O trabalho que alivia a dor

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20 de Novembro de 2023

Todos temos lá nossos “causos” de família, acontecimentos que sucederam com um avô, uma avó, um tio, um primo e que são contados e recontados geração após geração a fim de ilustrar como as adversidades podem servir a um grande propósito na vida de qualquer um.

No meu caso, uma dessas histórias narra como meu pai, na época com a mesma idade que tenho hoje, lidou com a dor pela perda prematura do meu avô. Refugiando-se no trabalho e nele canalizando toda sua energia, ele acabou por transformar o maior revés de sua jornada até então em algo que mudou para muito melhor a sua vida e a de incontáveis pessoas a sua volta. Na prática, o trabalho não apenas foi um bálsamo para suas feridas como também o impulsionou a bater recordes de aulas ministradas e a escrever mais de uma dezena de livros, fazendo dele o pioneiro que foi na área dos concursos públicos. Não fosse isso, provavelmente eu nem estaria aqui para contar essa história.

Embora eu não tenha experimentado nada parecido com o luto do meu pai quando ainda tão jovem, me orgulho em poder dizer que segui caminhos semelhantes ao dele sempre que precisei superar dores e desafios. Certamente por conta do sangue que corre em minhas veias, também eu costumo fazer do trabalho uma válvula de escape dos problemas, entregando-me de corpo e alma a projetos em andamento ou criando novos e, como não poderia deixar de ser, colhendo alguns frutos no processo. Foi, aliás, num momento como esses que acabei por criar o Gran, dando forma à ideia que sempre me guiou de ao mesmo tempo construir um negócio inovador e ajudar as pessoas a mudar radicalmente de vida.

Em resumo, o trabalho me serviu bem toda vez que precisei recorrer a ele para esquecer os problemas por alguns momentos. Reconheço, porém, que essa tática pode, na verdade, encobrir uma tendência de mascarar a dor, numa ilusão de controle em tempos de incerteza emocional. Frustrações trazem consigo um sentimento de impotência, e buscar distração nos afazeres profissionais talvez apenas esconda uma vã tentativa de restaurar a normalidade, que, ressalte-se, deixou de existir, sobretudo quando se fala em algo mais grave como a perda de um ente querido ou de algo de valor inestimável. Por isso é tão importante ao menos tentar compreender o luto como um processo complexo e o enfrentamento das emoções como etapa essencial para uma cura legítima.

Verdade seja dita: a prática contumaz de ignorar o luto uma hora afetará negativamente a saúde, com impacto nocivo inclusive nos relacionamentos interpessoais. O hábito de refugiar-se no trabalho ao primeiro sinal de dificuldade termina por afastar amigos e até membros da família, de onde provavelmente partiria o apoio necessário para a pessoa sair da crise. Daí a relevância de encontrar um ponto de equilíbrio entre o pragmatismo e a sensibilidade, numa base sólida para lidar com as perdas de forma sustentável. Afinal, as emoções devem ser processadas e integradas à vida cotidiana em conformidade com a relevância que têm.

A experiência ensina que o luto pode ter as mais diversas fontes. Além da mais evidente, a morte de um ente querido, ele pode se manifestar a partir do fim de um grande amor, da doença de um animalzinho de estimação, da privação de algo com grande valor sentimental… É vital reconhecer a importância de enfrentar e integrar as emoções associadas a esse tipo de sofrimento, e, nesse quesito, é claro que o trabalho pode servir de válvula de escape temporária.

Entra em cena, então, o tal do trabalho com propósito. Veja bem: não se trata, aqui, de uma escolha que meramente proporcione dinheiro. Ser feliz naquilo que fazemos tem muito mais a ver com encontrar significado no cotidiano, de tal forma que, quando precisarmos buscar distração nos afazeres profissionais, eles nos ajudem a atravessar a turbulência com mais leveza e resiliência. Ora, envolver-se com algo que proporcione prazer é bem melhor que dedicar horas e horas a algo maçante.

Mas a palavra-chave permanece sendo “equilíbrio”. A dedicação absoluta ao trabalho, mesmo àquele que efetivamente nos satisfaça, pode desequilibrar a balança e impedir o processo de reconexão consigo mesmo e com os sentimentos envolvidos num processo de luto. Por outro lado, a moderação permite reservar momentos para honrar a memória daqueles que nos deixaram ou apenas expressar emoções de maneira autêntica. Em outras palavras, a introspecção é aliada da expressividade no processo de luto, contribuindo para a aceitação e a construção de uma nova vida após a perda.

Pensando nisso, gostaria de compartilhar com você oito conselhos que, acredito, podem ajudar a aliviar o luto quando ele infelizmente se fizer presente:

1. Aceite as emoções. Permita-se sentir tristeza, raiva e até alegria ao recordar os momentos felizes que ficaram no passado.

2. Busque apoio, conversando sobre seus sentimentos com amigos, familiares ou, se preciso, profissionais de saúde.

3. Cuide de si mesmo, priorizando o seu bem-estar físico e mental.

4. Honre a memória daquele que se foi, celebrando a vida dele ainda que, para isso, seja necessário recorrer a rituais ou evocar tradições.

5. Estabeleça balizas para o seu luto, reconhecendo quando é hora ou lugar de impor limites ao sofrimento.

6. Envolva-se em atividades significativas, engajando-se em hobbies, trabalho voluntário ou práticas espirituais.

7. Seja paciente, ciente de que a cura virá no tempo dela. O luto não segue um cronograma fixo.

8. Por fim, envolva-se no trabalho com temperança, explorando-o como fonte de transformação, e não como meio de negar a realidade.

O luto não é o fim; é o início de uma jornada de autodescoberta e crescimento. Acredite: a dor, se encarada como força motriz, inspira grandes empreendimentos e ações. Eu mesmo já a testemunhei moldando carreiras notáveis. Que tal ser o próximo exemplo disso?

“Perder-se é uma maneira de fazer novos caminhos e quebrar a rotina. Ninguém acha um atalho sem perder antes.” – Fabrício Carpinejar

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