Blinde-se contra a fofoca e a maledicência

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“Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas medíocres falam sobre pessoas” – Platão

Há quem fale mal de você? Certamente. Sei que a fofoca abala muitas pessoas, a ponto de levar algumas a buscar tratamento e acompanhamento clínico para lidar melhor com a maldade alheia. Naturalmente, esse mau hábito também atrapalha o projeto de estudos e de mudança de vida de nossos admiráveis concurseiros. Se é o seu caso, caro leitor, e comentários de terceiros o têm afetado sensivelmente, você precisa se fortalecer para resistir a eles. Este texto, então, é para você.

Pode-se dizer que a propensão em falar mal dos outros é da natureza humana. Embora se trate de hábito tão antigo quanto a civilização em si, parece que ele encontrou o cenário perfeito na era atual, dos meios digitais, da internet, do anonimato virtual e das fake news. Afinal, a falta do olho no olho favorece os covardes, que, seguros atrás de uma tela, se sentem muito à vontade para falar o que bem entenderem, sem medir as consequências de suas palavras. É preciso se blindar contra isso. Para tanto, o ideal é primeiro compreender as raízes de tal fenômeno.

Então, por que as pessoas fofocam e falam mal dos outros?

Pode-se dizer que o ser humano tende a fofocar e a falar mal de seus semelhantes por cinco grandes motivos:

  • Para formar alianças.

Quando uma pessoa fala mal de alguém para outra, cria uma espécie de conexão com sua interlocutora. Isso se deve ao fato de que a terceira pessoa objeto da fofoca está excluída da relação entre as duas que conversam. É como se fosse firmado um pacto entre as partes, que as torna coniventes. Elas passam a se perceber como aliadas.

  • Para se sentir superior.

O hábito de fofocar pode estar associado à falta de autoconfiança. Nesse caso, menosprezar um terceiro funciona como um mecanismo de autodefesa. Falar mal do outro produz a sensação de que se é melhor do que ele.

  • Por inveja ou preconceito.

Você já deve ter notado que os maiores alvos de fofocas são exatamente pessoas exemplos de sucesso ou de perseverança. É como diz o velho ditado: “Ninguém chuta cachorro morto.” Falar mal dos outros também pode ser resultado de algum preconceito que se tenha a respeito de uma dada classe social, de um gênero em específico ou de uma orientação sexual diferente da sua.

  • Para chamar a atenção.

Como eu disse no artigo da semana passada, as notícias ruins se espalham com muito mais rapidez do que as notícias boas. Seguindo o mesmo raciocínio, é muito mais fácil chamar a atenção replicando fatos negativos e espalhando mentiras como se fossem verdades do que elogiando alguém ou tecendo comentários positivos sobre os outros.

  • Por falta de consciência – mesmo que sem intenção de machucar.

Não estamos dizendo que os indivíduos que falam mal dos outros são as piores pessoas do mundo. Particularmente, a fofoca é um hábito que repudio, mas não cabe nem a mim nem a você julgar quem o pratica. O fato é que muitas pessoas que ADORAM fofocar não percebem que é isso que estão fazendo. Elas pensam de verdade que não se trata de fofoca; não imaginam que possam estar fazendo mal a alguém. De minha parte, acredito mesmo que muitas delas acabam entrando na onda da fofoca ou até mesmo falando mal dos outros porque não estão plenamente conscientes do potencial deletério de suas palavras.

E quais são as consequências da fofoca?

  • Toda detração fala mais sobre o detrator do que sobre o detratado.

Já diz a sabedoria popular que, “Ao apontar um dedo, outros três estarão voltados para você” ou que, “Quando Pedro fala de Paulo, Pedro fala mais sobre Pedro do que de Paulo”. Ao falar mal de alguém, o detrator expõe muito das próprias dores. Se analisarmos bem as palavras de um fofoqueiro, conseguiremos perceber seus maiores incômodos. Palavras são muito reveladoras, amigo leitor. Há pessoas que se julgam geniais, mas o mundo parece não reconhecer isso. Será mesmo? Talvez caiba uma reflexão.

  • Ficamos expostos ao risco de sermos descobertos, e as consequências podem ser desastrosas.

Quando falamos mal de alguém com a falsa certeza de que nunca seremos descobertos, estamos sempre correndo riscos. Mentiras e fofocas podem arruinar um relacionamento, acabar com uma grande oportunidade, nos fazer perder o emprego… Cedo ou tarde, o fofoqueiro é descoberto. Sempre acontece. Os riscos são altos, e não há nada de bom nessa prática que faça valer a pena corrê-los.

  • A fofoca volta – em dobro!

