Na China, os alunos estudam em média 13,8 horas por dia. A título de comparação, a média mundial é de 4,9 horas diárias. Os estudantes chineses sofrem pressão de toda ordem: dos pais, dos professores, da sociedade em geral. A forte competição típica daquela cultura força os alunos a passar estudando até o tempo que deveriam ter livre. Desde muito cedo, eles são condicionados a se dedicar intensamente aos estudos, e esse comportamento quase obsessivo é reforçado durante toda a vida escolar. Palestras desenhadas para elevar o moral dos jovens são frequentes. Nesses eventos, é comum vê-los gritar em uníssono frases como “Eu preciso ir para a faculdade” e “Pai e mãe, eu amo vocês”.
Depois de concluírem o correspondente chinês ao nosso ensino médio, os jovens prestam o Exame Nacional de Admissão à Educação Superior. Com média de mais de dez milhões de inscritos, o “gao kao” ou “Gaeko” é equivalente ao Enem brasileiro. São dois dias de provas com nove horas de duração cada. Não seria exagero comparar esse teste com o que um decatleta olímpico precisa enfrentar.
Diante de tanta competitividade e pressão, o estudante chinês precisa ser muito criativo na elaboração de estratégias que lhe garantam algum diferencial em relação aos concorrentes. As meninas, por exemplo, desenvolveram uma técnica inusitada para se manterem acordadas durante os estudos. O truque é simples: elas amarram os cabelos a uma viga no teto, de modo que os fios sejam puxados toda vez que a estudante começar a cochilar. A estratégia esdrúxula invoca as lendas chinesas sobre sábios que teriam adotado métodos dolorosos para permanecerem alertas.
Isso faz lembrar algumas das estratégias extravagantes adotadas pelos concurseiros que já mencionamos neste espaço, não é verdade? Se você não se lembra delas ou não sabe do que estamos falando, veja aqui o artigo em que abordamos algumas das técnicas que os candidatos são capazes de empregar em busca da aprovação nos concursos mais concorridos do Brasil.
Em tempo: de forma alguma nossa intenção é sugerir que as concurseiras adotem técnicas parecidas como essa das chinesas. Apenas perceba como as pessoas podem passar dos limites para alcançar o sucesso almejado.
“…as seleções têm se tornado cada vez mais competitivas, seja para uma vaga na universidade, seja para um emprego em uma empresa privada, seja ainda para um cargo público.”
Você deve estar se perguntando por que estamos nos referindo aos estudantes chineses se o que nos interessa, aqui, é o universo dos concursos públicos realizados no Brasil. A resposta é simples: pretendemos demonstrar que, em qualquer lugar do mundo, as seleções têm se tornado cada vez mais competitivas, seja para uma vaga na universidade, seja para um emprego em uma empresa privada, seja ainda para um cargo público. Temos vivido em um mercado de demanda, que se caracteriza pela existência de muitos candidatos e poucas vagas. O resultado é a reprovação daqueles que podem ser considerados apenas bons candidatos e o aproveitamento quase que exclusivamente dos candidatos tidos por excelentes. Estamos nos referindo àquelas pessoas que reúnem todas as qualidades que se espera do profissional perfeito: são proativas, ousadas, resistentes, autoconfiantes, motivadas, capazes de se ajustar a qualquer trabalho e a qualquer situação (em síntese: têm inteligência emocional, entre outros atributos).
“Quem consegue ser aprovado numa seleção com esse grau de concorrência? Apenas os candidatos que tiverem traçado boas estratégias para os estudos e para o dia da prova; aqueles que tiverem estudado com método, excelente material didático e apoio de bons mestres; enfim, só os mais bem-orientados.”
No Brasil, já vimos concursos de âmbito nacional cuja relação era de 1,1 mil candidatos disputando uma única vaga. Quem consegue ser aprovado numa seleção com esse grau de concorrência? Apenas os candidatos que tiverem traçado boas estratégias para os estudos e para o dia da prova; aqueles que tiverem estudado com método, excelente material didático e apoio de bons mestres; enfim, só os mais bem-orientados. Não há mais espaço para aventureiros ou preguiçosos na fila dos que se preparam para concurso público.
