A obsessão ganha do talento

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4 de Julho de 2022

Thomas Edison (1847-1931), um dos maiores inventores de todos os tempos, deixou para a posteridade a famosa frase: “O gênio é 1% inspiração e 99% transpiração”. A escritora americana Ann Landers (1918-2002), na mesma linha, também nos legou um belo pensamento: “As oportunidades normalmente se apresentam disfarçadas de trabalho árduo, e é por isso que muitos não as reconhecem”. Dito de outra forma, em qualquer área o sucesso depende de uma dose de talento e de muito, muito esforço. É isso mesmo, caro leitor, na equação para sermos bem-sucedidos em algo, a fórmula é trabalho duro, intenso e contínuo. Não existe mágica: a estrada mais curta é a da dedicação. Sem atalhos.

Quem me conhece sabe que tenho o hábito de trabalhar bastante e em silêncio. É a minha forma de “esperar” que as coisas aconteçam no tempo certo. Por ser ao mesmo tempo obstinado e paciente, posso afirmar: a obsessão sempre ganha do talento, sobretudo do talento apático, acomodado.

Mesmo quem tem algum talento inato pode e deve trabalhar para desenvolvê-lo. Que dirá, então, de quem não foi agraciado desde o nascimento? Veja o meu exemplo: como já confessei aos meus seguidores, não tenho talento natural para falar em público. Sabedor dessa minha “limitação”, carrego no peito um permanente compromisso de superá-la a cada evento do qual participo. Mas, veja bem, trabalhei e trabalho efetivamente para não me tornar refém dessa preocupação. Estudei bastante sobre o tema, pratiquei aulas de teatro e oratória e me submeti a anos de fonoaudiologia… Nem sempre as coisas saem como planejado, é claro, mas fico satisfeito em dizer que não por falta de empenho e dedicação da minha parte. Assim, bem ou mal, já abri e/ou encerrei centenas de eventos presenciais e online para mais de 150 mil pessoas, sempre com uma mensagem a meu ver relevante para nossos alunos ou colaboradores.

Em outra demonstração de resiliência, criei o canal Imparável. Sou introvertido por natureza, por isso nunca havia me imaginado apresentador de vídeos no YouTube. Era algo que estava a anos-luz do meu universo particular. Hoje – quem diria – o canal caminha para quatro anos de conteúdo semanal sem nenhum atraso. Já são mais de 170 entrevistas que, não tenho dúvida, inspiraram e seguem inspirando. E a grande surpresa: não foram poucos os elogios que recebi por minha “capacidade de comunicação”. A fórmula? Obsessão, constância e trabalho.

Também não acho que tenha um talento natural para escrever, como muitos podem pensar. No colégio, sempre me considerei melhor em exatas, e, para você ter uma ideia, até os 21 anos de idade, eu me saía melhor na redação em inglês do que em português, sobretudo em textos longos. Nenhuma surpresa até aí, já que na universidade toda a minha produção “literária” era em língua inglesa, o que naturalmente me deixou meio enferrujado no idioma pátrio. Foi só quando retornei ao Brasil que comecei a me dedicar ao hábito de escrever na minha língua materna. A par disso, passei a estudá-la mais, a ler livros que me ajudaram a aprimorar minha competência linguística e, é claro, a praticar, praticar e praticar, muito e sempre preocupado em me aperfeiçoar a cada dia. Foram centenas de horas (talvez mais de mil) de trabalho duro e em silêncio, sem ninguém ver. Em outras palavras, minha habilidade discursiva foi e vem sendo desenvolvida ao longo do tempo, pautada em muito esforço e comprometimento.

O resultado você tem acompanhado em tempo real. Este é o artigo de número 343 que divulgo neste espaço. São mais de 6 anos, 343 semanas – sem falhar nem uma sequer – publicando mensagens positivas, com a intenção de motivar o leitor a seguir em frente, a superar problemas e a respeitar os próprios limites, sim, mas sem NUNCA temê-los. Três livros nasceram dessa empreitada, e cada um deles em algum momento figurou como best-seller na loja da Amazon. A obsessão em me tornar progressivamente melhor me tornou relativamente hábil com a arte da escrita, mas esse está longe de ser um talento natural. Mais uma vez esforço, insistência e empenho têm feito a diferença para mim.

