Inquietude virtuosa

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“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.” – Oscar Wilde (1854-1900), dramaturgo e poeta britânico de origem irlandesa

Quem sugeriu o tema do artigo desta semana foi nossa seguidora do meu Instagram Regiane Santos, para quem a inquietude da alma é o “maior combustível do ser humano”, responsável por provocar as mudanças e a evolução individual de cada um de nós. O mundo é movido a essa inquietude, sem a qual nem as pessoas, nem as organizações, nem as nações se poriam em marcha rumo a algo melhor. Começo, portanto, agradecendo à leitora a inspiração para nossa conversa de hoje.

Preciso agradecer a ela, ainda, a preciosa dica de frase que introduz este artigo. Compartilho com Oscar Wilde a ideia de que é o inconformismo que desperta em nós a vontade de evoluir, de revolucionar. É aquele descontentamento incômodo, aquela inquietude embaraçosa que nos leva a agir a fim de mudar a nossa realidade e a de quem amamos. É, sem dúvida, na insatisfação que identificamos boas oportunidades de progresso e sucesso. É utilizando o desconforto como matéria-prima que construímos e reconstruímos a carreira, os negócios, a pátria, a vida. É, enfim, no estar permanentemente em busca de algo mais que o ser humano progride, inova, cria.

“É, sem dúvida, na insatisfação que identificamos boas oportunidades de progresso e sucesso”

Mas o que será que ocorre em nosso espírito para as coisas funcionarem assim? Tenho uma teoria: entre o sentimento de incompletude que nutrimos no peito e o desejo de preenchimento da alma com algo significativo, reside nossa coragem. E é dela, aliada à consciência de que precisamos agir, que nascem as invenções, as inovações, as revoluções, as conquistas, o novo futuro por nós tanto almejado. Para despertar em si essa coragem e capacidade de ação, a pessoa deve saber o que quer, rompendo com tudo que a mantém em estado de insatisfação. Na minha percepção, o grande divisor de águas é o desejo de mudar – pouco ou muito – uma situação desconfortável. A questão é: aonde pretendemos chegar? Se soubermos a resposta, perfeito: o desejo será convertido em vontade de fazer acontecer e, na sequência, em ação. Se, ao contrário, não fizermos a menor ideia de aonde vamos, a tendência será andarmos em círculo ou ficarmos paralisados, meio em choque.

“Entre o sentimento de incompletude que nutrimos no peito e o desejo de preenchimento da alma com algo significativo, reside nossa coragem”.

Veja a situação de um jovem que tem o sonho de se tornar servidor público. Ele anseia por qualidade de vida; quer muito conquistar uma condição financeira mais estável e equilíbrio emocional e psicológico. Ambiciona, enfim, sair da zona de conforto em que se encontra, sobretudo se não há exatamente, ali, algo que possa ser considerado, de fato, conforto. Ocorre, porém, que esse futuro servidor do público talvez não conheça seus talentos; pode ser que ele ignore sua vocação e não tenha muita certeza do que gosta de fazer. Ora, se não sabe nem mesmo quem é ou o que quer para si, a tendência é não ir a lugar algum. Sabe por quê? Porque, ao dar o primeiro passo, vai deparar com tantas estradas diferentes, com tantos cruzamentos e bifurcações, que não saberá qual rumo seguir. Por isso é tão importante você, amigo leitor, refletir bastante e fazer uma profunda autoanálise antes de se decidir por uma ou outra carreira no serviço público. Você precisa ter certeza dos seus objetivos e manter o foco neles.

O imperador romano Marco Aurélio (121 d.C.-180 d.C.) é um bom exemplo de alguém que tomava decisões bem-pensadas. É dele a reflexão: “O que estou fazendo com minha alma? Interrogue-se para descobrir o que habita a sua assim chamada mente e que tipo de alma você tem agora. Uma alma de criança? De adolescente? (…) A alma de um tirano? A alma de um predador – ou de sua presa?”.  Acredito que cabe também a nós fazer essas perguntas, especialmente se temos a intenção de mudar.

Na condição de humanos, sofremos todos dos mesmos defeitos e fraquezas. Dentro de nós tremula idêntica chama que mantém aceso nosso potencial de grandeza. Isso, é claro, se estivermos dispostos a agir, demonstrando para as pessoas e o mundo todo o nosso descontentamento. O trabalho para despertar essa consciência, note, é menos cerebral e mais espiritual. Ele se passa no coração, não na mente. Está na alma a chave da nossa felicidade (ou infelicidade), satisfação (ou insatisfação), plenitude (ou vazio), moderação (ou voracidade), aceitação (ou perturbação). É por isso que se deve cuidar bem dela, procurando:

  • Pautar-se pela moral e ética a cada passo dado;
  • Evitar inveja, ciúmes e desejos nocivos;
  • Enfrentar as feridas do passado;
  • Demonstrar gratidão e apreço por tudo;
  • Cultivar relacionamentos baseados no respeito e no amor; e
  • Depositar a crença e o controle nas mãos de algo maior.

“O trabalho para despertar essa consciência, note, é menos cerebral e mais espiritual. Ele se passa no coração, não na mente”.

Meu amigo, minha amiga, seja um eterno descontente em relação àquilo que está errado ou não lhe parece justo, mas nunca deixe de dar valor ao que já conquistou. Mantenha sua alma virtuosa!

Se concorda com esta mensagem, registre nos comentários: “Estou inquieto” ou “Estou inquieta” e vamos juntos, inquietos, rumo à mudança que almejamos.

“O homem requer sempre uma inatingível meta, uma esperança vã, um descontentamento, que o incite a caminhar para a frente.” – Emanuel Wertheimer (1846-1916), filósofo germano-austríaco.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância

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