“Devemos navegar algumas vezes a favor do vento e outras contra ele – mas temos de navegar sempre, e não nos deixar levar pelo vento, nem jogar a âncora.” – Oliver W. Holmes (1809-1894), autor norte-americano
Âncora é uma ferramenta náutica bem pesada que fica presa a uma corda ou corrente e é usada para imobilizar um objeto flutuante que não se quer deixar à deriva. Esse é o sentido literal. No figurado, pode denotar proteção, abrigo, apoio, auxílio. Já ouviu de um amigo ou familiar que você foi “a âncora” dele num dado momento difícil? O termo designa, ainda, o apresentador principal de um jornal, o profissional que responde pelo programa, coordenando os trabalhos, meio que levantando a bola para os outros da equipe finalizarem o lance. O âncora, nesse caso, é a pessoa que dá identidade ao noticiário, é aquele jornalista cuja imagem remete de imediato a um programa específico.
Ora, se os significados da palavra são todos positivos, por que, então, no título deste artigo, encorajo você a se livrar das suas âncoras? Porque, amigo leitor, às vezes elas mais atrapalham que ajudam. Eventualmente, a âncora lançada ao mar com um propósito bem definido fica presa, sem que se consiga erguê-la mesmo quando é da vontade do comandante. Nesse caso, no mínimo atrasará a viagem. Por analogia, há situações em que alguém que parecia uma âncora no bom sentido, que nos impedia de ficar à deriva em meio a um oceano de problemas, pode, num instante, se converter em problema, enlaçando nossos pés de tal forma que não nos deixa avançar, progredir, crescer. E não se engane: há quem tenha tanta força e experiência em agir assim que facilmente puxa para baixo, para o fundo do poço, qualquer um. Cabe a nós nos resguardarmos, tentando reconhecer o quanto antes alguém com esse perfil a fim de nos afastarmos. Cabe a mim e a você içar as velas e seguir o rumo do destino, buscando o horizonte planejado, enfrentando positivamente os desafios que surgirem na rota traçada e lidando bem com as inevitáveis perdas, decepções e mágoas da vida.
“…nem sempre a âncora do tipo nocivo, que nos imobiliza e freia nossas ações, está personificada em terceiros. Ela pode estar dentro de nós mesmos, materializada no medo que alguns têm de viver, no descontrole, na raiva, na falta de propósito, na omissão em vigiar os passos dos adversários…”
Para piorar um pouco, nem sempre a âncora do tipo nocivo, que nos imobiliza e freia nossas ações, está personificada em terceiros. Ela pode estar dentro de nós mesmos, materializada no medo que alguns têm de viver, no descontrole, na raiva, na falta de propósito, na omissão em vigiar os passos dos adversários… No mais das vezes, a embarcação é robusta, o comandante está presente e atuante, as velas foram içadas corretamente, o motor está funcionando a contento e o leme parece perfeito, mas há uma âncora que foi lançada no momento equivocado – talvez até inadvertidamente –, que põe tudo a perder: “no meio do caminho, tinha uma âncora”.
Quando não é isso, acontece de estarmos no barco correto, com as melhores armas e um propósito bem pensado, buscando uma vida com significado e convictos de nossas decisões, e eis que vemos nosso percurso interrompido por uma âncora inconveniente, amarrados a um parasita que atrai tudo de negativo. Deixamos de avançar porque não demos atenção ao detalhe, ao bode no meio da sala. Carregamos nas costas a pessoa errada, em direção a um futuro que é certo para nós, mas não para ela. Cuidado! Livre-se desse tipo de âncora, para não ser vencido por ela. Não se trata de ser egoísta, de buscar realização pessoal sem se importar com quem quer que seja. Trata-se, sim, de escolher como companheiros de viagem indivíduos que têm projetos semelhantes aos seus, ou ao menos vontade de fazer, de agir, de conquistar, de vencer.
Muita gente simplesmente é desprovida de qualquer tipo de ambição. Não quer mudar nem tem a pretensão de melhorar, seja como pessoa, seja como profissional, seja como marido ou mulher, pai ou mãe, filho ou filha. Se você conhece alguém assim, não se deixe influenciar, muito menos desmotivar. Lembre-se do ensinamento do juiz Haroldo Dias: “A única coisa que não podemos fazer por outra pessoa é que ela queira algo”.
“Os mais atentos logo percebem que a fonte de tudo o que é bom ou mau está dentro de cada um, especialmente nos pensamentos.”
Sei de algumas pessoas que diriam na minha cara, se pudessem, que não querem que eu vença. Muito me entristece o fato de gente próxima a mim me ver pelas costas e não me desejar nada de bom. É uma pena, caro leitor, mas isso vale tanto para mim como para você. Para lidar bem com isso, precisamos de sabedoria, que, por sua vez, depende de vigilância. Os mais atentos logo percebem que a fonte de tudo o que é bom ou mau está dentro de cada um, especialmente nos pensamentos. E sabem que o certo é se livrar desse tipo de âncora, peso-morto. Afinal, quando damos ouvidos aos queixumes dos âncoras, diminuem sensivelmente nossas possibilidades de sucesso e satisfação.
Os sujeitos-âncoras passam o tempo ruminando o passado. Desperdiçam tempo precioso lamentando o que aconteceu e desejando que as circunstâncias fossem diferentes. Alguns deles preferem lançar seu veneno a terceiros, direcionando toda sua energia ruim sobre os projetos dos outros. Os moralmente preparados, por sua vez, em vez de se ressentirem de sua verdadeira situação, sentem-se gratos pelas mínimas coisas e entregam-se inteiramente aos deveres para com a família, os amigos, os vizinhos, o trabalho.
“Na viagem da vida, é preciso ir além. Não basta puxar nossas âncoras para dentro do barco; temos é de nos livrar delas de uma vez, soltando-as em definitivo no fundo do oceano”
Para um navio não ficar à deriva, joga-se esse importante instrumento de segurança, que é a âncora, ao mar. Quando chega a hora de navegar, ela deve ser erguida e trazida para dentro da nau. Na viagem da vida, é preciso ir além. Não basta puxar nossas âncoras para dentro do barco; temos é de nos livrar delas de uma vez, soltando-as em definitivo no fundo do oceano. Essa é a melhor forma de seguir nosso propósito com leveza.
“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar aonde quer.” – Confúcio
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
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