Dissemos tudo isso até agora para que você, concurseiro, chegue à seguinte conclusão: ao buscar a carreira pública, é preciso ter como referência o mesmo prazer e a mesma motivação que, mais tarde, se terá para desempenhar as funções no serviço público. Essa motivação, é oportuno esclarecer, está dentro de nós. Ela não é resultado de estímulos externos. É algo interno que, como um motor, nos move em busca de cada um de nossos objetivos. Uma pessoa que se sente motivada consegue enxergar que o seu esforço pessoal vai levá-la a conquistar algo que tem uma finalidade bastante clara para si. Ao conquistar esse algo – em nosso contexto, o cargo público –, essa pessoa se verá fazendo o que gosta. Mais do que isso: se sentirá orgulhosa por estar realizando algo que tem utilidade para os outros. Jamais se sentirá cumprindo uma mera obrigação ou passando por um martírio. No entanto, até chegar a esse estágio de satisfação, essa pessoa terá passado por várias etapas desagradáveis e sofrido um necessário desgaste físico e emocional.
O primeiro passo para despertar a motivação e, por extensão, alcançar resultados melhores, é criar uma rotina – repetitiva, devemos ressaltar – de estudos. Seja metódico: levante-se cedo, dirija-se ao local de estudo, sente-se adequadamente e comece a ler, a resumir, a praticar. A atividade deve ser organizada, bem-estruturada, sem distração, sem chateação, sem monotonia e, o mais importante, sem vitimização. Essa rotina tem de ser vista por você como algo prazeroso, como parte de um projeto e único caminho para o êxito na empreitada. O sucesso será consequência. E sinta-se grato por ter a possibilidade de mudar sua vida apenas com seu esforço pessoal; em muitos lugares do mundo, isso é simplesmente impossível.
Quem decide se preparar para concurso público sabe que, dali para a frente, todo o tempo será em cursos preparatórios, em bibliotecas, em salas de estudos e em casa, assistindo a videoaulas no computador ou no tablet. Sabe também que está abrindo mão das baladas e dos fins de semana ociosos, num esforço que faz parte de uma fase que vai passar, como tudo na vida.
“Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam e, então, viva o que eles sonham.”
Se lhe falta inspiração, os nossos medalhistas olímpicos são ótimos exemplos. Eles precisaram se sujeitar a situações desagradáveis, sofrer dores físicas e emocionais e passar por treinamentos repetitivos até serem dignos de conquistar o pódio. Mito do atletismo e invencível em olimpíadas, Usain Bolt disse em recente entrevista que deve seu excelente desempenho a um enorme trabalho de bastidores que poucos conhecem. Ele costumar estar feliz e descontraído no momento das competições porque sabe que fez o dever de casa. Depois de ter seguido uma rotina de operário durante anos e de ter abdicado de muitos prazeres da vida, é mais fácil estar seguro de que, no dia “D”, obterá resultados que os concorrentes nunca sonharam alcançar. O mesmo vale para os concurseiros que se dedicam de verdade à preparação. Já citamos este provérbio japonês uma vez em outro artigo, mas é oportuno mencioná-lo novamente: “Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam e, então, viva o que eles sonham.”
Eis uma última dica: para conseguir melhor rendimento nos estudos, defina bem quais são suas motivações. E saiba que esse exercício consciente funciona melhor se as motivações que você formular tiverem fundamento em uma ideia bacana, de fundo solidário. Quando nossa motivação tem como base uma ideia que nos faz sentir bem, o cérebro assimila melhor as informações, a energia para os estudos aumenta e o estresse diminui. Pense em algo como: “Quero ser um policial federal para ajudar o meu país a acabar com a corrupção na Administração Pública.” Ou: “Quero passar em concurso público para oferecer uma vida melhor para minha família.” Já falamos isso algumas vezes, mas é sempre bom repetir, pois essa mudança de foco tem enorme importância para o sucesso pessoal e profissional.
Aproveite o nosso espaço de comentários abaixo para registrar o que o move, o que o faz persistir. Compartilhe conosco as razões que o fazem desejar tanto entrar para o serviço público. Vamos todos – você e nós do Gran Cursos Online – juntos nesta empreitada. Só vamos parar quando você tiver conquistado o governo como patrão.
Até a próxima semana!
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Gabriel Granjeiro
Diretor-Presidente do Gran Cursos Online
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Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há quase 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
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