Como a dor pode ajudar

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9 de Setembro de 2019

Fratura exposta dói, picada de cobra dói, fechar a porta do carro no dedo dói. Muito! Pedra no rim, segundo dizem (e eu acredito), dói. Pra caramba! E ainda tem a dor do parto, a dor de dente, a dor de ouvido, entre tantas outras sensações penosas, desagradáveis, fruto da excitação de terminações nervosas sensíveis a estímulos. Além das dores físicas, há outras que, embora não sejam sentidas no corpo, nem por isso são menos concretas. A dor de ser traído, a tristeza de perder alguém, a frustração de ser reprovado num concurso, o sofrimento de se ver no fundo do poço são exemplos de tormentos que não atingem nosso corpo, mas nossa alma. Entre essas aflições do espírito, algumas são só ruins mesmo e ponto final; não trazem nada de útil. Outras são dores “boas”, edificantes; aquele tipo de experiência da qual conseguimos extrair algo de bom sempre ou pelo menos de vez em quando.

A dor é resultado de um processo bastante complexo já compreendido pela ciência. Simplificadamente, pode ser descrita como uma experiência sensorial decorrente de estímulos nocivos que chegam ativando receptores nos nervos através da medula espinhal – a “secretária”, para usar da metáfora –, que avalia se o intruso é importante ou não, se pode ou não fazer mal, se deve ou não ser recebido pelo “chefe” – o cérebro –, que, por sua vez, decide se o sinal percebido por nós como dor deve se manifestar. Em tempo: a “secretária” pode aumentar a potência da mensagem e do sinal, mesmo que a causa real seja inofensiva. Tenso, não é?

A sensação física de dor pode ser encarada como um aviso do corpo, a forma como ele manifesta a necessidade de cuidados. Sem esse alerta, talvez o indivíduo não fosse despertado para uma condição médica perigosa. Sem a sensação dolorosa que, por exemplo, um membro quebrado produz, talvez uma criança não chorasse pedindo ajuda aos pais após um acidente e o ferimento evoluísse para uma infecção fatal. Se a cabeça não doesse durante um pico de pressão de arterial, talvez o hipertenso não procurasse socorro a tempo de evitar um acidente vascular cerebral. Percebe como seria extremamente perigoso não sentir dor?

Mas não é sobre isso que queremos falar em nossa conversa de hoje. Não trataremos das dores físicas facilmente aliviadas com a administração de um analgésico. Tampouco pretendemos romantizar a dor da alma, forma poética de se referir a problemas de ordem emocional que vão muito além dos tormentos físicos listados algumas linhas acima. Abordaremos, sim, aquela dor emocional incômoda, capaz de nos tirar da zona de conforto. Aquela dor salutar, tendo em vista que nos leva a reagir.

Estamos nos referindo à dor provocada pela falta de dinheiro, à dor palpável de quem se sente um perdedor, à dor experimentada por quem sabe muito bem que está privando a família da qualidade de vida que merece. Sentir esse tipo de dor é bom na medida em que ela nos lembra o tempo todo de que aquela condição não nos agrada; é bom porque nos faz querer lutar com unhas e dentes para mudar a situação. Essa dor desenha um destino para nós. Ela nos guia em nosso caminho.

“Não há outro jeito: precisamos sentir dor para compreendermos que algo está errado, para fazermos uma autorreflexão, para evoluirmos.”

O termo “dor” e seus sinônimos aparecem dezenas de vezes nas Escrituras, geralmente associados à importância da experiência para o amadurecimento do indivíduo. A dor é tão certa como a morte. Nesse sentido, nos faz lembrar com frequência de nossa finitude, de nossas fraquezas, de nossa frágil condição humana. Não há outro jeito: precisamos sentir dor para compreendermos que algo está errado, para fazermos uma autorreflexão, para evoluirmos.

É na dor – e não em um passeio pelas ruas de Paris –, que aprendemos as lições mais valiosas. O problema não é, portanto, o que acontece de ruim em sua vida, amigo leitor; é a forma como você reage aos contratempos. Guarde esta verdade: sentir dor é normal e esperado; o problema – e a solução – é o que você faz ao ter de lidar com o sofrimento. Há pessoas capazes de passar a vida inteira com uma dor fina ali, sempre presente, a ponto de, depois de algum tempo, se tornarem anestesiadas. Há outras, contudo, que reagem logo e procuram a cura definitiva. Vão à luta.

