Pare de se comparar com os outros

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Você não pode usar a aparência de outra pessoa para medir o valor da sua essência.” – Dr. Pedro Calabrez

Poucos dias atrás, o Instagram deu um passo ousado: mudando drasticamente sua política, deixou de mostrar o número de curtidas das publicações. Desde então, esse dado é visível exclusivamente para os autores dos posts. A ideia é evitar que as pessoas foquem em comparar a quantidade de curtidas, desvirtuando o propósito original da rede: viabilizar o compartilhamento de boas histórias.

A medida tem fundamento. Num contexto em que as mídias sociais têm sido cada vez mais associadas ao crescente aumento dos índices de depressão, o indicador de curtidas parecia ser mais um fator a desencadear nos usuários extrema angústia, tristeza e frustração, na medida em que estimulava a já excessiva comparação entre a vida real do ser humano por trás do internauta e a vida “perfeita” mostrada em perfis na internet. Cientes disso, os gestores do aplicativo decidiram cortar essa métrica, pelo menos por enquanto. Acompanhando toda a celeuma instaurada com a medida, enxerguei na questão um tema muitíssimo importante e oportuno para o momento. Vamos, hoje, então, conversar sobre a necessidade de pararmos de nos comparar com o próximo.

Parece clichê, mas a verdade é que ninguém é igual a ninguém, e há, sim, pessoas mais habilidosas do que nós em algumas tarefas. A raça humana é incrivelmente complexa, e existem pessoas felizes e infelizes na base, no meio ou no topo da pirâmide econômico-social. Em todas as castas, homens e mulheres adoecem, crianças sofrem traumas, adultos entram em crise.

Pois é, amigo… Não importa o quanto você seja diferenciado, único, inteligente ou bom em algo, parece sempre haver alguém melhor por aí. Não interessa o valor de suas realizações, o mundo – real ou virtual – é implacável em destruir sua autoestima, apresentando-lhe pessoas mais bem-sucedidas do que você. Parece clichê, mas a verdade é que ninguém é igual a ninguém, e há, sim, pessoas mais habilidosas do que nós em algumas tarefas. A raça humana é incrivelmente complexa, e existem pessoas felizes e infelizes na base, no meio ou no topo da pirâmide econômico-social. Em todas as castas, homens e mulheres adoecem, crianças sofrem traumas, adultos entram em crise. Talvez não seja possível enxergar isso muito bem na superficialidade das redes sociais, nas conversas de escritório ou nas confraternizações esporádicas, mas nem por isso deixa de ser fato. Apenas nós mesmos sabemos o que se passa dentro de nós.

Inúmeros estudos indicam que a felicidade está diretamente vinculada a nossa capacidade de cultivar relacionamentos saudáveis, e isso parece ter origem em nossa natureza, a mais sociável entre as espécies. O ser humano foi mesmo programado para viver em grupo. Indo de encontro ao que é padrão no reino animal, nascemos completamente indefesos e incapazes de sobreviver sozinhos. Um bebê golfinho é capaz de nadar desde o nascimento, e um leãozinho precisa de apenas dois meses para começar a andar. Já uma criança humana é completamente dependente dos pais, e isso por muitos anos. Naturalmente, essa característica se desdobra em aspectos emocionais e cognitivos bem peculiares. Não é por outra razão que nossos sentimentos mais fortes, como amor, paixão e ódio, envolvem outras pessoas. É, portanto, natural essa nossa tendência de nos compararmos com os outros.

As pessoas reais se escondem por trás de avatares e estão longe de mostrar a vida como ela é.

Mas o ponto central da moderna discussão sobre os malefícios das redes sociais nesse campo está relacionado aos filtros utilizados no mundo virtual. Você não vê, nas redes sociais, muitas fotos de velórios, vê? Tampouco costuma ler posts do tipo: “Nossa, hoje passei duas horas no banheiro depois de comer um peixe podre.” As pessoas reais se escondem por trás de avatares e estão longe de mostrar a vida como ela é. Omitem fracassos, mascaram dores e disfarçam frustrações ao mesmo tempo que ressaltam vitórias e tratam a própria imagem em aplicativos embelezadores, pintando com tintas coloridas uma realidade que muitas vezes é só… cinza.

A vida, na internet, não é compartilhada na íntegra, com seus altos e baixos; nem teria como ser, pois não há palco para as chatices e tristezas alheias. Particularmente, até concordo com quem defende a ideia de compartilhar exclusivamente experiências positivas e inspiradoras, com a ressalva de que é preciso treinar as pessoas para que compreendam a superficialidade dos posts e separem o joio do trigo, evitando a angústia de não saber lidar com o gramado supostamente mais verde do vizinho. Afinal, a mera comparação das nossas vivências reais com uma perfeição que só existe no mundo virtual é receita para o fracasso e a infelicidade.

Portanto, concurseiro, concurseira, não perca seu precioso tempo – nem sua inestimável sanidade mental – para se comparar com aquele amigo nascido rico, ou com aquela colega fera em matemática, ou com aquele sujeito capaz de ler como uma máquina, ou com a menina da esquina que come o que quer e ainda assim consegue se manter magra. Você não conhece de verdade a realidade dos outros, nem faz ideia dos desafios por eles enfrentados no dia a dia. Pode ser que a blogueira Fulana tenha mesmo nascido com cartas melhores no baralho da vida em alguns aspectos, mas e em outros? Não tenha dúvida: ela só mostra o que quer no perfil do Instagram, de modo que você não pode nem imaginar os momentos difíceis que se intercalam aos bons em sua vida aparentemente cor-de-rosa. A verdade é que você não sabe da complexidade do próximo, da mesma forma que ele não sabe da sua.

