“Tentando determinar o que está acontecendo no mundo pela leitura dos jornais é como tentar dizer a hora observando o ponteiro dos segundos de um relógio.” – Ben Hecht, escritor, jornalista e roteirista estadunidense
O bem não dá muito ibope, não vende jornais ou revistas, não prende a atenção dos ouvintes, leitores e assinantes. Fatos ruins, tragédias, atentados etc., por outro lado, rendem enorme audiência, prendem a atenção, despertam o interesse, mobilizam multidões. Não percebemos, mas estamos o tempo todo sujeitos a nos impressionar com as notícias ruins, convencidos de que elas são mais numerosas que as boas. Se não tomarmos cuidado, passamos a achar que o mal sempre vence o bem e que, portanto, é melhor ser pessimista.
A Psicologia até tenta explicar essa nossa atração por notícias ruins. Para os estudiosos da área, o primeiro aspecto a considerar é que o ser humano é curioso por natureza. Ora, tragédias atiçam mais a nossa curiosidade do que qualquer outro tipo de acontecimento. Quem nunca passou por um grupo de curiosos que acompanham o resgate dos feridos em um acidente de trânsito, sem ajudar de maneira efetiva, por exemplo? Um segundo aspecto da psique humana que devemos levar em consideração diz respeito ao nosso instinto de proteção. Temos o impulso natural de analisar um infortúnio que acometeu terceiros pensando em como podemos evitar que desgraça semelhante aconteça com nossos entes queridos ou com nós mesmos. Por último, mas não menos importante: é da nossa natureza sentir alívio quando algo de ruim acontece com outra pessoa e não conosco, daí o deslumbramento pela tragédia alheia. Pode parecer embaraçoso, mas, no fundo, é reconfortante constatar que não fomos nós as vítimas da vez.
Em síntese, é até biológica essa nossa tendência de focar mais no ruim do que no bom; mais no negativo do que no positivo; mais no copo meio vazio do que no meio cheio. No Brasil dos últimos anos, essa tendência vem sendo reforçada ante a crise econômica que se abateu sobre o País, provocando retração em vez de crescimento e atingindo todas as esferas, do público ao privado.
“Era previsível que os pessimistas de plantão, talvez para justificar sua falta de disciplina, de coragem, de perseverança e de foco, e abstendo-se de interpretar direito os fatos e o contexto, disseminassem a manchete bombástica que leram.”
Eis que, nessas difíceis circunstâncias, surge um experiente economista, ministro do atual governo e hábil defensor das reformas em curso, e profere a polêmica declaração de que “suspenderá, no poder executivo federal, os concursos públicos por alguns anos” porque “há servidores demais”. Era previsível que os pessimistas de plantão, talvez para justificar sua falta de disciplina, de coragem, de perseverança e de foco, e abstendo-se de interpretar direito os fatos e o contexto, disseminassem a manchete bombástica que leram.
Ora, concurseiro, se você não se blindar contra esses derrotistas, terá seus sonhos e sua motivação – motivos para ação – destruídos. Estará em terra arrasada.
Não é o que queremos para você. Por isso, na mensagem de hoje, escrita a quatro mãos, o professor Aragonê e eu reunimos alguns argumentos sólidos para demonstrar que os fatos não são tão ruins quanto querem fazer crer por aí e os organizamos em conselhos com o intuito de ajudá-lo a lidar com notícias ruins, dentro e fora do mundo dos concursos.
1. Busque outras fontes da notícia para evitar conclusões precipitadas.
Ouça o que dizem os especialistas no assunto e procure entender o contexto, o que está por trás da manchete do jornal. E não se atenha à chamada. Não raro, o conteúdo da matéria é até positivo, apesar da chamada pessimista. Lembre-se: os veículos de informação costumam se valer de táticas um tanto questionáveis para atrair a atenção do leitor.
No caso das recentes declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, é importante destacar que ele representa o governo federal e no âmbito do executivo, apenas. Mesmo sabendo disso, a mídia costuma divulgar suas declarações como se ele falasse em nome de todos os Poderes (Judiciário, Legislativo e Executivo) e de todas as esferas (federal, estadual e municipal). Repetimos: o ministro só fala pelo Executivo federal. A mídia dificilmente faz esse esclarecimento.