“Note bem: estou falando de transformar a dor em combustível para o foguete que deve ser a vida; estou defendendo a ideia de converter o sofrimento em energia para ir em busca da merecida felicidade.”

Não à toa, muita gente se entrega às drogas para aliviar dores emocionais muito intensas. O impulso é querer se livrar das aflições a qualquer custo e, à semelhança da cura para a dor física, recorrer a remédios. Contudo, meu amigo, minha amiga, essa está longe de ser a solução ideal. Acabar com a dor da inquietação significa fulminar todas as suas possibilidades de construir um futuro melhor. Sem algo a tirar você da zona de conforto, a tendência é permanecer na mesmice, conformado com o que o destino lhe legou. Note bem: estou falando de transformar a dor em combustível para o foguete que deve ser a vida; estou defendendo a ideia de converter o sofrimento em energia para ir em busca da merecida felicidade.

Você se aflige toda vez que se olha no espelho e entende que está ali a imagem do único responsável por sua situação atual? Então explore essa dor, concurseiro. É ela que o fará se colocar como sujeito dos seus atos e impedirá você de culpar quem quer que seja por sua infelicidade. Assuma o protagonismo da sua vida! De noite, no sofá, enquanto assiste a um programa qualquer – perdendo horas preciosas –, note que, ao seu lado, está alguém querido que depende completamente de você e de sua resiliência. Encontre algum significado para a sua vida e motivos para superar suas falhas. Não se poupe da dor quando descobrir que confiou nas pessoas erradas ou que a gratidão dos outros nunca virá. Sorva cada gota amarga da decepção que o acometer quando perceber uma grave injustiça. Esse tipo de dor precisa ter utilidade para você. Turbine com ela o seu espírito, sua força interior, e siga em frente.

“A dor, caro leitor, se administrada da maneira correta, pode conduzi-lo para o próximo nível. Valorizamos tanto histórias de superação justamente porque sabemos que as pessoas envolvidas nunca mais cairão.”

Pode ser que a dor venha na forma do desemprego. Se for esse o caso, encare-a, ciente de que ela é absolutamente necessária para que você persiga a estabilidade de um CARGO público e se torne uma AUTORIDADE. Saiba que muita gente precisou passar por isso para despertar a motivação que faltava para ir além. A dor, caro leitor, se administrada da maneira correta, pode conduzi-lo para o próximo nível. Valorizamos tanto histórias de superação justamente porque sabemos que as pessoas envolvidas nunca mais cairão. As dores mais intensas, quando vencidas, dão credibilidade e inspiram o próximo. Se as deixássemos para trás, perderíamos preciosas oportunidades de aprender.

“Precisamos aceitar o que passou e seguir adiante, buscando orgulhar quem partiu dando o melhor de nós aqui, na terra.”

A dor é, em resumo, necessária, por mais que, em alguns casos, como na morte de um ente querido, ela seja apenas ruim. Não há explicação. Não há o que fazer. Precisamos aceitar o que passou e seguir adiante, buscando orgulhar quem partiu dando o melhor de nós aqui, na terra.

Amigo, amiga, se você nunca sentir a dor da inquietude e reagir a ela, chegará o momento em que sentirá a dor do remorso, do arrependimento. Essa, sim, é cruel. Não traz paz nunca, e para ela ainda não há remédio nem tratamento. Nem mesmo o tempo pode curá-la.

No meio da dor, você pode descobrir o seu propósito. No meio do sofrimento, pode ouvir o seu chamado. No meio de um deserto, pode descobrir a direção certa rumo ao seu destino. A dor pode ajudá-lo mais do que você imagina.

Se concorda com esta mensagem, comente abaixo: “Seguirei meu destino!”. E venha conosco!

Vamos, juntos, em direção aos nossos mais sublimes sonhos!

Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente.” – William Shakespeare

PS: Siga-me (moderadamente, é claro) em minha página no Facebook e em meu perfil no Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

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9 de Setembro de 2019