Promessas que mudam tudo

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Imagine a seguinte situação: um pai está desempregado e sem renda até para comprar comida para a família. Tamanho desespero o leva a vender tudo que tinha algum valor na casa. Num dado momento, só lhe restam algumas moedas, que somam vinte e cinco centavos. Ele as entrega ao filho mais velho, que vai até à padaria e compra dois pães. A família, porém, é formada por quatro pessoas e todas precisam… comer. O combinado, então – e na frente dos filhos –, é que o alimento seria das crianças. Os pais dormiriam com fome.

Isso aconteceu. Daniel Santos era uma das crianças que dividiram o jantar naquela noite. Sabe o que ele fez a respeito? Prometeu para si mesmo que estudaria o quanto fosse necessário até conseguir mudar a triste realidade das pessoas que ele amava. Aos vinte anos começou sua saga, vendendo cocada pelas ruas e nos comércios de Feira de Santana, município baiano. Todavia, as vendas não lhe rendiam lá muito dinheiro e, verdade seja dita, não estavam ajudando a família a sair do estado de absoluta necessidade. Foi então que ele passou a prestar atenção nos colegas de semáforo, sobretudo nos que vendiam água mineral – e faturavam alto com isso.

Não demorou nada, ele quis mudar de negócio; deixou as cocadas de lado e resolveu apostar nas garrafinhas de água. Só faltava uma coisa: dinheiro para comprar a mercadoria. Sabedor de que são as dificuldades que criam os imparáveis e se lembrando do Salmo 55:22 (“Entregue suas preocupações ao Senhor, e ele o susterá; jamais permitirá que o justo venha a cair”), reagiu e agiu. O que foi que ele fez? Pediu dinheiro emprestado a uma amiga, comprou alguns fardos de água mineral e os vendeu todos num único dia debaixo de sol no semáforo. Quitou a dívida com a amiga e fez a roda girar: tinha início ali uma rotina que se repetiria por sete longos anos.

Mas ele não parou por aí. Decidiu que, entre uma venda e outra, focaria nos estudos. Seu objetivo era ser aprovado em algum concurso público que lhe garantisse estabilidade e qualidade de vida. Daniel não tinha a menor dúvida quanto ao poder transformador da educação. Confiava que não perderia nada por se dedicar aos estudos; ao contrário, ganharia confiança, conhecimento, energia para enfrentar os problemas da vida. A cada dificuldade superada, ele nos confidenciou em entrevista, tinha mais certeza de que era imparável.

Antes de enveredar pela vida de concurseiro, cabe registrar que Daniel precisou sair da escola no último ano do ensino médio para cumprir seu dever de cidadão no serviço militar obrigatório. No início foi frustrante, mas ele decidiu que daria o melhor de si também naquela tarefa. Acabou se destacando na tropa. Deu baixa do Exército, concluiu o ensino médio e entrou para a faculdade de engenharia civil, que logo teve de largar por não conseguir conciliá-la com a rotina de trabalho: a faculdade ficava longe demais. Acabou sendo o emprego informal de vender água mineral nos semáforos de Feira de Santana que o sustentou e lhe deu a chance de percorrer o Brasil prestando concursos.

Não pense que com o tempo as coisas foram ficando mais fáceis para o jovem baiano. Aos 27 anos de idade, na fila dos concursos há 5 e ainda sem um emprego formal, de carteira assinada, nosso herói tinha, de concreto, apenas uma promessa. Lembra-se?

Além disso, seu sonho era ser policial.

Então, com muita fé na mochila e alguns trocados na carteira, Daniel foi fazer prova país afora. Sucederam-se 27 concursos, 3 aprovações e 1 nomeação. Foram muitos anos pedindo carona pelas estradas brasileiras. Numa delas, calhou de o motorista ter sido seu colega no Exército. O homem não só ajudou com o deslocamento de Daniel até o local de prova como permitiu que o antigo colega de armas dormisse na boleia do caminhão nas noites anteriores às provas. Fez mais: deu dinheiro para o concurseiro pagar a diária em uma pequena pousada próxima ao local onde seria o concurso que Daniel enfrentaria.

