O amanhã NÃO nos pertence

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14 de setembro6 min. de leitura

Uma das perguntas mais recorrentes que tenho recebido, com poucas variações, é: “Gabriel, como lidar com tanta incerteza?” Minha resposta é simples: compreendendo que o amanhã não nos pertence. Em um primeiro momento, o conselho pode parecer contraintuitivo, até prejudicial. Afinal, se você não é dono do próprio futuro, então não pode fazer nada para mudá-lo, certo? “Quer dizer que somos todos reféns das circunstâncias, que está tudo pré-determinado e tenho mais é de me conformar?” Nada disso. Calma, que eu explico.

Planejamento é o primeiro passo para qualquer tomada de decisão. Estabelecer metas, objetivos e alvos é fundamental para o sucesso nos negócios, na carreira, nos pequenos, médios e grandes sonhos. Não podemos nos dar ao luxo de sermos inconsequentes, optando deliberadamente por não desenhar minimamente um projeto de futuro. Mesmo assim, todos sabemos que, no fim das contas, ninguém, nem mesmo a pessoa mais rica do mundo, pode afirmar, com certeza, o que o amanhã lhe reserva. Nós, humanos, temos grande força e admirável capacidade, mas, ao mesmo tempo, somos dos seres mais frágeis que há na natureza. Essa dicotomia tem relação com a efemeridade de nossa existência. Somos, no tempo, como neblina que, aparecendo de repente, logo se dissipa, e, nesse breve existir, podemos até ser donos de muitos bens, mas jamais o seremos do amanhã.

Antes da pandemia, havíamos planejado, aqui, no Gran, inúmeras ações para 2020. Viajaríamos em nossa caravana pelo país, implementaríamos inúmeras melhorias no ambiente físico de trabalho, ampliaríamos o nosso complexo de estúdios, em Brasília. Igualmente, no campo pessoal, Vivi e eu tínhamos traçado alguns planos, como passear pelo mundo em lua de mel. Imagino que você também tinha lá seus projetos… Mas eis que surgiu um vírus que pôs tudo a perder, impondo a cada um de nós o isolamento social e um monte de outras restrições pra lá de chatas. Tudo aconteceu num piscar de olhos e nos obrigou a fazer vários ajustes, tanto na rotina diária, como nos objetivos de médio e longo prazo. A situação foi democrática. Não houve classe social mais ou menos atingida, não houve status pessoal nem dinheiro no banco que livrasse alguém das súbitas limitações. Sendo o indivíduo doutor ou operário, rei ou súdito, rico ou pobre, professor ou estudante, lá estava ele, sem poder sair de casa com a mesma liberdade que tinha há poucos meses.

Agora, mais do que nunca, depois de ter visto tudo que vi este ano, jamais presumirei o dia de amanhã, porque ficou provado que não sei mesmo o que ele me reserva. Como sentimos na pele, 2020 parecia transcorrer normalmente, prometendo ser até melhor, para muitos, do que 2019. Entretanto, do nada, uma crise que ninguém podia antecipar, nem mesmo os maiores líderes mundiais, os gurus mais sábios, os cientistas mais experientes, estoura e nos faz reprogramar cada aspecto da vida, nos faz repensar absolutamente todos os nossos planos. Não havia mais um mínimo de previsibilidade para investimentos e lançamento de novas ideias, o trabalho passou a ser em home office, os voos haviam sido cancelados e muitas fronteiras estavam fechadas… Tudo, tudo mesmo, mudara.

Por isso, leitor amigo, se você acredita que algum dia virá a alcançar, na vida, um ponto em que se verá livre de problemas, está redondamente enganado. É impossível alcançá-lo no futuro, porque você está nele NO PRESENTE. Ninguém deve esperar se libertar amanhã; tem de ser livre agora. Em outras palavras, se você tem, hoje, oportunidade de fazer algo bom, útil, relevante, estará comentando um grave erro se não aproveitá-la. Não fique aturdido. Assuma que é vulnerável e dependente, ao menos das imprevisibilidades da vida. Somos todos! Não administramos o amanhã, mas temos total controle sobre o que fazer no momento atual – cada um com seus dons e talentos – para que o futuro possa ser grandioso, sem garantia alguma, evidentemente.