“Ah, então os concursos federais estão mesmo condenados?”, você pode perguntar. A resposta é: não. Dezenas de pessoas passaram pela cadeira de ministro da Economia, e todas elas – sem exceção – defenderam a contenção de gastos. Sério, concurseiro: todas elas em algum momento afirmaram que puxariam o freio de mão ou passariam a tesoura nas despesas. Nada de novo quanto à fala do ministro Paulo Guedes, portanto.
“Mas as palavras do ministro são todas no sentido de que não haverá concursos neste ou nos próximos anos. Isso estava bem claro e não há margem para interpretar outra coisa das palavras dele”, você pode argumentar. Ora, caro leitor, Guedes provavelmente vai continuar repetindo isso por algum tempo. Olhe à sua volta e perceba: o governo vem tentando emplacar uma grande reforma da previdência com a pretensão de poupar mais de um trilhão de reais em uma década. O que se podia esperar da pessoa mais interessada nisso? Num cenário assim, é normal que o ministro da Economia seja incisivo, sobretudo na tentativa de convencer os parlamentares acerca da necessidade de aprovar uma medida impopular como essa, que pode lhes custar até mesmo a reeleição…
Meu amigo, minha amiga, não se engane! Estamos assistindo ao jogo da política, à negociação entre Executivo e Legislativo para garantir a implementação daquele que talvez seja o projeto mais importante do atual governo. Se fosse você a ter de convencer seus familiares da necessidade de promover um grande corte de despesas em casa, acha que seria bem recebido ao retornar de uma ida ao shopping com várias sacolas nos braços? Claro que não! É algo assim que está acontecendo, mas no cenário nacional. Enquanto não aprovar as modificações de seu interesse na previdência, o governo Bolsonaro não vai anunciar novas contratações. Todavia, cá entre nós, sabemos que há uma carência gigantesca de pessoal em diversas áreas, como explicaremos mais à frente.
2. Analise bem os fatos.
Não se deixe contaminar pelos comentários de leigos habituados a espalhar tudo que não presta, às vezes com a intenção de proteger colegas, amigos e familiares. Pessoas como essas não apuram as informações e as compartilham assim mesmo. Não se esqueça: existe o fato, a forma como a mídia noticia o fato e a nossa interpretação individual do fato. A depender da situação, os três podem ser completamente diferentes.
Dito isso, vamos aos fatos.
No INSS, mais de 3 milhões de processos estão parados, à espera de um pente-fino para apurar eventuais fraudes ou irregularidades. Opa! Se as fraudes ou irregularidades se confirmarem, será possível identificar nitidamente um ralo por onde está escoando dinheiro público, contribuindo advinha para o quê? Sim, para o rombo da previdência. Ah, mas a entidade está com no mínimo 11 mil cargos vagos. Percebe como será essencial contratar novos servidores para analisar esses processos represados? Isso mesmo, a realização de concurso para repor essas vagas será a solução para trazer grande economia aos cofres públicos, uma vez que o quadro de pessoal de hoje tem trabalhado muito acima da capacidade.
Agora pense conosco: se o governo está precisando de dinheiro, é natural que ele busque arrecadar mais, certo? Ocorre que o aumento de impostos não costuma ser uma medida muito popular, e a melhor saída é mesmo apertar o cerco na tarefa de fiscalizar. Como fazer isso? Fortalecendo órgãos como a Receita Federal. Por falar nela, o último concurso foi há 5 anos. Com mais de 21 mil cargos vagos das carreiras de analista e de auditor fiscal, a situação lá é tão precária que, desde 2017, tramitam inúmeros processos administrativos com pedidos de no mínimo 2 mil novos servidores.
Talvez você esteja se perguntando se a contratação de servidores é mesmo capaz de gerar maior receita para a União. Afinal, essas pessoas receberão altas remunerações, o que naturalmente impactará as contas públicas.
Em resposta, acompanhe o que aconteceu recentemente aqui, no Distrito Federal, cujo governo precisou adiar o lançamento de edital para a contratação de auditores fiscais da Secretaria de Fazenda. Você poderia deduzir que o motivo do adiamento foi a contenção de gastos. Nada disso! Na verdade, o adiamento foi motivado pela necessidade de ajustes no edital, mas para aumentar o número de cargos oferecidos. É que, depois de assumir o mandato, em 2019, o governador deparou com um déficit muito maior do que esperava e precisou agir.
Veja você que a solução encontrada pelos técnicos para trazer mais recursos ao Estado foi exatamente ampliar o número de servidores responsáveis pela arrecadação. É por essa razão que as áreas de fiscalização, controle e arrecadação, a exemplo de carreiras como as do TCU, da Receita e da CGU, despontam no cenário como grandes apostas de editais a serem lançados em breve, tão logo seja promulgada a reforma da previdência em tramitação.