Quem tem amigos tem tudo. No caso de Daniel, ele pôde contar com muitos deles, mas não era só isso. Ele também carregava no peito e na alma a certeza de que, na vida, há tempo para tudo, inclusive para a realização de sonhos. Os seus, ele tinha certeza, seriam concretizados. Sua fé era inabalável. Ele não sabia quando, mas seria, sim, aprovado e nomeado servidor público. Assim, em tudo que fazia, Daniel incluía Deus, não como um servo que tudo faz pelos outros, mas como um parceiro, alguém que está junto e misturado para enfrentar o que der e vier.

Numa de suas viagens de concurseiro, Daniel até conseguiu dinheiro para a hospedagem, mas não para a comida. Então, combinou de cozinhar para os três colegas de quarto – e concorrentes seus no certame – em troca de café da manhã, almoço e janta. Aqui, não tenho dúvida, foi Deus sinalizando ao futuro policial que Ele estava na parada, que era sócio do negócio e que Daniel deveria aproveitar aquela experiência para evoluir como ser humano. O rapaz ainda não podia imaginar, mas, lá na frente, os atributos que lhe vinham sendo exigidos como concurseiro pobre – paciência, humildade, resiliência, equilíbrio emocional, coragem – voltariam à carga quando ele estivesse na função de servir a Sua Excelência o cidadão.

Como ocorre em toda jornada, surgiram alguns anjos na de Daniel, e eis que ele deparou com as aulas gratuitas oferecidas pelo Gran Cursos Online. Para alguém como ele, que não tinha dinheiro para praticamente nada, foi, de novo, Deus dizendo: “Aproveite aí o cavalo selado. Não desperdice a oportunidade.” Ele não desperdiçou. Assistiu a cada uma das aulas disponibilizadas e devorou todo material que aparecia, a fim de se tornar mais e mais competitivo na briga por uma carreira no serviço público.

Em resumo, o guerreiro Daniel apanhou muito nas estradas nem sempre bem-pavimentadas do mundo dos concursos. Mas ele sempre agiu como quem entende que cair e conseguir se reerguer, aprendendo com a queda, é o segredo dos vitoriosos. É claro que em algumas situações de aperreio, nosso imparável chorou. Porém, pensou na família, enxugou as lágrimas e mandou a tristeza às favas. Afinal, ele não tinha tempo a perder em conversa fiada com essa senhora.

Os grandes guerreiros são como Daniel: não nascem prontos, sendo moldados na arena de luta enquanto enfrentam adversários mais fortes. Os maiores campeões de que se tem notícia compreendem que a vitória não é mérito dos arrogantes, dos presunçosos, dos talentosos, desprovidos de humildade, virtude inerente a quem almeja aprender sempre e mais. As conquistas estão, sim, ao alcance dos ousados, de quem tem visão sistêmica e uma boa dose de competitividade; enfim, dos iluminados que seguem na companhia de gente disposta a ensinar. Pessoas de bravura como o nosso Daniel, pensam e agem segundo o ensinamento de Platão: “Vencer a si próprio é a maior das vitórias.”

A história do nosso protagonista não chegou ao fim, é claro; ele está vivo e bem. Mas os resultados de sua incansável luta vieram calar os ignorantes e pregadores do caos, os torcedores do contra. O nosso imparável é hoje policial militar da Bahia. Realizou seu maior sonho pessoal e profissional, deixando a condição de vendedor de água mineral no semáforo para se tornar autoridade em seu estado.

Ele é prova viva de um mote que adotamos aqui, no Gran: todo mundo pode.

Nos próximos dias, sairá um documentário emocionante com a história de Daniel. Foi produzido lá em Feira de Santana, onde nossa equipe esteve a fim de registrar tudo da maneira mais fiel possível.

Gostaria que você se inspirasse no exemplo dele. Faça para si mesmo(a) uma promessa capaz de mudar tudo e não meça esforços para cumpri-la.

Você também pode.

 

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