Quem é fofoqueiro dá a entender que falar mal dos outros é um comportamento aceitável, o que pode servir de incentivo para que outras pessoas façam o mesmo. Nesse caso, a fofoca pode retornar multiplicada: cada uma das pessoas que nos ouve falar mal de alguém se sente no direito de reproduzir tal comportamento. É então que ela fala de nós para um terceiro, que, por sua vez, fala para um quarto, e assim sucessivamente. A chateação pode tomar uma dimensão bem maior do que poderíamos prever.

  • A fofoca isola.

Ninguém quer se relacionar intimamente com alguém indigno de confiança. Pense bem: se você apenas supõe que há chance de uma pessoa com quem você conversou sair revelando informações que lhe foram confidenciadas, certamente não contará mais nada para ela. O relacionamento ficará prejudicado antes mesmo de ter a chance de amadurecer. Reflita.

  • Mentiras podem sair do controle.

Em situações menos graves, a má-fé na divulgação de informações falsas pode, por exemplo, comprometer o sucesso de um empreendimento. Em casos mais graves, fofocas podem manchar uma reputação. Em situações fora do controle, mentiras podem até mesmo levar a vítima a atentar contra a própria vida. Estamos falando de algo muito sério, caro leitor. É preciso ter consciência do poder das palavras, ou sofreremos todos com as consequências delas.

Agora que você se inteirou um pouco mais sobre o tema, poderia dizer: “Certo, entendido. Compreendi por que as pessoas fofocam e como as consequências dessa prática podem ser graves. Mas como devo lidar com isso? É algo que me atrapalha hoje. Tira a minha paz, me deixa triste. Atrapalha os meus estudos. Afinal, sou humano, e é difícil ignorar cem por cento do que as pessoas falam. Temos a natureza de buscar a aceitação social.”

Entendo sua preocupação, meu amigo, minha amiga. Posso lhe dar cinco dicas de como se blindar contra comentários nocivos, começando por um processo de reflexão acerca das suas próprias ações:

1. Tente diferenciar uma comunicação útil de uma fofoca no seu dia a dia.

Antes de abrir a boca para falar algo, reflita um pouco: o que você tem a dizer é apenas mais uma fofoca ou é, de fato, uma informação útil? Se há um propósito produtivo no dado que você quer compartilhar, trata-se de uma informação; se não há, é mera fofoca. Às vezes, precisamos colher informações sobre alguém para tomar uma decisão. Nesse caso, procurar ou difundir uma informação não é incorrer em fofoca. Devemos, sim, por exemplo, comentar com um superior no trabalho, seja no serviço público ou na iniciativa privada, sobre uma atitude grave de um colega que pode prejudicar a organização. Isso deve ser feito de maneira técnica sempre, sem paixões e com pragmatismo.

  1. Redirecione uma conversa que está caminhando para se tornar uma fofoca.

Essa é uma excelente tática. Sempre que você perceber que uma dada conversa está para se transformar em fofoca sobre alguém, procure mudar o rumo da prosa. Se for necessário, até elogie a pessoa que está para ser difamada, caso tenha algo positivo a dizer sobre ela, dando a entender que você não é do tipo que gosta de falar mal dos outros. Pode acreditar: a tendência será as pessoas evitarem fofocar perto de você, o que vai ajudá-lo a não se envolver em situações ruins e que só atraem energia negativa.

  1. Tenha empatia.

Quanto mais você se colocar no lugar do outro, menos tenderá a ser sujeito ou objeto de fofocas. Sei que nem todos farão isso por você, mas a sua parte tem de ser feita. Como acredito muito na lei do retorno, entendo que de alguma forma você será recompensado por isso.

  1. Tenha um foco positivo em VOCÊ.

Aceite que é impossível ter controle sobre os outros ou sobre o que eles vão dizer e mantenha o foco no que você pode controlar: você mesmo. Agindo assim, a fofoca dos outros não o afetará. Afinal, o que não tem remédio, remediado está, não é mesmo? Tome a decisão de não se preocupar com o que está fora do seu controle. Se os outros querem perder tempo com práticas perversas e nocivas como a fofoca, eles que lidem com as consequências de seus atos.

  1. Evite relacionamentos tóxicos.

Sei que digo muito isso, mas não me canso de repetir: você PRECISA se afastar dos fofoqueiros e das pessoas que falam mal dos outros, sobretudo das que fazem isso de maneira consciente. Afaste-se de gente assim e veja como a sua vida vai melhorar.

Se você seguir esses cinco conselhos, garanto que passará a lidar muito melhor com comentários que antes perturbavam você. Além disso, na minha opinião, você conseguirá promover um ambiente muito mais agregador para você e as pessoas ao seu redor. A positividade é a base para construir a vida que você quer, merece e vai conseguir por meio dos estudos. Amém?

O que achou do artigo? Comente abaixo quais foram as suas impressões.

“Quem quer que fofoque para você irá fofocar sobre você” – Provérbio espanhol

GRAN sucesso,

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

 

 

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