Dias MELHORES virão

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“Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de PAZ, dias a mais,
Dias que não deixaremos para trás…
Melhores no AMOR
Melhores na DOR
Melhores em TUDO…
Dias MELHORES para sempre
MELHORES! MELHORES!”
(Dias Melhores, da banda Jota Quest.)

Hoje nosso papo será quase um desabafo. A inspiração veio de uma entrevista para o canal Imparável com a ex-modelo e hoje policial civil de Pernambuco Gabriela Queiroz. Tudo começou quando pedi que ela deixasse uma mensagem para quem acompanhava a entrevista. Gabriela, então, contou integrar um grupo de voluntários com atuação em hospitais. Segundo ela, numa das visitas a enfermarias e UTIs, conheceu uma jovem de 21 anos em estado terminal por causa de um câncer. A moça quis que os voluntários cantassem Dias Melhores, da banda de pop Jota Quest. O pedido era bem diferente do habitual, uma vez que os pacientes geralmente preferiam ouvir música gospel. Então a jovem explicou, sensibilizando ainda mais todos os presentes: disse que, se fizesse ideia da peça que a vida lhe pregaria, teria feito tudo diferente. Teria parado de achar que só poderia ser feliz após algo acontecer, fosse um casamento, um emprego, uma conquista. Era como diz a letra de outra canção incrível sobre o tema, dos Titãs: “Devia ter amado mais. Ter chorado mais. Ter visto o Sol nascer. E até errado mais. Ter feito o que eu queria fazer…”

Percebe a preciosidade da lição que essa moça passou adiante? O sofrimento torna tudo sem importância: bens materiais, conquistas efêmeras, objetos fúteis. Não devemos viver esperando dias melhores, mas fazer nossos dias melhores instante a instante. Nada de deixar as dificuldades ditarem nossa capacidade de ficar contentes, sabendo que contentamento é diferente de alegria. Estar contente é um estado de espírito, vem da satisfação de se perceber vivo; já alegria tem a ver com euforia. É possível estar contente em qualquer situação e de forma perene, pelo simples fato de se dar valor à vida, ao passo que alegria é, por essência, um sentimento passageiro. Entende a diferença?

Como pode alguém ter a coragem de reclamar de qualquer coisa depois de presenciar a situação de uma pessoa que, mal tendo começado a vida, descobre que está com os dias contados? O fato, caro leitor, é que ninguém tem como prever quando o sofrimento verdadeiro baterá à porta, e acredito que somos todos testemunhas disso, sobretudo agora que passamos por uma pandemia que transformou o mundo. Por isso, cada vez mais entendo que o certo a fazer é valorizar o agora e as pequenas coisas que nos fazem sentir vivos. Dias ruins podem até nos dar rugas, cabelos brancos e cicatrizes, mas também nos proporcionam valorosa experiência, força e sabedoria. Tal como aconteceu com a jovem da história de Gabriela, que, infelizmente, não teve tempo para explorar todo esse conhecimento.

O que não podemos é viver de futuro, e apenas de futuro: “quando eu conquistar o cargo dos meus sonhos”, “quando eu me casar”, “quando eu tiver filhos”… Isso fica claro especialmente quando um inimigo invisível nos impõe o isolamento, obrigando-nos a ficar em casa, alguns com a felicidade de ter a companhia da família ou de amigos, outros, menos afortunados, completamente sós, dispondo de todo o tempo do mundo para refletir. A constatação é inevitável: viver de futuro é jamais alcançar o contentamento, que está no presente, na vida pulsante. Obviamente, é fundamental ter sonhos, metas e objetivos. Sem dúvida, eles são nossos motores. Nem por isso, contudo, podemos desprezar o agora. Mais importante é aproveitar cada segundo, sem extravagâncias, claro, mas cientes de que já ganhamos o maior prêmio de todos: a existência.

Reflita um pouco: os minutos que você dedicou à leitura desta mensagem nunca voltarão. O tempo é precioso demais, por isso precisamos ter propósito em tudo que fizermos. Neste isolamento ao qual nos vemos presos, por exemplo, sugiro que você se dedique aos estudos e à leitura, à família e a si próprio. Aproveite o convívio se não estiver só e permita-se ter saudade de alguém querido que você não pode tocar durante esta fase. O reencontro ocorrerá em breve. Como nos ensina o filósofo Mário Sérgio Cortella: “É muito bom ter saudade, porque isso permite que você, ao vivenciar a ausência, possa usufruir o encontro. Por isso que a felicidade é um desejo permanente, mas uma ocorrência eventual”.

Só conhecerá dias melhores, dias contentes, quem tem a capacidade de reconhecer em si mesmo a possibilidade de plenitude e a impossibilidade de perfeição. Enfim, quem vive apaixonada e destemidamente. Aqueles que não sabem aproveitar a caminhada tampouco sabem viver, e o pior é que talvez descubram essa verdade tarde demais. Por isso, não espere conquistar tudo que almeja, para só então se dar por satisfeito; valorize cada segundo como se fosse o último. Outro tenor da filosofia, Leandro Karnal, dá seu testemunho: “Todas as vezes que eu perco algo que eu gostava, que eu perco a saúde, eu de fato percebo que só consigo ser feliz no momento que tenho consciência dessa perda… Lentamente também fui percebendo que nem tudo que eu conquistava, nem tudo que eu atingia, era suficiente para me deixar plenamente feliz”.

Todos sabemos que a vida de concurseiro não é fácil. Certa vez, o professor Alexandre Meirelles, nosso novo coordenador da área fiscal, deixou escapar, em tom de brincadeira, numa entrevista comigo, que a vida é “uma meleca”. Você pode achar estranho, mas vou dizer mesmo assim: aproveite bastante esta caminhada melequenta, pois ela passa, e rápido, e de repente. Você tem a oportunidade de vivenciá-la intensamente, de lambuzar-se dos pés à cabeça. Ela pode até parecer desagradável de vez em quando, mas acredite: é uma bênção você ter a chance de trilhá-la. Sinta-se contente por isso!

À medida que amadureço, levando algumas surras da vida, vou descobrindo minha capacidade de estar contente mesmo sem ficar exatamente alegre. Tenho aprendido a dar valor até às tristezas. Hoje posso afirmar, com tranquilidade, que minha felicidade não depende mais da opinião alheia, e sim apenas do meu exame diário de consciência. Afinal, se eu levar em conta todos os comentários – bons ou ruins –, como diria o imperador Marco Aurélio, “a felicidade é do outro, e não minha”.

Feito esse desabafo, convido você a seguir comigo em busca de DIAS MELHORES, com atenção redobrada no AGORA, porque o excesso de futuro e a negação do presente são fontes de desconforto, ansiedade, tensão, medo, estresse, preocupação.

Vamos juntos, iluminados e mais sábios. Tenha certeza: dias melhores virão. Apenas não fique esperando por eles sem fazer nada.

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“Não há caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.” – Mahatma Gandhi

 

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância

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