Quando tinha 18 anos, o poeta e romancista alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) foi convidado a passar um período com a família da Corte de Weimar. Não demorou muito, o duque Karl August lhe ofereceu o cargo de conselheiro pessoal. Passados mais alguns poucos meses, Goethe concluiu que a vida ali era insuportável. As atividades dos cortesãos resumiam-se a infindáveis rodas de fofoca e intriga. Ninguém se mostrava muito interessado em suas opiniões, ideias, propostas de reformas; em discussões proveitosas, enfim.
Realista que era, percebeu que seria inútil reclamar do que jamais estaria ao seu alcance mudar. Sabia também que não tinha como simplesmente desistir de tudo e dar o fora. Concebeu, então, um modo de agir com aquela gente, transformando a necessidade em virtude: deixaria que os interlocutores tagarelassem sobre este ou aquele assunto e ostentaria expressão de interesse. Mas falaria pouco, raramente opinando sobre qualquer assunto. Enquanto isso, apenas observaria as pessoas, imaginando-as como atores num palco. Segredos, pequenos dramas e ideias fúteis seriam revelados a ele, que se limitaria a sorrir. Guardou a língua. Espichou os ouvidos. Registrou tudo na mente.
Essa experiência, de tolerar e observar os tolos, rendeu-lhe material valioso para criar personagens, diálogos e roteiros de peças e romances que escreveria no futuro. Foi assim que Goethe converteu sua frustração social no mais produtivo e agradável dos jogos. Fez o que nos ensina Provérbios 13:3: “A pessoa que consegue guardar sua boca preserva a própria vida, todavia quem fala sem refletir acaba se arruinando”.
Como existe tempo certo para todas as coisas, sabedoria é conseguir identificar o de falar e o de calar. Nem sempre é fácil, mas um bom começo é ouvir mais. A natureza humana tem um quê de individualista e egocêntrica. Se não refletirmos bem, caímos na armadilha de não prestar atenção no outro, mais preocupados que somos com o que nós temos a dizer. Por isso meu conselho é: ouça seu interlocutor não apenas com os ouvidos, mas com todo o corpo. Muita gente ainda não se desenvolveu nessa arte, infelizmente. O erro é escutar praticamente só os gritos da própria mente. É divagar enquanto o amigo, parceiro, pai, irmão fala a sua frente. Nenhum relacionamento pode florescer por esse caminho e talvez seja essa a razão de tantos conflitos que testemunhamos hoje em dia.
“Falar é fácil”, como já notou a sabedoria popular. Tanto é fácil, que muitos de nós se sentem encorajados a proferir palavras impensadas, sem avaliar os potenciais efeitos de uma frase mal colocada. Quem não se intimida em blasfemar, contar pequenas e grandes mentiras ou fazer críticas nada construtivas nem sequer percebe que esse modo de agir reflete o amargor que carrega no coração. Nada de bom pode resultar disso. O veneno que permitimos passar por nossos lábios pode penetrar a pele e fazer mal para nós mesmos. Sofre o corpo, sofrem as pessoas queridas, tudo porque a língua espalhou palavras ácidas que têm grande potencial de retornar contra quem as veiculou.
Então, cuidado com o que diz. Vida e morte, felicidade e tristeza, generosidade e inveja coexistem na língua, que pode servir de instrumento para o bem ou para o mal. Atenção para o que você fala, com os outros e consigo mesmo, avaliando se os dizeres serão água cristalina ou líquido turvo e viscoso. Preserve sua garganta para o elogio sincero, a crítica construtiva, o incentivo, a orientação para ajudar quem está perdido. Lembre-se: o que beneficia terceiros retorna em bênção para a sua vida.
Ah, como é bom quando estamos tristes, amargurados, machucados pela vida, feridos na alma, revoltados, sem forças, e súbito alguém vem até nós, espalhando, com suas palavras, ternura, sabedoria, paz, luz. Como nossa energia se renova quando ouvimos algo que vem para nos colocar de pé e no caminho certo rumo à felicidade, à realização dos nossos sonhos. A língua indiscutivelmente, tem poder. Proferindo as palavras certas, pode nos acalmar, nos encorajar, nos renovar, nos impulsionar.
A depender do teor de nossas falas e até mesmo do tom que adotamos, atraímos coisas boas ou coisas ruins. Pense naquele seu conhecido de personalidade ríspida, que costuma ser grosseiro com as pessoas, às vezes “franco” demais… Agora avalie se ele reúne mais amigos ou inimigos a sua volta, se parece afortunado ou infeliz. O que dizemos e a forma como o fazemos pode marcar o início ou o fim de algo importante. Quem é cuidadoso no que deixa a língua pronunciar faz aliados, desenvolve bons projetos, incentiva a si mesmo e aos outros, melhora de vida.
Foi pensando em tudo isso que fiz escolhas conscientes como empreendedor. Decidi, por exemplo, que meu conteúdo, neste blog e nas redes sociais, seria focado, prioritariamente, em apoiar meus leitores e seguidores, em ajudá-los a enfrentar as dificuldades diárias de quem tem um grande objetivo como é o de ser aprovado em concurso público. Por aqui, as palavras são selecionadas uma a uma, e você sempre encontrará alguma boa nova (de desgraça o noticiário já está cheio!) e incentivo.
E não pense que tomei essa decisão exclusivamente por ser “bonzinho”. Na verdade, estou sendo apenas coerente com minhas crenças mais profundas. É sério, amigo leitor, eu sei que propagar o bem favorece também a mim mesmo. Sinto o coração mais leve quando falo de coisas boas, assim como ele pesa quando ouve algo ruim. Acho que estou no caminho certo, como indica o feedback positivo que costumo receber aqui e no canal Imparável. Lá, em particular, não é raro ler comentários sobre como eu simplesmente escuto, quieto, meus convidados – o que, aliás, é o mínimo que um entrevistador deve fazer. Talvez eu não seja o mais articulado showman nem o melhor dos oradores (tenho muito a evoluir), mas sei ouvir, e parece que as pessoas reconhecem isso. Fico muito feliz e honrado com esse tipo de retorno.
O curioso é que disseminar boas notícias tem se revelado mais difícil do que eu pensava. Desgraças, infelizmente, são o que dá “ibope”. Polêmicas maldosas atraem interesse maior nos círculos de bate-papo. Ataques gratuitos tendem a ser de poder viral superior. Mesmo assim, não vou ceder. E espero que você também não. Mantenha os pensamentos puros, seja menos individualista, sem deixar sua língua cuspir palavras nocivas. Ao contrário, escolha cada uma a dedo, dando preferência às que refletem vida. Seja fonte do bem para os outros como a si próprio. Você só terá a ganhar, em corpo e em espírito.
“A morte e a vida estão no poder da língua: o que bem a utiliza come do seu fruto.” (PV 18:21)
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.