A verdadeira perseverança

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17 de agosto4 min. de leitura

A vida só pode ser compreendida olhando para trás, mas só pode ser vivida olhando para a frente.” – Sören Kierkegaard (1813-1855), filósofo dinamarquês

Um acidente traumático, a perda de um ente querido, uma pandemia que impõe inúmeras restrições são como terremotos que abalam nossas crenças, interferem drasticamente em nossos hábitos e nos mostram que a vida não é controlável, muito menos previsível. São eventos e situações que testam nossa capacidade de perseverar.

O conceito de perseverança vem do grego hypomenō, termo que significa “permanecer, ficar embaixo, estar paciente enquanto espera, manter-se, ter tolerância, estar com os pés no chão, não retroceder”. Segundo o teólogo norte-americano William Barclay, “[perseverante] é o espírito que pode suportar coisas, não simplesmente com resignação, mas com fervorosa esperança… [Perseverança] É a qualidade que mantém o homem em pé com o rosto voltado contra o vento.” Estou falando, concurseiro, de uma vontade, inerente a certos indivíduos, de não se desviar do caminho; da capacidade de focar no objetivo para além do sofrimento imediato; de conseguir se manter firme quando o resto do mundo não parece sólido o bastante; de transmudar a dor vivida em capacidade de ajudar o próximo; de se reinventar quando é impossível alterar a situação. A verdadeira perseverança não vem de graça, mas é essencial para a realização dos grandes sonhos.

“A forma como reagimos ao inesperado diz muito sobre nós, dando indícios certeiros da nossa verdadeira natureza.”

É nas provações que descobrimos o tipo de pessoas que somos. A forma como reagimos ao inesperado diz muito sobre nós, dando indícios certeiros da nossa verdadeira natureza. Reagir bem a situações moldadas ao roteiro que planejamos para nossa vida parece fácil. Difícil é enfrentar com sabedoria o imponderável. Perseverar nada mais é que reagir bem mesmo quando o quadro é completamente imprevisível. É como se o perseverante enxergasse muito além do que está acontecendo no momento, visualizando a beleza do que ainda está por vir e, ao mesmo tempo, de tudo que já ocorreu. O obstinado sabe que as aflições são passageiras, ao passo que quem desiste fácil é consumido pelos problemas, permitindo que a felicidade se dissipe em razão deles.

Respeitados psicólogos, Richard Tedeschi e Lawrence Calhoun constataram, em seus longos estudos sobre crescimento pós-trauma, que de 50% a 75% dos indivíduos que sobreviveram a situações de grande sofrimento identificaram mudanças positivas em si mesmos depois de superados os acontecimentos. Muitos deles desenvolveram maior entusiasmo pela vida, em outros surgiu um forte desejo de melhorar as relações interpessoais ou despertou um sentimento profundo de empatia e compaixão. Alguns viram na crise um leque de novas possibilidades, e muitos se percebem mais fortes e espiritualmente evoluídos.

Tomando esse estudo como base, é surpreendente o alto índice de pessoas que perseveram, não é? Para os pesquisadores – e eu concordo com eles –, somos mais vulneráveis do que pensamos, e diligentes também. Quando encaramos as dificuldades da vida, saímos feridos, é claro. Com o tempo, porém, as feridas cicatrizam e ficam as marcas, que carregam consigo a síntese do nosso aprendizado. E assim vamos nos engrandecendo, tornando-nos mais firmes, decididos, determinados, resolutos.

É por isso que acredito que sairemos deste momento tão peculiar, de pandemia, fortalecidos. Pelo simples fato de sobrevivermos – e vamos sobreviver! –, seremos todos gigantes depois de tudo.

“É muito simples: se não enxergarmos a possibilidade de crescimento, jamais a encontraremos.”

Posso afirmar por mim, caro leitor: eu me fortaleci graças à perseverança. Confesso que, hoje, não me estresso fácil. Sou muito mais tranquilo, centrado, sensato e resiliente do que já fui. Relativizo coisas que antes me levavam à loucura só de imaginar o que poderia ter acontecido. É a velha história de sofrer por antecipação. O artigo da semana passada foi sobre isso. Conversamos sobre como vencer, por meio da fé – na conotação mais ampla da palavra –, o que ainda não aconteceu, mesmo quando o cenário à frente pareça sombrio. A fé nos leva a entender que, cedo ou tarde, tudo passa. “Deixe-me cair se eu tiver de cair. A pessoa que me tornei vai me segurar”, ensina o provérbio. É muito simples: se não enxergarmos a possibilidade de crescimento, jamais a encontraremos.

Ninguém vê nada de extraordinário no simples ato de caminhar pelas ruas, até que isso se torne algo proibido por questão de saúde pública. Ninguém dá valor à sensação do vento no rosto, até ser obrigado a usar máscara o tempo todo. Imagino que, quando tudo isto que estamos vivendo ficar para trás, seremos gratos por apenas exercer o direito de ir e vir. É curioso pensar nisso e lembrar que houve um período, cerca de dois anos atrás, em que eu publicava, nas redes sociais, posts com cinco motivos pelos quais eu tinha de agradecer no dia. Esse era o exercício que eu recomendava a todos que estivessem em busca da perseverança. Recomendava e continuo recomendando, agora talvez mais do que nunca. Não tenho a menor dúvida: quem o pratica nota que tem bem mais razões para agradecer do que para reclamar. Crie esse hábito, meu amigo, minha amiga, e depois me conte se não aconteceu com você também.

“Quem tem por que viver aguenta quase todo como”

Nas palavras de um dos maiores psiquiatras da história, Viktor Frankl: “Quem tem por que viver aguenta quase todo como”. O sentido da vida pode ser encontrado na família, na religião, nos estudos, no trabalho, na arte, no simples ato de fazer coisas úteis todo dia. Na Bíblia o tema é abordado com a história de Jó, um homem bastante centrado, que sabia direitinho qual era o sentido da própria vida, mesmo quando perdeu tudo e sofreu uma duríssima provação. Vem daí a expressão “paciência de Jó”, que denota resiliência. O povo, ao cunhar o termo, usou a palavra “paciência”, mas, se refletirmos um pouco, talvez fosse mais apropriado ter escolhido “perseverança”, bem mais precisa… Afinal, o personagem foi alguém com a rara capacidade de perder tudo e, mesmo assim, manter-se constante em suas crenças e valores, seguindo firme em seu caminho, rumo ao seu propósito, dotado de inesgotável esperança, apesar das inimagináveis tribulações que enfrentou. Era um legítimo perseverante.

A perseverança é a ponte que liga você a seu sonho, concurseiro. Minha sugestão é que se mantenha na estrada, sem sair do caminho traçado. No percurso, surgirão, sim, aflições, mas tenho certeza de que você será capaz de suportá-las. Nós do Gran Cursos Online acreditamos que a força que você tem dentro de si supera, em tamanho, qualquer problema que apareça em sua vida. Afinal, nada parou você até agora, tanto que está aqui, firme e forte, lendo este artigo, não é mesmo?

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Fontes:

Growth after trauma, American Psychological Association.

Dr Tedeschi talks ‘post-traumatic growth’, YouTube.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

 

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