O amor é força poderosíssima, capaz de nos levar muito além do que imaginamos. Tema recorrente na poesia, na música, na arte em geral, é sentimento nobre que faz tudo valer a pena. Compensa recorrer a ele como fonte de motivação, principalmente naquelas situações aparentemente intransponíveis. E, veja, não há alicerce melhor para a disciplina. Se o percurso a ser enfrentado for dos longos e difíceis, encontrar amparo nesse inesgotável manancial de energia pode impulsionar de vez rumo ao sucesso.
Você é daqueles que não conseguem fazer algo em nome de si próprio? Então faça por amor. Amor a sua família, a seu companheiro ou companheira, a seus filhos, mesmo os que ainda não nasceram. Pense nos que virão e, sobretudo, no pai ou mãe que você quer ser para eles. Imagine a vida que gostaria de lhes dar. Seja intransigente consigo mesmo no propósito de agir em prol dos seus.
Como ontem comemoramos o Dia dos Pais, achei oportuno trazer algumas histórias de paizões – mas poderiam perfeitamente ser protagonizadas por mães, parceiros, amigos, avós – que usaram o poder do amor na superação de obstáculos. O filme “À procura da felicidade” narra a de Chris Gardner. Ele e o filho Christopher tiveram momentos espinhosos. Em sérias dificuldades financeiras, o homem chegou a doar sangue em troca de dinheiro. Certa vez, foi atropelado ao perseguir um ladrão que lhe roubara um aparelho que pretendia vender a fim de garantir uma refeição para si e o menino. Os dois dormiram no chão frio do banheiro de uma estação de metrô, em abrigos para moradoras de rua e em bancos de praças, entre outros espaços públicos. Gardner passou por humilhações diversas enquanto disputava uma vaga de corretor de bolsa de valores, afinal largara muito atrás dos concorrentes e era, evidentemente, um outsider. Sucederam-se inúmeros infortúnios, mas o amor de pai e filho os fez vencer cada um deles. Chris não apenas saiu da condição de sem-teto como se tornou um investidor multimilionário. Sua biografia serve para mostrar como um homem comum, tendo propósito e nutrindo amor, é plenamente capaz de render o melhor de si e fazer as vezes de um herói de carne e osso. A força motriz de Gardner veio do amor que sentia pelo filho.
Há outro exemplo de amor paterno catalisador de feitos extraordinários. Dick e Rick Hoyt, igualmente pai e filho, correram juntos centenas de provas de rua, incluindo maratonas. Embora esse seja um fato digno de nota por si só, há algo que o torna ainda mais surpreendente: Rick nasceu tetraplégico e com paralisia cerebral. A despeito disso, foi o garoto que, por meio do computador, pediu para o pai participar de uma corrida beneficente. Percebendo a alegria que o menino demonstrava nas competições, Dick se inscreveu em várias delas, atravessando os Estados Unidos de uma ponta a outra, correndo, pedalando, nadando, sempre ao lado do filho, sorridente e feliz, na cadeira de rodas, na bicicleta ou no bote de borracha empurrado. De novo, vemos o amor viabilizando o impossível.
Na mesma linha, nosso professor de Contabilidade, Egbert Duarte, me fez uma confissão em entrevista para o canal Imparável. Segundo ele, quando se tornou pai, percebeu que teria de aumentar sua renda se pretendesse mesmo proporcionar uma educação melhor ao filho. Foi isso que o levou a retornar aos estudos, dedicando quatro horas líquidas por dia durante a semana, e, aos sábados e domingos, enfrentando uma dura rotina das 8 horas ao meio-dia e das 14 às 18, por vários anos, até ser aprovado no concurso dos sonhos, para auditor do Tribunal de Contas da União. A trajetória de Egbert sinaliza que aqueles com um propósito nobre tendem a adotar medidas para administrar com eficiência o tempo e focar o que realmente importa. Quando nosso objetivo é ajudar quem amamos, a força necessária para persistir nos piores dias vai surgindo e se firmando. “É mais difícil ser esforçado no conforto”, ensina Egbert.
Conheço outro pai que certamente concorda com isso: o meu. Por muitos anos, ele trabalhou de segunda-feira a segunda-feira. Só não dava aula nas tardes de sábado. Lembro-me bem disso porque meu irmão e eu aguardávamos ansiosos por esse dia. Quando ouvíamos meu pai chegar, íamos correndo recebê-lo com um abraço, sabendo que teríamos algumas intensas horas juntos. Na época, não entendíamos por que ele trabalhava tanto. Hoje, compreendo que o sacrifício dele foi o que pavimentou uma estrada melhor para mim e meu irmão. Entendo que foi tudo por amor. Ele mesmo já me confidenciou ter sido esse sentimento que o fez tirar energia sabe-se lá de onde. Já ouviu alguém dizer que nem sabe como conseguiu fazer algo? Em quase todos os casos, a explicação está no amor.
Inspirado nesses exemplos, faço uma provocação: sempre que as coisas estiverem difíceis, sempre que você estiver pensando em desistir, sempre que o cansaço tentar seduzi-lo para o caminho mais curto e menos compensador, apegue-se ao amor. Lembre-se de quem precisa de você, de quem confia em você, de quem um dia dependerá de você. Tenha em mente que, por menor que você seja, o amor é grande e tem potencial para guiá-lo em feitos extraordinários. Você está em seu caminho por si próprio, mas também pelos seus. Então, faça esse amor que está aí dentro converter-se de sentimento em ação.
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