Em 1997, certa empresa lançou um comercial que marcou a história da marca, posicionando-a no mercado como sinônimo de inovação. No vídeo, que você pode conferir ao fim deste artigo, o locutor diz:
“Esta mensagem vai para os loucos, desajustados, rebeldes, encrenqueiros, para os peixes fora d’água, para os que são peças redondas nos buracos quadrados; enfim, para aqueles que enxergam as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. Eles não têm o menor respeito pelo status quo. Você pode citá-los, contrariá-los, discordar deles, glorificá-los ou difamá-los. A única coisa que você não pode fazer é ignorá-los, porque eles mudam as coisas. Eles inventam. Eles inspiram. Eles criam. Eles curam. Eles imaginam. Eles fazem a raça humana andar para a frente. E, enquanto alguns os veem como loucos, nós vemos gênios. Porque as pessoas que são loucas o suficiente para acharem que podem mudar o mundo são as que, de fato, mudam. Pense diferente.”[1]
Durante a locução, surgem imagens de pessoas que fizeram a diferença, cada uma em sua área: Martin Luther King Jr., John Lennon, Albert Einstein, Eleonor Roosevelt, Pablo Picasso, Ted Turner, Mahatma Gandhi, Maria Callas, Thomas Edison, Martha Graham, Alfred Hitchcock.
No comercial original, que durava um minuto, não havia menção nenhuma ao produto oferecido, o que, para muitos dos envolvidos na fase de produção, soou estranho e fez a campanha ser encarada com ceticismo. No entanto, o genial presidente da empresa decidiu lançá-lo mesmo assim. Hoje, vinte e quatro anos depois, a peça publicitária é vista como um caso de extraordinário sucesso, tanto que integra livros e é citada em praticamente todo curso de marketing.
A empresa por trás disso é nada menos que a Apple, hoje a companhia mais valiosa do mundo.
E por que estou falando disso? Porque o slogan “pense diferente” do anúncio carrega uma mensagem poderosíssima, de enorme utilidade para qualquer um que pretenda se superar, como é o seu caso, concurseiro. Você pode até pensar: “Certo, mas essas pessoas do vídeo mudaram mesmo o mundo. Eu estou apenas tentando mudar minha própria vida…” Mas é aí que está o xis da questão, amigo leitor. Você está tentando mudar o SEU mundo, o da SUA família, mas essa mudança pode, sim, impactar a vida de outras pessoas, ajudando a mudar o NOSSO mundo.
Não subestime o tamanho do seu projeto. Cuidar dos seus sonhos e dos sonhos da sua família é ato de grande nobreza. É o que ensina o apóstolo Paulo, na primeira carta enviada a Timóteo: “Porém aquele que não cuida dos seus parentes, especialmente dos da sua própria família, negou a fé e é pior do que os que não creem.”[2]
Nós bem sabemos que há quem julgue os que optam por estudar para concurso como loucos ou, no mínimo, preguiçosos. Que concurseiro nunca ouviu algo do tipo: “Ele só estuda”? Talvez por isso milhares de candidatos a uma vaga no serviço público, praticamente sem apoio, se sintam desajustados, uns teimosos que não ouvem os “sábios” conselhos de ninguém. Peixes fora d’água… Contudo, tal como está na premissa do comercial da Apple, foram os “loucos” que mudaram o mundo, são os “rebeldes” que fazem deste um lugar melhor. Caberia estender o mote para alcançar os “desajustados” que tentam – e conseguem – mudar a vida da família e da comunidade, impactar seu país ao abraçarem a missão de servidores do público. Na poesia de Charlie Brown Jr., “o impossível é só questão de opinião. E disso os loucos sabem. Só os loucos sabem”.
Não sejamos ingênuos. Pensar diferente é muito, muito difícil, porque vai de encontro a algo que está na natureza humana: o senso de pertencimento. Segundo a psicologia, todo indivíduo almeja ser aceito pelo grupo, até porque é a coletividade que lhe garante segurança e proteção quando ele tenta algo novo e arriscado. Além disso, todos buscamos reconhecimento e recompensa social por nossos atos. O homem é, mesmo, um ser social. Assim, quando contrariamos aqueles que estão próximos de nós, sofremos um desgaste muito maior, no curto prazo, do que simplesmente o de ser complacente. É algo que contraria nossa natureza. Não é “natural” concluirmos que nossos pais estão errados, que um amigo não sabe o que diz, que todo o pensamento da nossa comunidade é limitado e que, portanto, precisamos olhar para fora.
Pensar diferente exige energia e resiliência, pois as críticas serão inevitáveis. E qual é a melhor forma de lidar com elas? Se formos pela razão, é ter em mente que a dor imediata será superada pela vitória que se desenha no médio ou longo prazo. Também vale ser pragmático e procurar apoio em grupos que tenham o mesmo propósito que você. Quer começar a correr? Una-se a outras pessoas que estejam tentando fazer o mesmo. Aqui, no Gran, você integra uma grande comunidade de gente interessada no mesmo objetivo: o de se tornar servidor público. Hoje, já somos mais de 256 mil alunos ativos. O número equivale à população de mais de 98% dos municípios brasileiros. Esta é a cidade Gran, podemos dizer.
Um alerta: pensar diferente apenas por pensar diferente é tolice. Ser do contra em tudo não leva a lugar nenhum. É preciso sê-lo em relação ao que de fato merece contestação. Ciente disso, tenha coragem de contrariar, se preciso, suas próprias inclinações pessoais, seus próprios impulsos que se mostrarem equivocados. Lembre-se: toda pessoa visionária, embora de início pareça meio louca, é movida pela racionalidade, pela certeza de estar avançando até o tempo provar que ela estava certa (e os tapinhas nas costas aparecerem).
O anúncio da Apple termina com a imagem de um jovem abrindo os olhos, que estavam cerrados como se ele estivesse fazendo um pedido, uma súplica. Ao fim, ele olha para a câmera. Uso essa imagem para concluir nossa conversa de hoje com um conselho: extraia as lições desta mensagem, faça o seu pedido, abra os olhos e vá atrás dele!
Sigamos juntos, rumo à concretização dos sonhos, pensando (e fazendo) diferente.
[1] Em tradução livre.
[2] Adaptação para a linguagem contemporânea.
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino digital.
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