“Temos de ser fiéis aos nossos planos, pois muitos tentarão nos rebaixar ao seu nível por não conseguirem realizar certas coisas. Eles estão em busca de um atalho. Mas poucos conseguem chegar a algum lugar por atalhos.” – Michael Jordan
Os hábitos, dizem os cientistas, surgem porque o cérebro está o tempo todo procurando maneiras de economizar esforço. Se deixada por conta própria, a mente tentará transformar quase qualquer rotina num hábito. Correr, andar, comer isto ou aquilo – e neste ou naquele lugar –, tomar café sem açúcar, escovar os dentes, estudar, fazer exercícios físicos, pentear os cabelos, dirigir, andar de bicicleta; tudo pode se converter em hábito, desde que se tenha incorporado à nossa rotina antes. Os hábitos dão aos pensamentos a chance de desacelerar, e esse instinto de poupar esforço deve ser encarado como uma enorme vantagem.
As pequenas conquistas que levam a grandes vitórias são exatamente o que parecem ser: frutos da manutenção de hábitos bons e saudáveis. Qualquer pequena vitória que alcancemos alimenta um poder extraordinário dentro de nós e nos motiva a lutar por outro pequeno avanço, seguido de outro, e de outro… Ora, concluímos, se é possível alcançar pequenas conquistas, é porque somos capazes de almejar – e realizar – sonhos maiores.
É, concurseiro… Saiba que concretizar grandes sonhos dá o mesmo trabalho que realizar projetos menores. Então pense grande e seja protagonista da sua história! Para dar um empurrãozinho, vamos neste artigo, à luz da psicologia e da neurociência, das pesquisas do dr. Maxwell Maltz e da consulta ao livro “O poder do hábito”, de autoria do jornalista Charles Duhigg, explicar como criamos uma rotina qualquer que depois se transformará num hábito.
Tudo começa com uma DEIXA, um estímulo que manda o cérebro entrar em modo automático. Depois passa-se à segunda fase do “loop do hábito”, que é a criação de uma ROTINA – forma como executamos a deixa. Por fim, o cérebro visualiza RECOMPENSAS e se pergunta se vale a pena memorizar esse loop para o futuro. Recompensa é, pois, um estímulo que diz ao cérebro que a rotina funciona bem e que vale a pena continuar a segui-la.
“Alguns hábitos têm o poder de iniciar uma reação em cadeia, modificando outros hábitos. Pode-se dizer que são mais importantes que outros na reformulação de organizações e de vidas.”
Alguns hábitos têm o poder de iniciar uma reação em cadeia, modificando outros hábitos. Pode-se dizer que são mais importantes que outros na reformulação de organizações e de vidas. São o que chamamos de “hábitos angulares”, ou “hábitos alavancas”, e podem influenciar o modo como as pessoas trabalham, comem, se divertem, estudam, treinam, vivem, gastam e se comunicam. Hábitos angulares dão início a um processo que, ao longo do tempo, transforma tudo. Trazem consigo a lição de que o sucesso não depende de acertar cada mínimo detalhe, e sim de identificar umas poucas prioridades centrais e fazer delas poderosas alavancas. Entender o que são hábitos angulares conduz a um insight valiosíssimo: os hábitos mais importantes são aqueles que, quando começam a mudar, desalojam e reformulam outros padrões.
Hábitos angulares explicam, por exemplo, por que Michael Phelps se tornou o campeão olímpico que admiramos. O técnico Bowman, refletindo sobre o que podia oferecer a seu pupilo que o distinguisse dos demais competidores, concluiu que Phelps precisava desenvolver hábitos que fizessem dele o nadador mentalmente mais forte na piscina. Em suma, Bowman percebeu que não precisava controlar cada aspecto da vida do nadador; só o que tinha de fazer era focar em alguns poucos hábitos de Phelps que nada tinham a ver com natação e o impediam de desenvolver a mentalidade mais indicada para seu contexto. O treinador concebeu, então, uma série de comportamentos que Phelps passou a pôr em prática para se acalmar e se concentrar antes de cada prova. Descobrir essas minúsculas vantagens, num esporte em que a vitória depende de milissegundos, fez toda a diferença.
