Enquanto acreditarmos em nossos sonhos, nada será por acaso” – Henfil (1944-1988), jornalista, cartunista e escritor
Vinte e oito de agosto de 1963, dia quente e nublado, mas sem chuva. Num tempo em que não havia internet, muito menos redes sociais, e aparelhos celulares ainda eram coisa de ficção científica, 250 mil pessoas se reuniram em Washington para aquela que se tornaria a principal passeata já realizada no bojo do movimento por equidade racial nos Estados Unidos. Outros milhões acompanharam os eventos pela televisão.
Martin Luther King Jr., que anos depois ficou conhecido como um dos maiores oradores de todos os tempos, passara a noite na companhia de assessores, acertando, palavra por palavra, o discurso mais importante de sua vida. E sabe o que é mais interessante? A frase “Eu tenho um sonho”, que ele já havia proferido em outras oportunidades, não constava de nenhum trecho da versão original do pronunciamento.
Entretanto, quando o líder do movimento já estava no palco, a cantora Mahalia Jackson gritou: “Conte para eles sobre o sonho, Martin”. Poucos escutaram, mas King foi um deles. E assim, em um ato de improviso, abdicando do texto roteirizado, articulou palavras inesquecíveis, transformando o seu ótimo discurso em possivelmente o de maior impacto em todo o século XX. Ali, naquele cinza fim de agosto, o pastor demonstrou claramente o poder de um sonho:
Digo a vocês hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e corresponderá ao verdadeiro significado de seu credo: “Consideramos essas verdades manifestas: que todos os homens são criados iguais”.
Tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade. Tenho um sonho de que um dia até o estado do Mississippi, um estado desértico que sufoca no calor da injustiça e da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e de justiça.
Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter.
Eu tenho um sonho hoje.
No total, King falou por cerca de 17 minutos aquele dia, mas, de tudo o que ele disse, o trecho que ninguém jamais pôde esquecer começava com um forte “Eu tenho um sonho”. A frase aludia a um dos slogans nacionais, “o sonho americano”, estilo de vida bem conhecido e almejado, porém de difícil – para alguns, quase impossível – acesso.
Em resumo, o discurso de King era sobre o sonho que ele tinha de uma América (e um mundo) onde houvesse igualdade entre negros e brancos. Essa ideia podia estar ainda no plano dos sonhos àquela época, mas o fato é que, dali em diante, a luta contra o racismo nunca foi a mesma. Encontrou no reverendo um símbolo, o que só foi possível graças ao sonho que ele compartilhou com sua audiência. Tanto é que, no ano seguinte, foi aprovada uma lei que acabou com a segregação racial tal como existia em grande parte do país. Quase sessenta anos mais tarde, ainda temos muito chão pela frente na guerra travada contra a desigualdade, mas a Marcha sobre Washington é considerada um ponto de inflexão positivo nessa jornada.
A fala de Martin Luther King é famosa pelas palavras bem escolhidas, que reverberaram no ar e no tempo, ficando impregnadas no inconsciente coletivo, tanto que o pronunciamento é reproduzido até hoje, além de ser tomado como objeto de estudo e modelo de oratória. Ainda assim, o maior valor que eu, particularmente, vejo nele reside na verdade da mensagem que carrega. E o curioso é que essa verdade está expressa justamente na passagem que só acabou proferida porque alguém o incentivou a falar expressamente sobre o tema mais inspirador que existe. Enfim, caro leitor, quero conversar com você sobre o poder de transformação que um sonho pode ter.
Um sonho bem sonhado é capaz de romper as barreiras do pensamento e modificar completamente o mundo real. É o início de qualquer grande mudança. Tudo que nos motiva na vida começa com um sonho. Sonhar nos encoraja a ter esperança, dá sentido às nossas decisões e explica nossas ações. Quem enxerga a beleza dos próprios sonhos encontra força para torná-los realidade, ao contrário de quem não sabe sonhar. Este, invejoso e estagnado, tende a boicotar os planos dos outros: “Se eu não consigo, você também não conseguirá”, pensa, ainda que relute em assumir.
Nós, brasileiros, temos a sorte de viver num país de sonhadores. Muitas biografias confirmam isso por aqui. Em uma delas, bastante conhecida, um lavrador de Pirenópolis, no interior de Goiás, também teve, tal qual Martin Luther King Jr., um sonho aparentemente impossível: transformar dois dos nove filhos em cantores de sucesso. E o que fez para isso? Quando o mais velho completou onze anos de idade, deu-lhe de presente um acordeão. O menino chamava-se Mirosmar, mas hoje é conhecido como Zezé de Camargo. Muitas dificuldades cruzaram o caminho da família, incluindo a trágica morte do primeiro parceiro artístico de Zezé, o irmão Emival. O jovem cantor, então, quase desistiu da carreira, até formar parceria com Welson, outro irmão, que adotou o nome artístico Luciano. Como todos sabem, a dupla se tornou fenômeno da música sertaneja. E tudo começou com um singelo “Eu tenho um sonho”, que Francisco Camargo, o pai de família trabalhador rural do interior de Goiás, pensou um dia.
