Tudo está fora de ordem?

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Ultimamente tudo parece dar errado para você? As finanças andam uma bagunça? O namoro – ou o casamento – está em crise? Brigou com os pais? O trabalho vai de mal a pior? Tem dormido mal? A balança se tornou sua pior inimiga? Se respondeu afirmativamente a pelo menos uma dessas perguntas, vou lhe fazer mais uma, a derradeira: será que o problema não é com VOCÊ?

Meu ponto, leitor amigo, é que boa parte dos nossos problemas surgem quando NÓS estamos fora de ordem. E o que isso quer dizer? Quer dizer desorganização, tumulto. Quer dizer deixar de fazer o que precisa ser feito e, pior, do jeito e no tempo certo. O processo determina o destino, portanto, sem observar o passo a passo, como esperar um resultado ordenado no fim?

Imagino que você, como concurseiro, tenha suas prioridades bem definidas, certo? Agora, sendo bem sincero consigo mesmo, reflita sobre a importância que de fato tem dado a cada uma delas. Se a de estudar vai sendo relegada a segundo, terceiro plano, recebendo de você menor dedicação diária que outras atividades, como espera obter uma boa classificação no próximo concurso? Não se iluda! Se você deixar por último o que deveria estar nas primeiras posições da sua lista, a vida cobrará lá na frente. Uma sugestão de amigo: avalie, de verdade, se a ordem de prioridade efetiva está de acordo com a imaginada. Caso contrário, você tem um problema.

Sabe por que há tantos conflitos absolutamente desnecessários entre cônjuges, amigos, cidadãos e até nações? Porque as coisas estão fora de ordem. Há desrespeito ao processo. Tem gente que quer falar antes de escutar e gente que se recusa a ter empatia antes de chegar a alguma conclusão sobre o outro. Sim, talvez seu entendimento não mude ao fazer isso, mas você só terá certeza se seguir a ordem, se seguir o processo. Não há como adivinhar, como supor, como ter certeza sem respeitar a ordem. Chega de falar fora da ordem, de agir fora da ordem, de ser fora de ordem!

A ordem é determinante de tudo na vida. Primeiro nascemos, depois somos cuidados por nossos pais até nos tornarmos minimamente independentes. Entramos na escola, onde aprendemos a ler e escrever. Do ensino fundamental, passamos para o médio, seguido do superior, da pós-graduação… Ingressamos no mercado de trabalho, saímos da casa dos pais, nos casamos, temos filhos… Pode chegar a hora de alguns de nós termos de cuidar de quem fez isso por nós, em uma espécie de inversão da ordem. É tudo um processo sequencial, é tudo uma questão de ordem!

Nada sem ordem funciona perfeitamente. O mundo dos números ilustra isso. Você só terá a “chave” de um cofre se souber a sequência correta dos algarismos. O mesmo ocorre com o número de um telefone, cujos dígitos de nada servem embaralhados. Sequência é tudo. Portanto, ordene a sua vida. Respeite a sucessão do que precisa ser feito, das etapas, dos ciclos, das temporadas. Se você tentar subir uma escada pulando degraus, há uma grande chance de cair e se machucar. Vale o risco?

Há um dado sobre a ordem que não é lá muito fácil de aceitar: nem sempre ela será agradável, com etapas plenamente compreensíveis. Pelo contrário. Em regra, todos nos sentiremos desconfortáveis antes de chegarmos ao conforto, experimentaremos a frustração antes da realização, testemunharemos a guerra antes da paz. A ordem nem sempre vai ser uma sequência óbvia, linear, numérica, do tipo “1, 2, 3, 4”, um caminhar reto ao destino, com clara evolução no percurso. Ao contrário, a ordem da vida parece desordenada. Você avança, depois recua, em seguida ruma para o lado, anda um pouco para a frente, volta um pouco mais. Uma bagunça, certo? Errado! Desde que você esteja respeitando o processo, fazendo o que precisa ser feito e conforme as prioridades que você delimitou, um pouco de desordem na ordem faz parte.

Quando eu era criança, fiz aulas de piano. Lembro-me de uma música chamada William Tell Overture, um clássico que eu queria muito aprender a tocar. Insisti com minha professora, que acabou cedendo (sempre fui relativamente persuasivo), apesar de achar que eu não tinha conhecimento teórico nem prático para encarar o desafio. Então, aprendi a tocar aquela música, memorizando-a. Não havia uma compreensão da melodia, dos acordes, da beleza da sequência, tampouco da narrativa musical construída pelo compositor. Houve mera memorização, das mais rasas. Consegui tocar? Sim, mas não aprendi a música. Desrespeitei o processo de estudar, aprender, entender e só então executar. Como resultado, não me lembro de nada da música e hoje também não consigo mais tocar piano. Não segui a ordem e fui punido por isso.

Tenho outra experiência a relatar, agora de viés mais positivo. A época em que comecei o Gran Cursos Online coincide com o período em que enfrentei algumas das piores experiências da minha vida. Se, por um lado, eu estava feliz, pondo em prática o meu maior projeto profissional, por outro vivia cenários até então impensáveis, que puseram à prova meu emocional, de um jeito que eu não sabia que estava pronto para suportar. Foram desafios de ordem financeira e preocupações familiares que um privilegiado jovem recém-saído da adolescência nunca havia encarado. Passados alguns anos, reconheço a importância de ter vivenciado tudo aquilo, sobretudo ao lidar com situações inéditas e dificuldades diárias no Gran, que agora conta com mais de 1 mil colaboradores e professores e 170 mil alunos, em uma estrutura que impressiona. Sem os antigos perrengues, eu não teria desenvolvido a sabedoria necessária para tomar decisões que hoje impactam tantas pessoas. É difícil desvendar a mensagem de uma temporada em andamento, mas, acredite, depois tudo fará sentido.

Às vezes, a ordem da vida nos obriga a comer poeira para depois participar do banquete. A história da humanidade foi pautada por reis que assumiram o posto muito jovens, antes de estarem preparados, e falharam completamente, ao passo que outros, adequadamente orientados e testados pela família e pela vida, chegaram lá só depois de terem seguido uma sequência que impôs dor, dificuldade e frustração, e também aprendizado, tornando-se governantes prósperos. A Bíblia conta, por exemplo, a trajetória de Davi, que, embora ungido rei, não reinou de imediato. Seguiu servindo como pastor na casa do pai, depois como músico do rei Saul. Foi só depois de derrotar Golias que se tornou comandante do exército israelita. Considerado exemplo de humildade, será que Davi teria alcançado os mesmos feitos se houvesse se tornado rei de fato logo após a unção? Não posso afirmar com convicção, mas acredito que não. O tempo é o que faz o fruto amadurecer no momento certo.

O único caminho para a grandeza é atravessando a frustração, e o espinho que hoje incomoda pode ser o diferencial em sua vida, aquilo que vai lhe infligir cicatrizes, eterna lembrança do que o conduziu ao trono das conquistas. Não se esqueça: a única forma de vencer qualquer revés é colocando sua vida em ordem, seguindo a sequência que ela impuser.

A partir de hoje, nada de agir fora de ordem, combinado?

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

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