O treinador daquele que veio se tornar o melhor nadador do mundo desenvolveu técnicas bem interessantes. Uma delas remonta ao tempo em que o atleta ainda era adolescente. No final de cada treino, Bowman incentivava Phelps a ir para casa e “assistir à fita de vídeo”. “Assista antes de dormir e quando acordar”, dizia. A fita de vídeo em questão não existia de verdade. Era apenas uma visualização mental da prova de natação perfeita. Toda noite, antes de dormir, e toda manhã, logo ao acordar, Phelps se imaginava pulando dos blocos e, em câmera lenta, nadando de forma impecável. Visualizava suas braçadas, as paredes da piscina, suas viradas e o momento da chegada. Deitava na cama de olhos fechados e assistia à competição inteira, nos mínimos detalhes, inúmeras vezes, até decorar cada segundo. No dia seguinte, durante o treino, Bowman dava a ordem para que Phelps nadasse em velocidade de competição gritando: “Coloque a fita!”. Phelps, então, se punha a nadar com toda a força que tinha. A sensação enquanto cruzava a água era quase de anticlímax.
“Seja detalhista, vendo a si mesmo fazendo a prova… Você deve pensar em tudo, ensaiando como obter o melhor desempenho em toda e qualquer situação.”
Note que o pequeno hábito de visualizar a vitória diariamente conduziu Phelps a uma sucessão de mudanças internas importantíssimas. Aquele era um hábito angular que fez toda diferença para ele. Você que é concurseiro, tente se inspirar nessa história. Todas as noites, antes de dormir, e todas as manhãs, logo ao despertar, imagine a si mesmo no grande dia. Visualize qual prova resolve primeiro e observe quanto tempo leva até concluí-la; escreva a redação, também atento ao tempo que destinou à tarefa; veja quantos minutos levou para marcar o gabarito. Seja detalhista, vendo a si mesmo fazendo a prova em ambiente ora mal iluminado, ora bem claro; ora barulhento, ora silencioso; ora confortável, ora desconfortável. Faça isso para não ser surpreendido quando do enfrentamento das condições do local de aplicação da prova. Você deve pensar em tudo, ensaiando como obter o melhor desempenho em toda e qualquer situação.
Dessa forma, quando chegar a hora da prova, nada será novidade para você, assim como não era para Michael Phelps. O nadador já conhecia de cor todos os trechos, de modo que, no momento da competição para valer, as voltas de aquecimento eram exatamente como ele as visualizara. Até seus fones de ouvido tocavam exatamente o que ele esperava ouvir. A prova real não era nada além da última etapa de uma narrativa que começara mais cedo naquele dia e invariavelmente terminava em vitória.
Funcionou para Phelps e funcionará para você, concurseiro.
Quer criar um hábito, de preferência do tipo angular? Estes passos podem ajudar:
1º) Identifique a rotina que você quer criar, aprimorar ou mudar.
2º) Experimente recompensas diferentes até descobrir aquelas que realmente servem como poderosos estímulos à automotivação e à criação do hábito;
3º) Separe a DEIXA. Uma regra de ouro contida no livro “O poder do hábito” é: se você mantiver a mesma deixa e a mesma recompensa, conseguirá substituir com mais facilidade a ROTINA. O problema é que o cérebro não sabe a diferença entre hábitos ruins e bons; por isso, se você tem um hábito ruim, ele se manterá sempre ali, à espreita, aguardando apenas as deixas e recompensas certas.