Algo parecido ocorreu com a empresa que fundei com meu sócio, Rodrigo. Em 2022 o Gran Cursos Online completa 10 anos e, como você deve ter ouvido falar, nos últimos tempos nossas conquistas se multiplicaram. O Gran recebeu o prêmio de empresa mais inovadora da América Latina pela FastCompany e foi apontado pela Época Negócios como uma das 150 que, até o ano de 2030, mudarão a forma como vivemos. Além disso, somos uma das melhores empresas para se trabalhar no Centro-Oeste e recentemente adquirimos um Centro Universitário para ampliar nossa atuação. O que poucos sabem, porém, é que vitórias como essas foram plantadas há quase uma década e vêm sendo nutridas dia após dia, com altos e baixos.

Nem tudo foram flores desde 2012, quando Rodrigo e eu resolvemos nos enveredar por este caminho. Suportamos anos e anos sem nenhum tipo de reconhecimento, ao menos público. Por muito tempo trabalhamos no escuro, 15 horas por dia, se preciso fosse, sem nenhum indício de que nosso esforço seria recompensado no curto prazo. Anos e mais anos se passaram enquanto construíamos uma base, com esmero e dedicação. Muita dedicação. Talento natural não bastava; foi necessário suor mesmo, além de muitas lágrimas. Veja bem, dez anos de trabalho intenso e sem breve retorno não é para qualquer um. Não por outra razão poucos perseveram.

Para desafiar a tese de que a obsessão vence o talento, talvez você evoque a trajetória de certos artistas e atletas famosos que parecem ter ascendido apenas por causa do talento inato. Tudo bem, o argumento é válido, com uma ressalva: mesmo uma pessoa que tenha nascido com certo dom, se decide treinar duro para desenvolvê-lo ainda mais, tem tudo para se tornar imbatível. Geralmente pessoas assim são aqueles casos de sucesso que marcam e inspiram gerações. Porém, posso garantir que mesmo elas, se, em vez de se dedicarem com afinco ao próprio aperfeiçoamento, tentarem se garantir só pelas habilidades naturais que têm, poderão ser sobrepujadas por gente menos talentosa. Pense em Cristiano Ronaldo, talvez o jogador mais constante da história recente do futebol, que hoje, aos 37 anos de idade, tem um físico melhor do que tinha aos 20. É impressionante, mas ele continua jogando em alto nível mesmo decorridas quase duas décadas desde o início da carreira. É, contudo, consensual que ele talvez não seja dos mais talentosos atletas da história do futebol. Neymar, por sua vez, embora pareça ter mais habilidade inata e demonstre enorme ginga com a bola, jamais foi o melhor do mundo. No caso dos estudantes e profissionais comuns como você e eu, posso afirmar sem medo de errar: os gênios são a exceção da exceção. Você vai conhecer um ou outro na sua vida inteira, mas a maioria dos que mudam de vida por meio da educação são os verdadeiramente determinados, os obcecados em se tornarem amanhã melhores do que são hoje.

Cada um de nós nasce com determinados talentos e certas características que podem ditar tendências e rumos. Cabe a mim e a você aproveitá-los, potencializá-los, mas não nos limitarmos a eles. Talentos e dons não devem ser ignorados, é claro, mas podemos descobrir ou desenvolver habilidades que nunca imaginávamos ter. É aí que entram o esforço, a persistência e o trabalho inteligente e árduo.

Algumas pessoas nunca chegam a mostrar ao mundo quem são de fato e o que vieram fazer aqui. Param de confiar em si mesmas, sujeitam-se às preferências alheias e acabam usando máscaras que ocultam sua verdadeira natureza e vocação. Se você criar condições para descobrir quem realmente é, prestando atenção à voz e à força em seu interior, poderá fazer valer o seu destino. Pegue a pedra bruta que há em você e trabalhe-a até se sentir apto a revelar ao mundo o verdadeiro diamante que vinha escondendo.

“Torna-te quem és aprendendo quem és.” – Píndaro (518 a.C.-437 a.C.), poeta da Grécia Antiga

 

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