Furei minhas metas. E agora?

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18 de fevereiro6 min. de leitura

Assisti recentemente a uma live do psiquiatra Ítalo Marsili sobre inconstância. O conteúdo desse renomado doutor foi tão relevante que me inspirou a escrever o artigo de hoje, que tem tudo a ver com a realidade do concurseiro.

Você provavelmente definiu certas metas ambiciosas para si próprio no fim do ano passado, no início deste ou, talvez, já há algum tempo, certo? As promessas mais comuns costumam ter a ver com atividades físicas, boa alimentação, organização, disciplina nos estudos, pontualidade… É possível, por exemplo, que, preocupado com a saúde ou a fim de emagrecer rápido, você tenha se comprometido a parar de consumir açúcar e carboidratos. O que acontece, porém, se, apenas uma semana mais tarde, você acaba cedendo ao desejo de comer um pedaço de bolo, um belo prato de massa ou um suculento hambúrguer? Como você se sente quando constata ter furado uma meta importante em pouquíssimo tempo, não importa o quão resoluto você parecia estar no início? O que fazer quando o compromisso parece ter ido água a baixo tão cedo?

Geralmente, definimos as metas mais audaciosas em momentos de euforia, quando tendemos a minimizar as dificuldades, que são inerentes a qualquer projeto importante. É inevitável, então, que, ante a dura realidade, nos apoiemos nas mais previsíveis desculpas para justificar nosso deslize. “Ah, essa dieta não era para mim. Nunca vou emagrecer mesmo. Nasci gordinho”… “Estudar não é algo que eu consiga fazer. Vou é cancelar minha matrícula nesse curso”… Encorajados por pensamentos como esses, ressuscitamos comportamentos indesejados e retornamos à vida de sempre.

Observe o padrão: quando as pessoas percebem que furaram uma meta qualquer, tendem a desistir de todo o projeto. Agem assim por autopreservação: ao desistirem de tudo, evitam reviver a sensação de que falharam. É como se se livrassem do peso da derrota pontual ao optarem pela derrota total. É ou não é uma grande contradição?

Não estranhe se isso acontecer com você, meu amigo, minha amiga. Estamos falando de um fenômeno absolutamente normal. O ser humano tem a tendência de se proteger, física e psicologicamente, de situações frustrantes, e você há de concordar que não conseguir cumprir uma meta difícil é psicologicamente frustrante, uma vez que entendemos isso como fraqueza. Observe o padrão: quando as pessoas percebem que furaram uma meta qualquer, tendem a desistir de todo o projeto. Agem assim por autopreservação: ao desistirem de tudo, evitam reviver a sensação de que falharam. É como se se livrassem do peso da derrota pontual ao optarem pela derrota total. É ou não é uma grande contradição?

Quando compreendemos que somos e sempre seremos falhos, nos tornamos menos impiedosos para com nossos próprios erros.

Ora! Se o furo de uma meta é compreensível, o mesmo não se pode dizer do total abandono de um grande projeto. O melhor a fazer quando se comete uma falha é ter humildade e exercitar um pouco a inteligência: “Pois bem. Comi o bolo. Furei o meu planejamento, mas vou dar um passo para trás e continuar de onde parei.” É preciso ter em mente que não somos nada parecidos com os super-heróis dos quadrinhos e do cinema. Assim, fica mais fácil controlar a frustração. Quando compreendemos que somos e sempre seremos falhos, nos tornamos menos impiedosos para com nossos próprios erros.

Pense comigo: se já faz vinte anos que você come fritura todos os dias, acha mesmo que será fácil acabar com esse hábito da noite para o dia e começar a ingerir apenas alimentos orgânicos e grelhados sem nunca cometer um deslize? Não! Muito provavelmente você vai vacilar um dia ou outro. E o que deve fazer quando isso acontecer? Nada. Apenas aceite essa tendência como algo que você precisa trabalhar. Trate de enxergar o ser humano falho que você é. Depois, recomece. Respire fundo e retome a dieta interrompida.

Reflita um instante: se uma alimentação saudável não fosse um desafio em sua vida, você nem mesmo teria se preocupado em defini-la como meta, não é verdade? Seus problemas seriam outros; você teria outros objetivos a perseguir. É justamente por conhecer a si mesmo tão bem e saber que a má alimentação é um ponto a ser resolvido em sua rotina que você definiu um plano para isso. Se fosse fácil, o preguiçoso não teria como meta se tornar mais ágil, e o hiperativo não teria como meta ser mais focado. Nada mais normal do que nem tudo sair como planejamos quando a caminhada nos impõe algo particularmente desafiador.

Digamos que você é aluno da Assinatura Ilimitada do Gran Cursos Online e quer ser auditor do ISS Curitiba. Para isso, você tem seguido direitinho nossas Rotas da Aprovação, baseadas nas orientações dos nossos coaches sobre a melhor forma de estudar. Imaginemos, porém, que, a certa altura da preparação, você deixa de estudar por alguns dias o que o coach elencou, seja pela razão que for. Sua mãe pode ter ficado doente, seu irmão pode ter precisado da sua ajuda, ou você pode ter simplesmente vacilado. O fato é que você acumulou matérias para estudar. Adianta, agora, ficar se remoendo? Pior: adianta parar de acompanhar o curso de vez, cancelar a matrícula e jogar tudo para o alto apenas porque você deixou de seguir o planejado por alguns dias? Não!