A firme busca pela realização de um sonho marcou a vida de outro pai, desta vez lá dos Estados Unidos. A história inspirou o filme “À Procura da Felicidade” (se você ainda não assistiu, fica a minha recomendação). Em certa passagem do longa, há um diálogo do protagonista com o filho, a qual, não por acaso, é uma das minhas preferidas. O homem diz à criança mais ou menos o seguinte: “Jamais deixe alguém impedir você de sonhar, nem que essa pessoa seja o seu pai. Se você tem um sonho, precisa correr atrás. Sempre haverá alguém que não consegue vencer e, por isso, dirá que você também não conseguirá. Se você quer algo, corra atrás!”
Acho que você entendeu a mensagem, certo, concurseiro? Eu até gostaria de alongar esta conversa, para citar vários outros exemplos de ideias grandiosas que só se tornaram realidade porque alguém sonhou com elas e foi à luta. Temos o caso da Apple, que nasceu do sonho de dois garotos conversando em uma garagem algumas décadas atrás e, semana passada, alcançou incríveis US$ 2 trilhões de valor de mercado. Temos o caso do próprio Gran Cursos Online, que teve origem em um sonho alimentado por anos e começou modesto, com cartolinas nos primeiros estúdios e um site que oferecia cursos para apenas 3 certames. Hoje, ofertamos mais de 20 mil preparatórios e recentemente atingimos a marca de 397 colaboradores celetistas, além de mais de 550 professores e coaches, bem como centenas de parceiros mundo afora.
Parte dessa história está documentada em fotos, que anexo a seguir, para que você visualize por si mesmo o poder transformador de um sonho. Há imagens do nosso primeiro estúdio, da nossa sede até 2015 e das seguintes, do nosso primeiro site e do atual, dos nossos complexos de produção audiovisual… Temos muito orgulho de mostrar nossa trajetória, sobretudo por ela ser a prova do enorme potencial de todos nós que acreditamos em sonhos.
Então vou me conter e ousar somente sugerir: sonhe! Sonhe, vislumbre o futuro, olhe para o alto, não para o chão. Levante cedo todos os dias, estude com paixão, trabalhe com alegria, enfrente seus medos, busque cercar-se de pessoas que incentivem você, faça as escolhas certas, seja grato, recupere a alegria de viver e de lutar com as armas que tem. Nunca se envergonhe de tropeçar e trate de avançar para cima dos problemas com a mesma vontade que teria se estivesse devorando um bom prato de comida. E lembre-se: sonhar ajuda a superar momentos difíceis, anestesia a dor do que parece impossível e funciona como um inestimável combustível que ninguém pode tirar de você.
Eu tenho um sonho. Um sonho de que vamos transformar milhões de vidas por meio da educação e da tecnologia. Um sonho de que, até no interior das cidades mais pobres deste Brasil, haverá alunos do Gran Cursos Online que, com dedicação, poderão mudar a própria realidade e servir bem ao País.
Eu tenho um sonho. Um sonho de que uma empresa vai empregar milhares de pessoas, gerar riqueza para a Nação e construir um lugar melhor para todos vivermos, transmitindo conhecimento e fazendo o bem.
Eu tenho um sonho, e você?
“O futuro pertence àqueles que creem na beleza de seus sonhos.” – Eleanor Roosevelt, ex-primeira dama dos Estados Unidos da América
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Referências:
GALLO, Carmine. How Martin Luther King Improvised ‘I Have A Dream’. Forbes, Nova Iorque, 27 ago. 2013. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/carminegallo/2013/08/27/public-speaking-how-mlk-improvised-second-half-of-dream-speech/#55a143015c5b. Acesso em: 23 ago. 2020.
HANSEN, Drew. Mahalia Jackson, and King’s Improvisation. The New York Times, Nova Iorque, 27 ago. 2013. Opinion. Disponível em: https://www.nytimes.com/2013/08/28/opinion/mahalia-jackson-and-kings-rhetorical-improvisation.html#:~:text=Martin%20Luther%20King%20Jr.’s,a%20dream%E2%80%9D%20%E2%80%94%20were%20improvised. Acesso em: 23 ago. 2020.
HISTORY Channel. Martin Luther King, Jr.’s “I Have A Dream” Speech. YouTube. 13 jan. 2018. (4min57s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_IB0i6bJIjw&feature=youtu.be. Acesso em: 23 ago. 2020.
MENDES, Bia. Há 56 anos, Martin Luther King Jr. dizia ter um sonho. Aventuras na História, Uol, São Paulo, 23 ago. 2019. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/martin-luther-king-jr-i-have-a-dream-tenho-um-sonho.phtml. Acesso em: 23 ago. 2020.
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.