“Um dos melhores jeitos de nos ver com clareza é pedir que os outros segurem um espelho diante de nós.” – Sheryl Sandberg, Diretora de Operações do Facebook, bilionária e escritora
Professores e mestres que tive ao longo da vida sempre me estimularam a assumir riscos. Diziam que é importante tentar compreender os próprios erros e aprender com eles. De fato, essa forma de pensar parece mover o mundo moderno. A ousadia é a base filosófica de empresas típicas do século XXI, como o Facebook, que segue à risca o mantra “Ande rápido e quebre as coisas”, tão comum no Vale do Silício. Hoje, depois de ter saído muito por aí, correndo rápido e “quebrando” as coisas – jamais por omissão, mas por vontade de ser disruptivo, que fique claro –, já assimilei a cultura segundo a qual erros devem ser vistos como oportunidades de aprendizado.
Quem nunca falhou na vida? Quem nunca lamentou ter seguido um instinto que se mostrou equivocado ou ouvido um conselho ruim? Tudo isso é absolutamente normal. Faz parte da vida. Gente de renome confirma essa regra. Elon Musk, por exemplo, conta ter falhado não uma, nem duas, nem três vezes, e isso só no projeto de pousar no mar um foguete da SpaceX. Empresário experiente, ele se preparou para tudo que podia dar errado. Consultou os técnicos sobre os dez maiores problemas que poderiam acontecer na execução do plano e se antecipou a cada um deles. Infelizmente, porém, o que resultou no insucesso foi o de número onze.
Um erro crasso é como palavra dita, flecha lançada, o que aconteceu ontem: já era, não tem volta. Mas nem por isso é o fim do mundo. Pense comigo: quantas ideias boas podem surgir de uma avaliação meticulosa de tudo que deu errado em uma experiência qualquer? Uma avaliação desse tipo é tão produtiva que se tornou praxe na marinha do país mais poderoso do mundo. Nos EUA, os fuzileiros navais fazem avaliações formais após toda sessão de treinamento e, em um repositório acessível a todos, registram as lições que aprenderam. Inspirado nisso, estou até pensando em criar, em nossas redes sociais, um espaço para os concurseiros compartilharem, de forma anônima se preferirem, qual foi o pior vacilo deles durante a preparação. A ideia é um prevenir o erro do outro. Afinal, conhecimento faz toda a diferença, e nada como beber um pouco da fonte dos mais vividos. Sei que não é fácil convencer alguém a ser franco sobre os próprios tropeços, mas também sei que, ao falarmos abertamente sobre eles, temos menos propensão de reproduzi-los.
No meio corporativo, é notável como equipes focadas em aprender com o que não deu certo têm desempenho melhor quando comparadas a outras que não recebem feedback nem aceitam críticas. Não há nada de surpreendente nisso. Afinal, pessoas que lidam bem com a franqueza de terceiros – mantendo os olhos bem abertos, é claro, pois sempre há invejosos que pretendem apenas minar nossa autoconfiança – aceitam melhor o fato de que o desenvolvimento deve ser contínuo em qualquer empresa. No campo individual funciona da mesma forma. Todos temos pontos cegos, fraquezas visíveis aos olhos dos outros, mas não aos nossos. Falo por experiência: em minha trajetória foram muitos os momentos de “cegueira” nos quais precisei ser guiado. Fico feliz por ter podido contar com pessoas iluminadas que exerceram muito bem esse papel. Como conversamos semana passada, às vezes é nosso próprio ego que nos impede de ver o que está bem diante dos olhos (link).
E não pense que a posição de liderança blinda as pessoas. Quanto maior a projeção do líder, mais sujeito ele está a cometer falhas graves. A sabedoria popular ensina que “o peixe começa a feder pela cabeça”, insinuando serem os indivíduos no comando os maiores responsáveis quando algo dá errado. Atento a isso, enquanto líder no Gran, procurei desenvolver meu próprio método para diminuir as chances de ser injusto com alguém (talvez o erro mais grave de um líder): seja qual for a situação, deixo meu interlocutor expressar seu ponto de vista primeiro, e só depois, munido de todos os elementos que podia colher, expresso o meu. Acredito que ter paciência e saber ouvir são a chave para errar menos.
Mas eis que, apesar de todas as tentativas de não falhar, cometo um erro – confesso que já estou perto de esgotar a minha cota deles. Nesse caso, assumo totalmente a responsabilidade. Analiso as consequências, reflito sobre as pessoas que foram prejudicadas e vou atrás do perdão de cada uma, atuando efetivamente para resolver ou, pelo menos, amenizar os danos. E não paro por aí. Também guardo na mente e no coração a origem da falha, a fim de nunca mais repeti-la. Por fim, procuro me lembrar de que meus defeitos não definem nem quem sou hoje, muito menos o que serei no futuro. Ninguém gosta de errar, é claro, ainda mais se uma pessoa querida for atingida. Dói demais, eu sei. Ainda assim, trate de erguer a cabeça e pedir perdão. Por mais que ela não tenha obrigação de perdoá-lo, o simples fato de pedir desculpas devolverá a você um pouco de paz e de esperança por dias melhores. Experimente.
Ao longo dos anos no Gran, tive acesso a incontáveis depoimentos de alunos e ex-alunos que erraram feio no dia da prova. Alguns chutaram quando não deveriam tê-lo feito; outros não confiaram na memória nem nos conhecimentos acumulados durante a preparação e acabaram mudando a resposta no gabarito; outros, ainda, entregaram a prova muito cedo, em vez de aproveitar todo o tempo disponível. Muitos insistiram em simplesmente ignorar os conselhos dos experientes mestres… O ponto é: todas essas falhas terão alguma serventia se resultarem em aprendizado, se levarem o concurseiro a não cair na mesma armadilha de novo. Para sermos resilientes, precisamos aprender com nossos fracassos.
É geral: empresas, times esportivos, artistas, todos querem trabalhar com pessoas que consigam aprender com os erros – próprios ou dos outros. Gregg Popovich, experiente técnico da seleção americana de basquete, costuma repetir aos atletas que “a medida de quem somos é o modo como reagimos a algo que não sai do nosso jeito. Sempre existem coisas que você pode fazer melhor. É um jogo de erros”. Dito de outra forma, é falhando que evoluímos, é de erro em erro que chegamos ao topo.
Se você cometeu um erro irreversível ou está cansado de falhar, não desanime. Tenha certeza de que, mesmo sendo responsável por experiências desastrosas em seu caminho, conseguirá avançar. E, se tem medo de errar, acredite: o fracasso pode ser justamente o abrir mão de tentar. Saiba que as pessoas mais bem-sucedidas no mundo também erraram muito no percurso. O que as diferencia dos perdedores é que seguiram em frente apesar dos tropeços. É melhor se arrepender de algo que fez do que lamentar uma oportunidade perdida.
Como diz o querido professor Aragonê, de maneira descontraída, porém assertiva: “Toda a burrice transita em julgado após a aprovação”. Leve essa ideia para a vida, concurseiro.
Conte comigo, conte conosco nessa jornada. Combinado?
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“O maior erro é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade.” – Provérbio árabe
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.