Aliás, espalham-se por todo o País concursos dirigidos às secretarias estaduais e municipais de Fazenda. Mas nem só das carreiras fiscais vive o governo ou o concurseiro. Este deve apostar também em concursos para o Judiciário, para o Legislativo e, em particular, para a área de segurança pública, no cenário federal, estadual, distrital e municipal. Um país sem segurança entraria em colapso. Reconhecendo isso, o presidente Bolsonaro autorizou a contratação de mais de 2 mil policiais nos primeiros meses de governo. Quanto aos outros poderes da República, vamos a um exemplo concreto: há poucos dias foi lançada seleção para o TRF4 (Poder Judiciário da União), com oportunidades para nível médio e superior em 3 Estados. Logo mais, virá também o concurso para o TRF3, uma vez que recentemente o Conselho da Justiça Federal autorizou 300 nomeações para o ano de 2019.
Viu como existe o fato, a forma como a mídia o noticia e a interpretação individual dele? Não se esqueça de que a imprensa é feita para vender informações que impactem as pessoas a qualquer custo.
3. Tente extrair das notícias o que elas tiverem de bom para você.
Vamos lá, digamos que o concurso dos seus sonhos foi, de fato, adiado. Reflita sobre isso e responda com honestidade: você estaria mesmo pronto se a prova estivesse marcada para daqui a 2 meses? Se a resposta é não, então a notícia do adiamento é benéfica para você, que terá mais tempo para pesquisar, estudar, revisar e treinar. Copo meio cheio, sempre!
Muitas pessoas criticaram, por exemplo, o que ficou conhecido como Decreto dos Concursos. Ora, se o Executivo federal anunciou aos quatro ventos que não fará concursos, por que motivo, então, editou um decreto RE-GU-LA-MEN-TAN-DO as contratações? Trata-se de uma questão de raciocínio lógico, concurseiro. Se o governo fixou regras para os novos concursos no Poder Executivo federal, é porque haverá novos certames, ora!
4. Foque nas oportunidades.
Note que, na mesma matéria em que o ministro Paulo Guedes comunica a suspensão dos concursos públicos, há um dado interessante: mais de 40% dos atuais servidores federais se aposentarão nos próximos 5 anos. Estamos falando de centenas de milhares de vagas fruto da vacância por aposentadoria, sem contar aquelas resultantes da aposentadoria de servidores que já preenchem todos os requisitos para se afastar do trabalho, mas aguardam a idade compulsória – “expulsória” – para irem gozar a vida. Além disso, existem outras formas de vacância, como bem sabemos: demissões, falecimentos, exonerações etc.
Fato concreto é que, só para o mês de junho, aguarda-se a publicação de 35 editais, e olhe que houve mais de 50 publicados no último mês. Em outras palavras, você, concurseiro, pode chorar por causa das declarações de Paulo Guedes ou aproveitar algumas dessas oportunidades. Confira algumas delas AQUI.
5. Não se sinta sozinho nem se deixe abater pelo cenário ruim que ainda enfrentamos no Brasil.
A vida não é feita apenas de notícias boas, e nunca serão só flores em nosso jardim. Se você não está sabendo lidar com isso, proteja-se com as ferramentas que estiverem à mão. Se for necessário, deixe de acompanhar o noticiário, por exemplo. Como diria o escritor Guimarães Rosa, “o animal satisfeito dorme”.
Alternativamente, você pode seguir o conselho do filósofo Mário Sérgio Cortella: “Quem sabe divide. Quem não sabe pergunta”. Não está compreendendo como as coisas funcionam na política e em que medida os fatos são mesmo ruins em relação aos concursos? Informe-se com quem entende do assunto. Nós, do Gran Cursos Online, estamos a sua disposição.
Antes e acima de tudo, concurseiro, fique atento, alerta, focado sempre.
Se concorda com esta mensagem, comente abaixo: “Nada tira meu foco!”. E vamos em frente, com nossa motivação blindada contra as notícias ruins, rumo à realização dos nossos maiores sonhos.
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
Aragonê Fernandes é Juiz de Direito do TJDF; ex-Promotor de Justiça do MPDF; ex-Assessor de Ministros do STJ; ex-Analista do STF; aprovado em vários concursos públicos. Professor de Direito Constitucional em variados cursos preparatórios para concursos.
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