Mais uma dura verdade: não adianta ter confiança no poder econômico das grandes nações, depositando nelas a esperança por um desfecho breve para a crise. Tampouco se deve pensar que a ciência logo desenvolverá uma vacina ou um tratamento eficaz, ou que o poder político criará leis e programas de enfrentamento capazes de salvar a humanidade do inimigo quase invisível e das consequências que já são notadas no mundo todo, como a recessão econômica. É claro que se há de buscar uma solução para o problema imediato, mas ninguém preserva a inocência – ou arrogância – de acreditar que, passada esta fase, estará tudo para sempre sob controle. Conviver com a incerteza do amanhã é uma necessidade de sobrevivência, meu amigo, minha amiga, se quisermos retomar a caminhada sem nos consumirmos pelo medo de futuras adversidades.

A vida não nos pertence, não está em nossas mãos, sob nosso pleno controle. Contudo, se for desejo de Deus – do Universo ou de uma Força Maior, como você entender –, o amanhã poderá, sim, ser meu, ser seu, ser nosso. Tudo depende das escolhas que eu, você, nós fazemos hoje. Tudo depende do tamanho da nossa vontade de agir, de semear. Não possuímos o amanhã, mas detemos algum controle sobre como ele repercutirá o que fazemos hoje.

Aqui, peço que você pare um instante e reflita comigo. Se quisermos garantir um Amanhã, com “A” maiúsculo, é importante não nos deixarmos influenciar por más notícias nem por maus pensamentos. Tudo que ocupa nossa mente encontra caminho para fora dela, interferindo em nossa realidade, entende? Ideias ruins podem levar à ruína uma empresa sólida; decisões ruins podem condenar uma carreira de sucesso; ciúme pode destruir um relacionamento saudável; amargor e frustração podem condicionar o destino a mais amargura e frustração. Por isso reitero: trate de controlar seus pensamentos, de gerenciá-los, de ser dono de si. Estar no controle do que vai na mente é um dos segredos da sensação de bem-estar e, em última análise, da felicidade.

Gerencie seus pensamentos a fim de abrir um espaço mental que o empreendedor norte-americano Gary Vaynerchuck chama de G.A.P. – Gratidão, Autorresponsabilidade e Percepção:

Por gratidão, entenda a necessidade de focar no que você tem, retirando o foco do que perdeu. Pense que poderia ter sido pior. Talvez você se veja confinado em casa: ao menos você possui uma. Talvez você tenha ficado desempregado: ao menos está saudável e pode procurar outra colocação. Talvez você esteja apertado financeiramente: ao menos pode ler este artigo e ir em busca de conhecimento para mudar esse cenário.

Autorresponsabilidade tem a ver com o muito que podemos – e devemos – fazer, independentemente do contexto. Trata-se de compreender que, apesar de não sermos donos do amanhã, serem muitas as situações fora do nosso controle e sermos obrigados a acatar determinações de líderes e governantes com as quais não concordemos, há muito que cada um de nós pode fazer. É sempre mais produtivo manter o senso de autorresponsabilidade. Como assim ficar remoendo o amanhã, que não controlamos, se somos responsáveis pelo hoje?

O “P”, de percepção, vem da noção de que a vida é uma questão de perspectiva. Se temos os óculos manchados, enxergamos o mundo borrado. Se usamos óculos escuros, enxergamos o mundo acinzentado, nublado. Limpe as lentes e note como tudo muda. Perceba que este é, sim, um momento difícil, mas que precisa ser atravessado. Em outras fases da história, a humanidade vivenciou dores maiores. Muitos dos nossos antepassados enfrentaram a peste e a guerra. Alguns viram nascer o dia seguinte; outros não. Para a maioria dos seres humanos, tudo passou e a vida seguiu seu rumo. Os que não sucumbiram ao terror e pânico, dedicando-se a manter a semeadura de sonhos e planos, colheram os melhores frutos no amanhã que lhes foi apresentado.

Em síntese, meu amigo, minha amiga, quando assimilamos, verdadeiramente, que o futuro não nos pertence, desconstruímos o medo paralisador da incerteza. Experimente. Você finalmente entenderá esta realidade instável que ora atravessamos como parte da existência. Todos nós somos capazes de andar mesmo sem enxergar todo o caminho. Um dia de cada vez, o hoje antes do amanhã.

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Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”.

Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa.

Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”.

Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna.

Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.

Tiago 4:13-17

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

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