Nossos antepassados pagaram um preço mais alto

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Estamos vivendo dias difíceis no enfrentamento da pandemia provocada pelo novo Coronavírus. Ao mesmo tempo, lidamos com o mais perigoso vírus não biológico de todos os tempos: o medo. Parece até que estamos vivendo um pesadelo, em meio a desinformação, fake news, wrong news, ignorância, desatenção, exploração, egoísmo, histeria. São dias em que a Terra parou, e muita gente tem pedido pra descer, ou pra sair. Talvez você já esteja cansado de ouvir que é preciso ter calma, prudência e paciência. Eu mesmo sou um dos que dizem isso. Mas há algo que falarei, a seguir, que será um pouco diferente. Soará agressivo, mas lá vai: isto tudo não é NADA diante do que nossos antepassados viveram. 

Há uma razão para eu acreditar nisso. Pouco mais de um século atrás, a normalidade, no mundo, era a pobreza. Não qualquer pobreza. Extrema pobreza. Guerras eram frequentes, senão a regra. A brutalidade humana que hoje geralmente vemos apenas nos filmes de Hollywood era real e mais comum do que podemos imaginar. A democracia era incipiente e, na maioria dos países onde havia sido alcançada, custou a vida de milhões de pessoas que lutaram para pavimentar um mundo melhor para os filhos e netos. 

Portanto, amigo leitor, não importa a gravidade da escassez nem o grau da ansiedade que você está vivenciando agora, saiba que, há apenas algumas décadas, era muito pior. Faltar comida era rotina. Morrer no hospital (ou pela ausência de um) era tão, tão frequente… Nossos antepassados não eram convocados para quarentenas, mas para guerras sangrentas. Os sacrifícios a que se submeteram foi o que nos permitiu atingir o melhor momento da história e usufruir de períodos de bonança e evolução social e tecnológica. 

Volte aos livros de história e leia sobre o segundo conflito militar global, que durou de 1939 a 1945, envolveu todas as grandes potências da época e mobilizou cerca de 100 milhões de militares. Calcula-se que a guerra tenha tirado a vida de mais de 85 milhões de pessoas, das quais 50 milhões civis. Foram 6 anos, e não meses, de tensão até que a espécie humana voltasse a ter alguma paz e liberdade. Boa parte dos soldados era formada de meninos de 18 anos. Mal tinham começado a viver e eram convocados para lutar sem o preparo adequado. Injusto, claro, mas foi o que ocorreu. E isso foi só na Segunda Guerra Mundial. Se retrocedermos mais no tempo, veremos outros dados igualmente terríveis, pois o mundo vivia em guerra.  

É por essa razão que afirmo sem medo: nunca estivemos tão prontos para vencer uma doença de alcance mundial como a que vem sendo chamada de Covid-19. Basta lembrar que pandemias de cerca de um século atrás matavam dezenas ou centenas de milhões de homens, mulheres e crianças, indiscriminadamente, ao passo que esta, no pior dos cenários, matará milhares, número concentrado sobretudo em idosos ou pessoas com alguma condição prévia de saúde. Obviamente, cada vida é preciosa demais para ser considerada descartável, mas não há comparação entre o poder mortal das doenças antes e na atualidade. 

Logo, a missão desta geração, embora assustadora, é simples quando comparada à dos nossos avós, bisavós e tataravós. Nosso chamamento é para o isolamento social. Ficaremos em casa, longe dos pregadores do caos e perto dos livros, dos PDFs, das videoaulas. Em alguns casos, manteremos afastadas pessoas queridas, mas apenas fisicamente, pois dispomos da internet para conversar com elas por videochamadas, por exemplo. Enfim, aproveitaremos todas as vantagens da modernidade que a coragem de muitos nos proporcionou há algumas décadas, até que, em breve, possamos retornar à vida normal. A diferença será que alguns – aqueles que tiverem aproveitado a quarentena para estudar e ler bastante – estarão mais bem-preparados na esfera intelectual e fortalecidos na espiritual. 

Uma palavra antes de concluir: precisamos ser cautelosos em meio à crise para não sucumbir à histeria. O saudoso Rui Barbosa, uma das pessoas mais inteligentes de seu tempo, alertava em relação à síndrome da paranoia: “Teorias há cujo fruto prático é a desordem e o extermínio”. É natural a ansiedade bater forte em momentos como o que estamos passando. Mas imagino que ninguém queira viver com medo nem liderar ou ser liderado com base nesse sentimento. Falo por mim: coragem e fé são valores que considero essenciais. Contudo, quando o temor começa a se instalar, acabo agindo de maneira que não se alinha com a minha integridade. Nessas horas, lembro desta frase do consultor Joseph Campbell: “A caverna onde você tem medo de entrar guarda o tesouro que você busca”. 

Faça um esforço, amigo concurseiro. Tente aproveitar esta guerra, que tomou a forma de “prisão domiciliar”, para investir em você, em sua qualificação, em sua preparação intelectual. Você está no conforto de casa e munido de todas as ferramentas que a tecnologia da educação digital propicia, então concentre-se no 1% que é o essencial na vida. Sei que muitas pessoas precisarão se reinventar nas próximas semanas, talvez meses, já que tudo indica que as consequências econômicas serão graves. Mas reitero: quando você estiver pensando em desistir, pense em seus antepassados, que enfrentaram situações muito piores. Você, eu, nós somos fortes e venceremos. 

Da nossa parte, saiba que estamos aqui, em quarentena, a distância, mas ao mesmo tempo próximos, e trabalhando intensamente, prontos para ajudar no que você precisar. A sua determinação em ter uma vida melhor por meio do ingresso no serviço público não pode acabar, nem esmorecer! 

Vamos passar por isto.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

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