Atravessando o inverno

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Imagine um rigoroso inverno, daqueles que nós, brasileiros, só vemos pela televisão. O cenário é desolador. O frio dói nos ossos. Nas árvores de galhos congelados, não há folhas, nem flores, muito menos frutos. As calçadas estão cobertas de neve, e as pessoas ficam cansadas só de espiar os caminhos bloqueados e pensar em vestir camadas e camadas de roupas para se proteger das baixas temperaturas. As ruas e vias estão todas escorregadias, perigosas para os motoristas desavisados. O céu ganhou um perene tom de cinza. E escurece pouco depois do meio da tarde, fazendo a vida ir dormir mais cedo.

Imaginou?

Sabe por que pedi para você fazer esse exercício de imaginação? Porque também a vida passa por “invernos” rigorosos, que parecem se estender além do razoável. É o caso do atual, marcado pela pandemia e incerteza, a atingir inclusive concursos públicos, com adiamentos ou suspensões. A questão é: como agir quando o tempo está ruim assim lá fora e o mundo parece um lugar tão inóspito? Como atravessar um inverno tão gélido? Para tentar responder a essas perguntas, busquei inspiração na conversa que tive com o último entrevistado para o canal Imparável, o Juiz Haroldo Dias. Dando a ele todo o crédito pelas dicas apresentadas a seguir, espero ajudar você em mais este desafio.

Primeiro, é fundamental entender que o inverno não é o momento mais propício para a natureza se mostrar em toda sua abundância. As plantas sabem que, nos meses mais frios do ano, não adianta procurarem o sol, pois ele não aquecerá as raízes nem iluminará as folhas o suficiente para um novo florescer. O mais acertado é se adequarem ao vento frio e à menor incidência de luz, recolhendo-se e economizando energia para o primeiro cantar das cigarras. Para o lavrador, é hora de trabalhar a terra, enriquecer o substrato, aparar raízes, podar galhos e aguardar que a planta renasça na primavera. Para o concurseiro, é tempo de ajustar as expectativas ao novo contexto e mirar alguns meses adiante, preparando-se para a retomada. É desacelerar os anseios, não os estudos, raiz que dará sustentação ao futuro sucesso.

Em breve, virá a primavera da vida, assim como veio a estação do ano. É questão de tempo. Tudo voltará a ter cor, o mundo tornará a pulsar, as pessoas e nações retomarão a marcha interrompida. As plantas brotarão, em um renascimento que parecerá vir das cinzas, tudo graças ao trabalho invisível que foi feito no período mais sombrio. Nesse reinício, só se beneficiará pra valer do canto dos pássaros e do calor do sol quem tiver mantido a fé, quem tiver acreditado que o ressurgimento era uma questão de tempo. Com o concurseiro não será diferente, ou você acha que quem desistiu, ainda que “temporariamente”, terá alguma chance quando os órgãos e entidades públicas agirem com pressa para repor os cargos vagos? Não mesmo. Quando essa hora chegar, cada um colherá o que plantou. É a natureza ensinando suas lições. A nós cabe interpretar esses sinais a tempo de não sermos pegos desprevenidos. Não é porque estamos no inverno que temos o direito de nos recusarmos a fazer qualquer coisa além de lamentar e reclamar. Não é hora de fatalismo. Esta é a nossa chance de trabalhar intensa e silenciosamente, com calma, paciência e esperança.

Reflita comigo: de que adianta, no contexto atual, sentar-se e ficar numa espera inútil, desistindo de fazer algo de produtivo com o tempo? Qual pode ser a retribuição do universo a alguém que nem sequer tenta arar a terra durante o inverno, na expectativa de deixá-la pronta para gerar frutos na primavera? Como nos ensina o Dr. Haroldo: “Não adianta a primavera se você não criou raízes. Porque aí você não floresce e não frutifica”.

Talvez o maior exemplo do poder que o trabalho invisível tem na natureza seja o do bambu chinês. Por cinco anos após o plantio, nada acontece na superfície. Abaixo dela, porém, as raízes vão se espalhando e aprofundando dia após dia. Ao cabo do quinto ano, eis que surge um arbusto, que cresce vertiginosamente, até atingir 25 metros de altura. E pense num bambu forte. É muito, muito difícil o vento derrubá-lo. Por quê? Porque, no longo “inverno” que pareceu enfrentar, a planta foi criando uma base robusta, capaz de sustentá-la mesmo sob as condições mais adversas. A “primavera”, para essa espécie de bambu, demora, mas vem com tudo.

Penso, meu amigo, minha amiga, que, no inverno, temos de baixar a cabeça e continuar caminhando, embora mais devagar. Anda-se lentamente no chão coberto de neve, tomando cuidado para não escorregar, mas ainda é possível seguir em frente. Ainda é possível fazer algo. Ninguém perde o poder de agir só por estar no inverno! É prudente, sim, poupar energia, tal como os animais no meio silvestre, mas sem desprezar a capacidade humana de intervir minimamente em seu habitat. Portanto, não perca seu tempo dando importância a coisas pequenas, consumindo excesso de informações que só geram ansiedade, ouvindo a tudo e todos, inclusive aqueles que propagam o caos. Sua energia é preciosa demais para ser desperdiçada, mas infelizmente vejo muitos por aí caindo nessa armadilha, perdendo-se em meio a conflitos, discussões e conversas infrutíferas. Não cometa esse grave erro!

Seja a pessoa que enfrenta o inverno com coragem, disposição e esperança. Seja a pessoa que tirou as botas e os casacos do armário, instalou correntes nas rodas do carro e saiu, encarando o vento, a chuva, a neve, o gelo. Seja a pessoa que faz isso nem que para apenas manter algum ritmo e algum controle sobre a própria vida.

Vamos juntos, no inverno cinza ou na primavera colorida, conscientes de que as situações são efêmeras, o que se deve à transitoriedade de tudo, bom ou mau. Sigamos sempre de forma operosa, aproveitando o melhor da vida, sem medo das perdas e dos inevitáveis erros ao longo do percurso, e lembrando que precisamos criar raízes justamente nos momentos mais difíceis para nos mantermos erguidos nos que se sucederão.

Estou enxergando uma bela primavera adiante. E você?

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

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