Em termos práticos, há formas de evitar a armadilha da comparação com os outros, embora essa seja, como vimos, uma tendência natural do ser humano. Inspirado nas reflexões do Dr. Pedro Calabrez, Ph.D em Psiquiatria e Psicologia Médica pelo Laboratório de Neurociências Clínicas da Unifesp, vou lhe dar seis dicas a esse respeito:

  1. Identifique os seus gatilhos.

Comece a monitorar os tipos de situação que levam você a se comparar com alguém e faça ajustes para não se deixar cair nessa armadilha de novo. Avalie, por exemplo, se você costuma se comparar com “pessoas” nas redes sociais que, na superfície rasa do mundo digital, parecem levar uma vida melhor do que a sua; se sim, pare de seguir esses perfis. Ou repare se sua reação, ao ouvir uma fofoca qualquer, é analisar a si mesmo em busca dos mesmos defeitos da pessoa objeto dos comentários; em caso positivo, evite os fofoqueiros.

  1. Não use a aparência de outra pessoa para medir o valor da sua essência.

Parafraseando o conselho do Dr. Calabrez que introduz este artigo, meu conselho é: nada de medir a si mesmo com base no que vê em outras pessoas. Só você sabe o que se passa dentro de si, e só você conhece suas dores, suas alegrias, sua história. Mesmo quem lhe é muito próximo é incapaz de entender 100% da sua complexidade. Ora, como, então, esperar que o espelho das redes sociais reflita com fidelidade a vida dos usuários? Vidas “perfeitas” mostradas na internet precisam passar por um filtro crítico de sua parte, caro leitor. Você não pode saber como é, de fato, a rotina do outro nem medir o que é melhor ou pior nas vivências dele, porque nunca conseguirá estar na pele da outra pessoa.

  1. Lembre-se de que não existe perfeição.

A vida do ser humano raramente é pautada pelas vitórias; a regra é ser marcada pelos desafios. O sucesso é medido muito mais pela capacidade de enfrentar as adversidades do que pela habilidade de abrir os braços para os bons momentos. Não existe nem nunca existirá uma vida perfeita. Pense por um instante nos inúmeros casos de artistas famosos, milionários e bonitos que abusam das drogas, entram em depressão ou mesmo cometem suicídio. Percebe como o ser humano não é uma equação de curtidas?

  1. Pare de justificar sua inação apontando o dedo para outras pessoas.

Estamos fadados ao fracasso se medirmos nossas habilidades pelas dos outros, pois sempre haverá alguém mais habilidoso do que nós em algo. A melhor forma de lidar com isso é reconhecer nossas limitações e investir no que temos sob controle: nós mesmos e nossas ações. Então, concurseiro, faça o melhor com as cartas que você recebeu da vida. Lembre que o esforço vence o talento na maioria dos casos. Mesmo os maiores jogadores de futebol, os artistas mais geniais e os empreendedores bilionários se dedicaram muito antes de atingirem o topo. Persistência e constância estão em seu controle; saiba manejá-las a seu favor. Você pode aprender qualquer coisa, ainda que demore um pouco mais do que demorou para outras pessoas. Não importa, porque só você é você.

  1. Troque a comparação pela inspiração.

Já escrevi um artigo sobre os tipos de inveja: a sabotadora e a inveja-espelho. Em resumo, a depender da forma como você se compara a alguém, estará nutrindo inveja do tipo sabotador, que lhe atrapalha os sonhos e gera rancor, raiva e angústia, entre outros sentimentos ruins, ou inveja do tipo espelho, uma forma virtuosa de se comparar ao outro. Nesta, o objeto de comparação é tido como fonte de inspiração, a estimular em você condutas positivas e voltadas ao desenvolvimento pessoal. A premissa é: “se ele conseguiu, eu também consigo.” Pense nisso.

  1. Seja grato por ter ganhado na maior loteria do universo.

Você nasceu, embora a chance de isso ocorrer seja de 1 em 400 trilhões. Você ganhou na maior loteria do universo, meu caro, então aproveite! Não me venha com um “ah, pra você, falar é fácil. É jovem, tem boa saúde, preside uma empresa sólida e teve uma excelente educação. Minha situação é completamente diferente”. Veja bem: isso é uma comparação, e das ruins! Você não faz ideia das lutas que enfrentei e ainda enfrento; não sabe o que é estar na minha pele, nem eu sei como é estar na sua. Se a maturidade me ensinou algo, é que não nos resta alternativa a não ser, como ensina o mestre Mario Sergio Cortella, “fazer o melhor, na condição que temos, enquanto não temos condições para fazer melhor ainda”. Considero inadmissível uma pessoa com saúde reclamar do que quer que seja, ignorando condições como a de Marcos Rossi, que, mesmo sem nenhum dos membros inferiores e superiores, é capaz de inspirar milhões de pessoas com o sempre presente sorriso no rosto. E o que dizer de gente como Stephen Hawking, que viveu décadas com paralisia total e, ainda assim, desenvolveu um belíssimo trabalho que lhe rendeu notoriedade mundial no campo científico? Em outras palavras, meu amigo, minha amiga, você pode escolher se vai lutar ou se prefere continuar fazendo comparações inúteis com quem calhou de ser melhor do que você em algo. Repito: você ganhou o dom da vida. Cabe a você usá-lo em seu benefício.

Em síntese: pare de olhar para a grama do vizinho, ou você vai acabar se esquecendo de cuidar da sua.

Se concorda com esta mensagem, registre nos comentários: “Parei de me comparar!”. E vamos à luta!

Compare a si mesmo com quem você foi ontem, não com quem outra pessoa é hoje.” – Jordan B. Peterson, autor best-seller e professor de Harvard.

PS: Siga-me (moderadamente, é claro) em minha página no Facebook e em meu perfil no Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

 

 

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