4º) Acompanhe seu progresso (se o hábito a ser desenvolvido é o de estudar diariamente, resolva no mínimo cinquenta questões de provas anteriores por dia);
5º) Procure repetir a rotina sempre no mesmo horário (no caso dos estudos, esse horário, idealmente, é o da prova);
6º) Repita a rotina diariamente, ao longo de 21 dias, ou 3 semanas, se o hábito a ser desenvolvido for dos mais simples, como consumir meio litro de água pela manhã; se a intenção é substituir um hábito por outro, a nova rotina deve ser repetida por 66 dias – tempo necessário para automatizar a atividade substituta –; se o que você quer é desenvolver um hábito complexo, repita a atividade por 84 dias consecutivos. (Honestamente, tanto faz se forem 21, 66 ou 84 dias. Isso são é nada no ciclo da vida. O que importa é que somos mesmo capazes de aprender, treinar e modificar o que quisermos, e isso nos torna livres e poderosos.)
7º) Comece HOJE.
“Para o concurseiro, um hábito angular tem de ser algo concreto que estimule mudanças benéficas em seu condicionamento, autocontrole, memória, raciocínio; enfim, em seu equilíbrio psíquico, físico e emocional.”
Para o concurseiro, um hábito angular tem de ser algo concreto que estimule mudanças benéficas em seu condicionamento, autocontrole, memória, raciocínio; enfim, em seu equilíbrio psíquico, físico e emocional. Bons exemplos de hábito angular para quem estuda para concurso são: alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, sono adequado, desapego de novelas e séries de tevê, temperança no consumo de bebida alcoólica e controle do tabagismo e do acesso às redes sociais – as quais devem ser exploradas apenas para a coleta de materiais de interesse sobre concurso público e de informações sobre o certame que se vai prestar.
Lembre-se: alguns hábitos podem ser mais difíceis de mudar, e às vezes a mudança leva mais tempo do que pensávamos. Pode até ser que ela ocorra apenas depois uma sucessão de experimentos e fracassos. Apesar disso, assim que você entender como um hábito se forma e funciona; assim que for capaz de identificar a deixa, a rotina e a recompensa, ganhará total poder sobre ele.
“…podemos incorporar ou nos livrar de qualquer hábito em trinta dias, desde que dominemos a técnica correta.”
O coach Hal Elrod, autor do best-seller “O milagre da manhã”, afirma categoricamente que podemos incorporar ou nos livrar de qualquer hábito em trinta dias, desde que dominemos a técnica correta. Segundo ele, devemos começar dividindo o espaço de tempo de trinta dias em três fases de dez. Na primeira, podemos experimentar uma sensação que beira o insuportável. O corpo resiste, e, como resultado, 95% de quem tenta fracassa. Depois de superado esse período inicial, entramos na segunda etapa, que é desconfortável e exige disciplina e comprometimento. Tome como exemplo a tentativa de acordar todos os dias às 5 horas da manhã para estudar até as 7. Acredite: apenas nos últimos dez dias do prazo de trinta que você se impôs, será realmente possível desfrutar do hábito. E sentir prazer com o novo hábito, afinal, é o que fará você mantê-lo no futuro. Essa última fase, dizem os 5% das pessoas que chegam até ela, produz a sensação de ser irrefreável.
Então, amigo leitor, sigamos aprendendo a identificar as deixas e recompensas até mudarmos as nossas rotinas, criando hábitos saudáveis como o de estudar para passar em concurso e caminhando em direção à inevitável posse no cargo dos sonhos!
Em tempo, lanço aqui um desafio. Comente abaixo “Vou mudar os meus hábitos e a minha vida!” e faça o compromisso público de começar hoje mesmo a executar o plano que delimitamos linhas acima.
“Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.” – Aristóteles
Gabriel Granjeiro
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Mais artigos para ajudar em sua preparação:
- Não seremos abalados!
- Um SIM pode mudar TUDO!
- Liberte-se do seu cativeiro!
- Viva o IMPROVÁVEL!
- Quais sementes você está plantando?
- A cultura do mais ou menos
- PARE de viver no FUTURO!
- Mate o seu PASSADO para salvar o seu FUTURO!
- Seja f*da!
- Cuidado: antifrágil!
- Nunca é tarde para (re)começar
- Mentalidade de Abundância vs. de Escassez
- Seja IMPARÁVEL!
- Acorde o gigante que há dentro de você!
Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
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