Usando da metáfora, olhe para o retrovisor apenas para não bater enquanto você dirige para a frente.

O que fazer, então? Meu conselho é: retome o controle e se reorganize. Olhe para a frente e aprenda com o passado, mas não se torne refém dele. Usando da metáfora, olhe para o retrovisor apenas para não bater enquanto você dirige para a frente.

O que quero dizer é que reconhecer uma falha pontual e seguir em frente apesar dela é algo bom. É sinal de que se está tentando fazer algo diferente, de que se está trabalhando para perseverar. Claro que não estou dizendo que está tudo bem em errar. Sem dúvida, é muito melhor acertar e fazer de tudo para que as coisas saiam como o planejado. Entretanto, é preciso ser realista. Se você nunca foi um bom aluno na escola, não espere que subitamente você vá entrar numa biblioteca e estudar dez horas seguidas com absoluta concentração, tal qual concurseiros mais experientes que já têm esse hábito. Seria ingênuo da sua parte cogitar essa possibilidade. Mas nem por isso você deve pensar em cancelar o seu curso e abandonar o projeto de se tornar servidor público no primeiro vacilo, na primeira aula que perder ou na primeira bateria de exercícios que deixar de fazer. Afinal, o maior prejudicado de uma decisão infeliz como essa seria você mesmo.

Sem metas ou objetivos na vida – e aqui me refiro a todas as esferas dela –, estaremos assassinando nossa própria história, caro leitor. Estaremos meramente existindo, e não vivendo de verdade. Viver é correr atrás, é errar e acertar, é tropeçar e retomar o equilíbrio, é recomeçar sempre que necessário, é melhorar com a experiência. Fugir desses ciclos significa existir sem nenhuma expectativa, sem nenhuma projeção. Projetar envolve mirar, calcular, arriscar e, algumas vezes, errar.

Se você está atrasado com os estudos, paciência. Refaça o seu planejamento. Recomece agora mesmo. Foque em dar o seu melhor daqui para a frente. E não se martirize pensando que o seu concorrente é uma máquina que nunca falha, alguém que estuda 24 horas por dia. Ele não é.

Se você está atrasado com os estudos, paciência. Refaça o seu planejamento. Recomece agora mesmo. Foque em dar o seu melhor daqui para a frente. E não se martirize pensando que o seu concorrente é uma máquina que nunca falha, alguém que estuda 24 horas por dia. Ele não é. A concorrência é fortíssima, claro; mas, no fim do dia, o candidato do outro lado é um ser humano exatamente como você, sujeito aos mesmos deslizes.

Seja pragmático, concurseiro. Se você tinha previsto começar os estudos no início da semana, mas não o fez, é melhor começar quinta-feira do que só na sexta-feira. Se a quinta-feira já passou, é melhor começar na sexta-feira do que no sábado. Se já é domingo, melhor hoje do que nunca. É preferível ter metas e talvez não cumprir todas do que não ter meta alguma e, por extensão, não ter propósito. Isso, sim, seria triste. O resto são ajustes de percurso. É cair e levantar. É errar para depois acertar.

Portanto, concurseiro, respondendo à pergunta que dá título a este artigo – o que fazer se você furou suas metas? –, eu digo: recomece. Se comeu um bolo de chocolate, já comeu, e pronto. Se faltou todos os meses aos treinos da academia que paga há um ano, já faltou, e pronto. Se não tem aproveitado direito o curso que comprou três meses atrás, já está feito. Pare de sofrer com o que passou. Pare de se punir. Pare de questionar sua capacidade. Estava óbvio desde o início que seria difícil. Você deve, sim, é focar em ser melhor daqui para a frente. Deve comer melhor daqui para a frente. Deve frequentar a academia daqui para a frente. Deve estudar daqui para a frente. Em resumo, deve seguir adiante e só olhar pelo retrovisor quando estritamente necessário. Quem olha demais para trás acaba quebrando o pescoço.

Lembre-se: abandonar de vez as metas para evitar a sensação de derrota é o maior erro que você pode cometer. Isso, sim, seria motivo para se sentir um completo fracassado. Errar em algo presumidamente difícil não só é natural como é até esperado. Somos todos seres humanos falhos que estão aqui justamente para evoluir. Se fôssemos os heróis que idealizamos, estaríamos milionários e teríamos a saúde perfeita e o corpo escultural. Em outras palavras, talvez não precisássemos de mais nada. Não é o caso. Se você está lendo este artigo, é porque sabe que precisa melhorar em alguns aspectos e conhece suas fraquezas. É porque você tem autoconhecimento. E com autoconhecimento é possível ter humildade para aceitar que as falhas fazem parte do processo.

A sabedoria popular ensina que quem faz muito erra muito, quem faz pouco erra pouco, e quem não faz nada não erra nunca. Tenha isso em mente e siga adiante. Você tem tudo para conseguir, desde que não pare.

Se concorda com esta mensagem e vai renovar o compromisso com suas metas de agora em diante, aceitando que você não é nenhum super-herói perfeito, registre nos comentários: “Vou melhorar daqui para a frente!”

Bons estudos e GRAN sucesso,

Referência deste artigo e inspiração para diversos argumentos aqui expostos:

“Pare de reclamar da SUA INCONSTÂNCIA”, Dr. Italo Marsilli.

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Mais artigos para ajudar em sua preparação:


Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

 

 

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