secretaria, em julho de 2002. Serviu na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, Setor Político, entre 2004 e 2007. Saiba mais AQUI!


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6 de Dezembro de 2016